Demanda por crédito recua em abril
Queda de 15,1% na comparação com o mês anterior confirma nível de confiança ainda contido e desemprego elevado, de acordo com a Serasa
O número de pessoas que buscaram crédito em abril caiu 15,1% na comparação com março deste ano. Em relação a abril do ano passado, a demanda do consumidor por crédito recuou 5,1%.
No acumulado do ano, houve queda de 0,7%, de acordo com o indicador Serasa Experian da demanda do consumidor por crédito.
De acordo com os economistas da Serasa Experian, o nível de confiança ainda contido e o desemprego elevado continuam mantendo o consumidor com baixa disposição para se endividar, deixando-o relativamente afastado do mercado de crédito.
De acordo com os dados, houve queda na procura por crédito em todas as faixas de renda. Para os consumidores que ganham até R$ 500 por mês, o recuo foi de 14,5%. Entre os que recebem de R$ 500 a R$ 1 mil, a queda foi de 15,3%, próxima da ocorrida para quem ganha entre R$ 1 mil e R$ 2 mil (-15,2%).
Na faixa dos consumidores que ganham entre R$ 2 mil e R$ 5 mil mensais, o recuo foi de 14,6% e, para os que ganham entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, de 14,3%. Entre os consumidores de renda mensal acima de R$ 10 mil, a procura por crédito caiu 13,8%.
Quando analisadas as regiões, todas apresentaram queda em abril. As maiores foram de 17,6%, no Norte, e 17,3%, no Sul. No Nordeste, o recuo foi de 15,5% e no Sudeste, de 14,2%. No Centro-Oeste, a queda foi de 13,1%.
BOA VISTA SCPC
A demanda por crédito do consumidor também caiu 2,3% em abril com ajuste sazonal frente a março, de acordo com os dados nacionais da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).
Já na avaliação dos valores acumulados em 12 meses, houve queda de 8,5%. Já na análise interanual (contra o mesmo mês do ano anterior) houve queda de 0,6%.
Considerando os segmentos que compõem o indicador de demanda por crédito do consumidor, a avaliação em 12 meses mostrou que nas instituições financeiras houve queda de 13,4%, enquanto para o segmento não-financeiro a diminuição foi de 5,4%.
Apesar de algumas melhorias econômicas já em curso, os resultados da tendência do indicador ainda demostram uma demanda por crédito fragilizada.
Fatores como altas taxas de juros, rendimentos reais negativos e desemprego elevado ainda se mostram como variáveis condicionantes deste cenário que impõe maior cautela e aversão ao consumo por parte das famílias.
Apesar disso, a perspectiva de redução de juros e de inflação deverá aumentar a confiança dos agentes e, consequentemente, contribuir para a retomada do crescimento da procura por crédito a partir do segundo semestre deste ano.
*Atualização de matéria publicada em 22/05/2017
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