Copom mantém Selic em 10,5% e sugere possível aumento dos juros
A taxa, que era reduzida mensalmente desde agosto de 2023, foi travada neste patamar em junho deste ano. Cenário externo e fragilidade fiscal preocupam
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve, mais uma vez, a taxa Selic em 10,5% ao ano. Os juros básicos da economia estão nesse patamar desde a reunião passada, em junho, quando foi interrompida uma sequência de cortes iniciada cerca de um ano atrás.
De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Em maio, a taxa tinha sido cortada em 0,25 ponto percentual.
Segundo Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi), com a manutenção da Selic pela segunda vez seguida, o recado do Copom é “de maior cautela com riscos do cenário externo e interno e, em particular, com o efeito da fragilidade fiscal em relação à taxa de câmbio, inflação e prêmio de risco nos ativos financeiros.”
Tingas diz ainda que o comunicado do comitê “deixa espaço decisório para, se necessário, mais à frente, aumentar a taxa de juros.”
“A decisão do comitê está em linha com a já esperada postura de política monetária apertada até onde for necessário para convergência da inflação para as metas em horizonte de médio e longo prazo”, diz o economista.
POSIÇÃO ACSP
“Além da aceleração da inflação, num contexto de atividade econômica e mercado de trabalho ainda aquecidos e expectativas inflacionárias desancoradas, o aumento das incertezas, tanto no campo fiscal, além daquelas advindas do cenário internacional, que contribuem para desvalorizar o Real, parecem ter alterado o balanço de riscos da inflação na direção de uma política monetária mais conservadora.”
IMAGEM: Freepik