Copom eleva juros básicos em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano
Incertezas externas, principalmente relacionadas aos Estados Unidos, e internas, envolvendo os gastos do governo, foram as justificativas para a alta

O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Também sinalizou que elevará a taxa em igual percentual na reunião de março.
Essa foi a quarta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde setembro de 2023. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro.
Em comunicado, o Copom afirmou que as incertezas externas, principalmente nos Estados Unidos, suscitam dúvidas sobre a postura do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano). Em relação ao Brasil, o texto informa que a economia está aquecida, com a inflação cheia e os núcleos (medida que exclui preços mais voláteis, como alimentos e energia) acima da meta de inflação, e que as incertezas sobre os gastos públicos provocaram perturbações nos preços dos ativos.
ANÁLISES
Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a decisão do Copom veio totalmente alinhada às expectativas do mercado financeiro. "A aceleração da inflação, que segue acima da meta anual, aliada a expectativas inflacionárias desancoradas, ao aumento da incerteza no campo fiscal e a fatores externos que pressionam o câmbio, justificam uma política monetária mais contracionista", afirma.
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou "injustificado" o aumento de um ponto porcentual da taxa Selic. "É mais um movimento da política monetária que ocorre em consequência da longa cultura de juros reais elevados que persiste no Brasil. Com a decisão, o Banco Central mostra que persiste em uma única ferramenta de política monetária - a elevação dos juros -, no enfrentamento de expectativas de inflação", diz a CNI em nota.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, lembra que pouco antes do anúncio do Copom, o FED (banco central dos EUA) optou por manter os juros estáveis. “Desta forma, nosso diferencial de juros com os Estados Unidos aumentou e isso tende a ser positivo para o câmbio, via ingresso de fluxo de capitais. Contudo, o mercado já havia antecipado esse movimento, de forma que o impacto nos mercados poderá ser reduzido.”
Para Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, “o tom pragmático e duro do comunicado sobre o combate à inflação indica piora das expectativas para 2025 e 2026, especialmente para os preços de serviços.”
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