Congresso derruba veto ao Refis das pequenas empresas
Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de SP, comemorou a decisão. Para ele, as micro e pequenas empresas ganham mais fôlego
A derrubado do veto que impedia as micro e pequenas empresas de terem um Refis próprio foi recebida com entusiasmo por Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Segundo ele, a decisão do Congresso vai permitir que os empresários de menor porte ganhem fôlego para sobreviverem no pós-crise.
“Era urgente essas empresas poderem parcelar seus débitos fiscais em condições e prazos compatíveis. A profunda recessão que o país atravessou justifica a adoção de medidas excepcionais, para evitar que milhares de empresas sejam inviabilizadas, e a criação de um Refis especial é uma delas”, disse Burti,
O presidente da ACSP ressaltou que as micro e pequenas empresas, em sua grande maioria, foram prejudicadas pelas quedas das vendas e pelas dificuldades de acesso ao crédito durante a crise. “Elas ficaram descapitalizadas e endividadas, muitas, inclusive, inadimplentes, correndo o risco de fechamento devido a dívidas fiscais, o que pode comprometer a retomada da economia brasileira e a recuperação do emprego”.
Na última terça-feira (3/04), o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Michel Temer ao projeto que institui o refinanciamento dos débitos de micro e pequenos empresários, o chamado Refis das Micro e Pequenas Empresas.
Os parlamentares mantiveram a legislação aprovada no fim do ano passado por 346 votos favoráveis e um contrário na Câmara, e 53 votos no Senado.
Com a rejeição do ato presidencial, os empresários poderão alongar as dívidas que possuem com a Receita Federal. Apesar de ter vetado integralmente o projeto de lei, o presidente Temer já havia se manifestado, há algumas semanas, favoravelmente à derrubada do próprio veto, posição que foi confirmada em plenário pelo líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE).
O presidente defendeu que a derrubada do veto torna "um tormento do passado em algo agradável". O presidente explicou que, em janeiro, o veto foi decidido porque não havia previsão orçamentária para um novo programa de refinanciamento de dívidas.
Sem dar detalhes, explicou que o governo encontrou uma solução que prestigia as micro e pequenas empresas.
Temer lembrou que a mesma Constituição que pune o presidente da República em caso de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) também exige que o presidente da República trabalhe a favor das micro e pequenas empresas.
E é a esse segundo ponto, disse o presidente, que a derrubada do veto visa. "Micro e pequenas empresas que têm o prestigiamento constitucional geram empregos", defendeu.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que ainda não é possível avaliar o impacto financeiro da derrubada do veto presidencial ao programa de refinanciamento das dívidas tributárias das micro e pequenas empresas.
"Depende exatamente da data em que a medida entra em vigor e, a partir daí, nós divulgaremos os efeitos", disse após cerimônia para anunciar a derrubada ao veto presidencial ao Refis das MPEs.
Diante da insistência de jornalistas sobre o impacto fiscal de mais um programa de parcelamento das dívidas, Meirelles seguiu os passos do presidente Michel Temer e optou pela mesóclise para explicar que ainda não é possível fazer a conta. "É importante mencionar que dependendo do andamento do processo o efeito só dar-se-ia no próximo ano, mas estamos aguardando ainda os detalhes", disse.
O agora emedebista Henrique Meirelles defendeu em discurso que a medida concilia o interesse do governo em aumentar a arrecadação e, ao mesmo tempo, incentivar a atividade das pequenas empresas.
ENTENDA O REFIS
A nova lei cria o Refis das Micro e Pequenas Empresas, programa que concede descontos de juros, multas e encargos com o objetivo de facilitar e parcelar o pagamento dos débitos de micro e pequenos empresários, desde que 5% do valor total sejam pagos em espécie, sem desconto, em até cinco parcelas mensais.
O restante da dívida poderá ser pago em até 15 anos. A adesão inclui débitos vencidos até novembro de 2017. O projeto prevê a possibilidade de adesão dos empresários ao programa até três meses após entrada da lei em vigor.
Ao vetar integralmente a medida, Michel Temer havia argumentado que o programa fere a Lei de Responsabilidade Fiscal ao não prever a origem dos recursos que cobririam os descontos aplicados a multas e juros com o parcelamento das dívidas.
O veto foi criticado por pequenas indústrias e organizações que representam o setor. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Refis deve beneficiar cerca de 600 mil empresas brasileiras que devem cerca de R$ 20 bilhões à União.
IMAGEM: Paulo Pampolin/Hype