Comércio nacional deve abrir 73 mil vagas temporárias para o Natal

Alta de 10% nos postos de trabalho deve acontecer devido festas de fim de ano e recuperação gradual da economia. Principais segmentos beneficiados serão os de vestuário e supermercadista, de acordo com CNC

Estadão Conteúdo
27/Set/2017
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Comércio nacional deve abrir 73 mil vagas temporárias para o Natal

Mais de 73 mil pessoas serão contratadas pelo comércio brasileiro para as festas de fim de ano, com alta de 10% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram geradas 66,7 mil vagas temporárias de emprego.

A estimativa foi divulgada nesta quarta-feira (27), no Rio de Janeiro, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Segundo o chefe da Divisão Econômica da CNC, Fabio Bentes, a previsão se baseia no histórico do ano, “no qual todas as datas comemorativas registraram alta depois de dois anos”. Bentes disse acreditar que tal cenário deve perdurar até dezembro. “É aumento das vendas mesmo”.

O quadro de inflação baixa, juros em queda, retomada gradual do emprego e confiança das famílias contribui para que a CNC projete aumento de 4,3% para as vendas do comércio varejista brasileiro no Natal, equivalente à movimentação financeira de R$ 34,3 bilhões até dezembro.

“Isso faz com que tenhamos no Natal, que é a data mais importante para o varejo, uma alta também depois de dois anos de queda nas vendas”, disse Bentes.

O economista afirmou que o emprego temporário é uma espécie de aposta que o varejista faz no Natal, porque não pode deixar para contratar em cima da hora. Por isso, a própria contratação do trabalhador temporário é uma percepção mais favorável para o Natal deste ano em relação ao Natal do ano passado, acrescentou.

Para este ano, a CNC trabalha com estimativa de alta de 2,2% nas vendas do comércio nacional. Bentes lembrou que o início do ano não foi bom e que, no primeiro trimestre, houve queda nas vendas. Nos últimos cinco meses, entretanto, as vendas no varejo aumentaram na comparação com igual período de 2016.

“Já há uma recuperação, embora simbólica, no varejo. A gente não espera alta muito significativa daí para a frente, mas em segmentos importantes para o varejo, como vestuário, as vendas estão crescendo 10% na média dos últimos quatro meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, afirmou o economista.

SEGMENTOS 

O vestuário é um dos setores que mais crescem com o Natal. As vendas aumentam mais de 80% em dezembro em comparação com o mês anterior. Segundo Bentes, vestuário é o mais democrático dos segmentos, porque engloba desde a lembrancinha adquirida no comércio popular até produtos de marca, mais caros. Se isso ocorre nas vendas, acaba replicando também no emprego, demandando mão de obra em dezembro.

Outro segmento que deve concentrar os maiores volumes de contratação é o de hiper e supermercados, que responde por 30% do varejo e foi afetado positivamente este ano pelo dólar baixo e pelos preços em queda dos alimentos.

“O consumidor, dificilmente, este ano, vai se assustar com o preço de produto importado. E alimento tem ajudado a preservar um pouco o bolso, o que ajuda o segmento e o próprio varejo como um todo. Alimento é quase tarifa. Consegue-se adiar a compra do carro; mas ninguém deixa de comer”, disse Bentes.

De acordo com a CNC, além de serem os grandes empregadores do varejo, concentrando juntos por 42% da força de trabalho do setor, vestuário e hiper e supermercados costumam responder, em média, por 60% das vendas natalinas.

O dólar tem ajudado o comércio, caindo em média 10% em relação ao ano passado, disse Bentes. Isso permitiu ao varejo fazer estoque a preços mais competitivos, importar produtos típicos do mês (de dezembro) e colocar preços mais atraentes na prateleira. “O dólar não contaminou negativamente o Natal deste ano”.

Bentes disse que o pagamento do bônus do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ajudou o varejo no período de março a julho, mas ressaltou que o que tende a ajudar o setor daqui para frente é a reativação do emprego, inclusive pelo próprio comércio, com a contratação de temporários para o fim de ano.

EFETIVAÇÃO

O economista considera possível a efetivação de uma parcela significativa dos 73,1 mil postos temporários que serão criado para o fim de ano. Nos chamados “anos bons”, como 2010 e 2014, quando o varejo estava muito bem, mais de 30% dos temporários acabaram sendo contratados. Nos dois últimos anos, contudo, as vendas caíram, resultando em queda no total de 10% no Natal, o que fez com que a taxa de efetivação não chegasse a 15% das vagas temporárias.

Para este ano, a CNC espera taxa de contratação na casa de 27%, “porque a perspectiva para 2018, não só pelo lado do Produto Interno Bruto [PIB], mas do próprio emprego e das vendas do varejo, é mais favorável do que foi em 2017”. Por isso, a tendência é ter uma taxa de absorção dos temporários após o Natal deste ano mais alta do que no Natal dos dois últimos anos.

A CNC estima que o salário de admissão dos temporários fique em R$ 1.191, com elevação de 7,1%, em termos nominais, na comparação com os valores do mesmo período do ano passado. O maior salário de admissão deverá ocorrer no ramo de artigos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos, estimado em R$ 1.446.

 IMAGEN: Thinkstock

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