Comércio abre 217 mil vagas com carteira em 2024, 27% em SP
O saldo do emprego formal no país, considerando todos os setores, soma quase 2 milhões entre janeiro e setembro, segundo dados do Caged
O setor de comércio/reparação de serviços abriu 216.778 vagas com carteira assinada de janeiro a setembro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo os dados divulgados na quarta-feira (30), o saldo do emprego formal no país, consideradas todas as atividades, soma 2 milhões (1.981.557) – foram quase 19,8 milhões de admissões e 17,8 milhões de desligamentos. Com isso, o estoque de vagas com carteira atingiu o recorde de 47,5 milhões (47.498.832).
Apenas no mês de setembro, o saldo total foi de 247,8 mil vagas – resultado da diferença entre admissões e desligamentos –, sendo 44,6 mil no comércio. O estoque no comércio chegou a 10,5 milhões de empregos com carteira – mais de 2,9 milhões no estado de São Paulo, sendo 2 milhões no varejo, 638 mil no atacado e 291 mil no segmento de comércio e reparação de veículos. Das quase 217 mil vagas abertas em 2024, 58,3 mil foram em São Paulo. O comércio concentra 20,5% do estoque estadual (14,4 milhões).
SALÁRIOS
Os dados do Caged mostram também que o salário médio dos trabalhadores admitidos foi de R$ 2.158,96 em setembro. Fica abaixo do ganho dos demitidos (R$ 2.238,17). Mas se a remuneração média caiu 0,38% no mês, a do comércio (R$ 1.904,46) subiu 0,43%. Para Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, os resultados mostram “aquecimento significativo no mercado de trabalho, especialmente nas áreas de serviços e comércio, o que traz um certo otimismo”.
Por outro, a alta do emprego tem impacto na demanda. “E, com inflação ainda alta, coloca o Banco Central em uma situação difícil”, afirmou Vasconcellos. Para ele, diante de uma política monetária já restritiva, essa alta nas contratações pode reforçar a necessidade de controle da inflação e possivelmente implementar uma elevação adicional da Selic. “Caso a taxa de juros permaneça em patamares elevados por um período prolongado, isso limitaria o crescimento econômico no longo prazo.”
Durante a entrevista coletiva de divulgação dos resultados do Caged, o ministro Luiz Marinho voltou a negar que o governo pretenda mexer com o seguro-desemprego ou com a multa de 40% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como forma de reduzir custos. “O que é gasto? É coisa desnecessária. Seguro-desemprego não é gasto. Falar em acabar com a multa é coisa de quem não conhece nada do mercado de trabalho. Esse debate não existe”, afirmou.
Ele também criticou a taxa de juros e a política do Banco Central. “Não é errado ouvir o sistema financeiro. Errado é ouvir só ouvir o sistema financeiro. Não sou só eu que está reclamando. São os empresários. Tem que ouvir a produção.” Tratou do tema sem entrar na segunda parte da equação: o déficit fiscal. Uma discussão que será retomada nas próximas terça-feira (5) e quarta-feira (6), quando o Copom se reúne.
IMAGEM: Marcelo Camargo/Agência Brasil