Camp Centro faz ação no Centro de SP no Dia Mundial da Alimentação

Os jovens do Camp Centro arrecadaram alimentos para ajudar o projeto do Grupo de Amigos Voluntários (GAV) preparando refeições e distribuindo-as para moradores de rua da região

Redação Facesp
16/Out/2019
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Camp Centro faz ação no Centro de SP no Dia Mundial da Alimentação

Nesta quarta-feira (16/10), comemora-se o Dia Mundial da Alimentação. A data foi estabelecida pela ONU em 1979 e é comemorada em mais de 150 países no mundo, desde 1981.

Em 2015, uma nova agenda foi estabelecida, com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, até 2030. Desses objetivos globais, o segundo estabelece: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

Os jovens do Camp Centro – Centro de Aprendizagem e Melhoramento Profissional -, que fazem parte do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e do Programa de Socioaprendizagem querem fazer sua parte para acabar com a fome.

Eles decidiram arrecadar alimentos para ajudar o projeto do Grupo de Amigos Voluntários (GAV), que atua há mais de vinte anos no Centro de São Paulo preparando refeições e distribuindo-as todos os domingos para moradores de rua que vivem na região central de São Paulo. A ação dos jovens do Camp segue o objetivo social da promoção do voluntariado, previsto no estatuto da entidade.

“O GAV não tem patrocinadores, é um grupo formado por voluntários que não possuem atuação política partidária, religiosa ou outra finalidade que não seja a pratica do bem e da caridade”, diz Roselaine Montana, 46 anos, coordenadora e idealizadora do projeto. Ela cuida da parte administrativa da ONG e seu marido, André Costa, 44 anos, é o responsável pela organização do cardápio, pelo controle do estoque dos alimentos arrecadados e é o cozinheiro-chefe.

O GAV existe há mais de vinte anos, foi fundado em 28 de novembro de 1999 e atualmente tem sua sede localizada na zona Leste de São Paulo, na Vila Guilhermina. No local, um salão alugado de cerca de 70m², pelo menos vinte voluntários se encontram todos os domingos para colocar a mão na massa e ajudar a preparar e embalar cerca de 300 refeições que, religiosamente, são distribuídas para as pessoas que se encontram à noite na região Central de São Paulo, na rua Marconi, esquina com 7 de abril.

O cardápio tradicional é arroz, feijão, carne moída com batata, polenta, ovo cozido e farofa. Para ser preparado são necessários, no mínimo, quinze quilos de arroz, dez quilos de feijão, vinte e cinco quilos de batatas, três quilos de cebola, vinte quilos de carne-moída, três quilos de fubá, dez quilos de farinha de mandioca, dois quilos de extrato de tomate, três quilos de pimentão, 360 ovos e pelo menos trezentos pães, entre outros itens, todos os domingos.

Agora, pela proximidade do Natal, Roselaine diz que as pessoas interessadas em ajudar já podem fazer a doação de alimentos para a preparação da ceia de Natal e itens para a montagem de kits de higiene, que serão entregues aos moradores de rua no dia 15 de dezembro.

VOLUNTÁRIOS

A voluntaria Luísa Querubim, 26 anos, esteve no GAV no domingo, dia 13 de outubro, pela primeira vez como voluntária. Ela, que faz MBA de Gestão Estratégica na FGV conheceu o GAV por meio da Atados, uma plataforma social on-line que conecta pessoas a oportunidades de voluntariado em causas sociais e que tem sido parceira do Camp Centro em muitas ocasiões. Luísa conta que morava em Curitiba e veio para São Paulo há quatro anos para trabalhar.

“Em Curitiba eu já tinha feito alguns trabalhos como voluntária e agora senti necessidade de ajudar novamente. Escolhi vir aqui, pois gosto muito de cozinhar”, diz.

Assim como ela, a estudante Caroline Carvalho, 31 anos, também estava no GAV como voluntária pela primeira vez. Ela está no último semestre do curso de Recursos Humanos e diz que por conta de estar desempregada resolveu ocupar seu tempo ajudando o próximo.

“Moro aqui perto e quero ajudar sempre que possível”, diz ela.

Outro jovem que trabalhava como voluntário é Luis Fernando da Silva Ferreira, 21 anos, estudante de Marketing na Faculdade Anhembi Morumbi. Ele conta que fez um curso de inteligência emocional e no final do curso pessoas que trabalhavam como voluntárias foram homenageadas.

“A partir desse momento eu percebi que o trabalho voluntário é algo que agrega muito valor a nossa vida, pelo simples fato de darmos ao outro o que temos de mais valioso, que é o nosso tempo”, diz.

Ele conta que conheceu o GAV por intermédio de uma colega do curso que já atuava na ONG e o apresentou. Agora ele já participa há quase seis meses do trabalho voluntário e quer continuar ajudando para o sucesso e crescimento do GAV.

Já o aposentado Carlos Alberto Caetano, 59 anos, é um dos voluntários mais antigos do grupo. Ele mora em Cangaíba e ajuda todos os domingos há mais de quinze anos. Ele conta que trabalhava como corretor na Bolsa de Valores e depois de aposentado sentiu necessidade de se ocupar. “Sinto-me feliz em ajudar, pois descobri que aqui além de ajudar também sou ajudado, é uma troca muito gratificante”, diz ele.

JANTAR

Todos os domingos, a partir de 21h, a cena se repete no centro de São Paulo. Uma fila com cerca de 300 moradores de rua, na maioria homens, mas também composta por muitas mulheres e crianças, cada um com uma história marcante de vida, se forma para aguardar o jantar que será servido nas marmitas preparadas com carinho pelos voluntários do GAV.

Muitos voluntários saíram, outros entraram, mas o jantar é sagrado para essas pessoas que aguardam ansiosas pelas quentinhas, geralmente acompanhadas por uma fruta, além de um doce, suco e água.

“Infelizmente. por conta da crise e do desemprego o número de pessoas necessitadas cresce assustadoramente a cada ano, diz Roselaine.

Segundo ela, para continuar o trabalho da entidade é necessário muita ajuda.

“Além dos voluntários para preparar as refeições, necessitamos de ajuda financeira para cobrir as despesas com aluguel, luz, IPTU, água, gás etc. e as doações são muito preciosas para que o nosso trabalho continue”, finalizou Roselaine.

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