“Brasil está prisioneiro da armadilha do baixo crescimento”
A frase é de Paulo Guedes, ministro da Economia. Segundo ele, não adianta imaginar que o país vai crescer 3% já que a realidade é que estamos no fundo do poço
Paulo Guedes, ministro da Economia, disse nesta terça-feira, 14/05, que a projeção de crescimento "já caiu para 1,5%" e que, com isso, "começam os planejamentos de contingenciamentos".
A projeção oficial do governo para o PIB ainda é de 2,2%, mas o governo já trabalhava com um número menor, entre 1,5% e 2%, em linha com as projeções de mercado.
Em audiência na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na tarde desta terça-feira, Guedes disse que sempre olhou as estimativas de crescimento em torno de 2% com ceticismo.
"Havia expectativa de que reformas tivessem rapidez e antecipavam forte recuperação econômica", justificou. "O Brasil está prisioneiro da armadilha do baixo crescimento, não é de hoje. Nunca achei que a coisa seria fácil "
O ministro reforçou que a estimativa de crescimento das receitas é impactada pelo crescimento da economia e exemplificou que, se o Brasil crescer 1%, a receita vai crescer um pouco mais.
Guedes repetiu que a reforma da Previdência é necessária para reverter o cenário de agravamento fiscal e o endividamento.
"Nossa ideia é interromper bola de neve do endividamento ano que vem. A economia pode se recuperar com certa rapidez se fizer reformas encomendadas", concluiu.
FUNDO DO POÇO
Guedes deixou claro que o governo "não vai vender falsas esperanças" em relação à situação fiscal difícil que o País enfrenta. "Não adianta achar que vamos crescer 3%, a realidade é que estamos no fundo do poço", afirmou.
O ministro disse, no entanto, que o cenário fiscal pode melhorar com questões como a cessão onerosa e as reformas, o que levaria a uma revisão das metas fiscais "muito proximamente.
Em relação à reforma tributária, Guedes disse que quer simplificar e reduzir alíquotas para aumentar a base de pagantes e cortar subsídios. "O objetivo da reforma tributária é que todos paguem para pagar menos", completou.
Com um projeto de crédito suplementar de R$ 248 bilhões para cumprir a regra de ouro tramitando no Congresso Nacional, o ministro afirmou que o governo pode aperfeiçoar a norma, que proíbe que o Executivo se endivide para pagar receitas correntes "O pedido de crédito suplementar revela a indisciplina do governo", concluiu.
IMAGEM: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil