Brás vai ter novo shopping em setembro, o Plaza Polo
Com mais de 400 lojas de 10 a 12 metros quadrados, espaço vai funcionar como atacarejo, a partir das 4h da manhã, e espera fluxo de 20 mil pessoas por dia
Pandemia, e-commerce, mais importados na praça e economia desfavorável ao consumo sugerem que os polos comerciais de São Paulo estão mais esvaziados. Não é bem assim.
No Brás, uma das mais importantes regiões de comércio do Brasil, o número de ônibus que chegam diariamente ao local já passa de 500, até mais do que antes da pandemia.
A informação é de um dos investidores em dez shoppings na região, que prefere não se identificar, pertencente a uma das famílias que investem há décadas no comércio local.
O primeiro semestre do ano, afirma ele, deixou os comerciantes, sim, mais preocupados. As vendas, na média, foram 20% menores do que em igual período do ano passado.
Juros e inflação altos e a falta de um frio mais rigoroso, de acordo com o empresário, foram as principais razões de o comércio no Brás ter sido mais fraco.
A partir de julho, porém, os negócios começaram a voltar ao ritmo que estavam, a ponto de a vacância nos dez shoppings da família ter voltado à média histórica, da ordem de 10%.
Durante a pandemia, a renovação de lojas nos shoppings do Brás ficou entre 30% e 40%. Lojistas desistiram do negócio ou decidiram encolher. Quem tinha quatro lojas ficou com duas.
O que se vê hoje no bairro, diz o empresário, é o aparecimento de novos lojistas, que passaram a ocupar espaços, especialmente daqueles que não conseguiram sobreviver.
PLAZA POLO
Os negócios estão indo bem por ali, diz, e a prova é que mais um shopping será inaugurado em setembro, o Plaza Polo, ao lado do tradicional Mega Polo Modas, com mais de 30 anos.
O formato será diferente daquele do Mega Polo Modas, que só trabalha com atacado, e por isso é basicamente frequentado por lojistas.
Com cinco pisos, o empreendimento terá 30 mil metros de área construída e 250 vagas para estacionamento de carros. A expectativa é de um fluxo diário de 20 mil pessoas.
Com pouco mais de 400 lojas, o Plaza Polo terá o modelo de atacarejo, com lojas pequenas, de cerca de 10 a 12 metros quadrados, para a venda no atacado e no varejo.
Os corredores serão mais amplos para facilitar a circulação de carrinhos de compras e haverá espaços para que os produtos sejam fotografados ali mesmo e divulgados em redes sociais.
O horário de funcionamento também será diferente. Vai abrir das 4h às 16h, justamente para atender melhor quem chega de madrugada a São Paulo para fazer compras.
O empreendimento também vai contar com a figura do personal shopper. Se o lojista quiser comprar à distância, uma equipe especializada estará disponível para ajudá-lo.
Assim como o Mega Polo Modas, o Plaza Polo também vai ter um hotel, com 120 quartos, para lojistas que chegam de todo país. O preço previsto da diária é de R$ 300.
ELETRÔNICOS E PERFUMARIA
Roupas, o produto principal vendido no Brás, continuarão dominando os espaços do Plaza Polo. A ideia é trazer ainda lojistas dos setores de eletrônicos, perfumaria e produtos elétricos.
O teste, considerado bem sucedido, para a venda desses produtos no bairro foi feito com a inauguração do Shopping Galeria Pagé Brás, no final de 2016.
Os investidores em shoppings na região não só querem ampliar a oferta desses produtos como trazer aqueles mais comercializados na área da Rua Santa Ifigênia, no Centro de São Paulo.
A ideia deles é que quem vem a São Paulo para fazer compra fique ali mesmo pelo bairro e tenha à disposição todo o tipo de produtos, não somente roupas.
Mesmo com o avanço nas compras e vendas por WhatsApp, os investidores do Brás entendem que o lojista do interior não pode somente esperar pela mercadoria que chega das confecções.
O contato com outros lojistas e marcas é fundamental para o sucesso do negócio. Isso acontece a partir do momento em que eles veem outras vitrines e interagem entre eles.
DENIM CITY
A interação entre os elos da cadeia, como fabricantes, confeccionistas e lojistas, passou a ser tão importante, diz o empresário, que ele e os sócios trouxeram para o bairro a Denim City.
A Denim City é uma franquia, criada na Holanda, considerada o maior ecossistema de educação e distribuição de jeans no mundo.
Há cerca de dois anos, ela funciona na rua Casimiro de Abreu, 64, e reúne mais de 25 indústrias ligadas ao mundo do jeans, como Vicunha, Santista, Covolan, Canatiba, Jolitex.
No local, também há cursos e discussões para o crescimento do setor de jeans no Brasil, e três restaurantes para atender, principalmente, os empresários em busca de negócios.
Para o arquiteto Júlio Takano, envolvido com parcerias entre indústria e varejo, a Denim City é um típico exemplo bem-sucedido de ecossistema que integra as cadeias do setor têxtil.
“Quando isso acontece, os negócios passam para outro patamar, com melhorias nos processos, no cuidado com a sustentabilidade, o que cada empresa, individualmente, não consegue fazer.”
Empresas unidas dentro de um ecossistema, diz, juntam forças para melhorar a qualidade da produção, dos produtos e do atendimento ao consumidor.
Neste mesmo espaço, com cerca de 5 mil metros quadrados, os investidores do Brás pretendem criar também o espaço Cotton City para reunir os elos da cadeia do algodão.
EMPREENDEDORISMO
O estímulo ao empreendedorismo também faz parte do grupo de investidores de dez shoppings na região.
No Shopping Porto Brás, localizado na Rua Tiers, 282, pequenos lojistas trabalham com minibancas das 2h da madrugada às 11h.
Depois que saem dali, de acordo com o empresário, os empreendedores vão comprar tecidos para produzir as peças que serão vendidas na noite e no dia seguinte.
Este tipo de negócio está indo tão bem, diz, que hoje são cerca de 500 bancas, número que deve dobrar ainda neste ano para atender à demanda dos pequenos empreendedores.
Cada banca fatura de R$ 30 mil a R$ 40 mil por mês, em média, e paga de aluguel entre R$ 1 mil e R$ 2 mil por mês, podendo chegar a R$ 5 mil, dependendo da época e do movimento.
Para o investidor dos shoppings na região, esta é uma oportunidade para quem está começando no ramo, pois o pequeno empresário não precisa investir em estrutura.
Basta ser um MEI (Microempreendedor Individual), e ele já está pronto para vender ali. O caminho seguinte é ir para um box, depois para uma loja, duas, podendo chegar até ao Plaza Polo.
Por que não? Foi assim que a família de um dos grandes investidores dos shoppings do Brás começou.
IMAGEM: Fátima Fernandes/DC