Apenas 37% dos empreendedores de comunidades tem CNPJ

Pesquisa do Data Favela mostra que a principal dificuldade relatada por quem pretende abrir um negócio em uma favela ainda é a falta de investimento

Agência Brasil
18/Abr/2022
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Apenas 37% dos empreendedores de comunidades tem CNPJ

A maior parte dos 17,1 milhões de moradores de favela no Brasil tem, tinha ou quer ter um negócio. É o que aponta uma pesquisa do Data Favela.

Mas ter um empreendimento não é fácil para quem vive em uma comunidade. Um problema apresentado pela pesquisa, por exemplo, é que apenas 37% dos empreendedores com negócio próprio tem CNPJ.

O material demonstrou que 76% dos moradores de favela se enquadram nessa característica e 50% deles se consideram empreendedores. Além disso, quatro em cada dez moradores de comunidades (41%) têm um negócio próprio.

“Isso mostra uma oportunidade gigantesca”, disse Renato Meirelles, fundador do Data Favela.

“O Estado não está na favela. Para você conseguir um CNPJ, você tem que sair da favela. Você tem que enfrentar, por maior que tenha sido o modelo do Simples, uma série de dificuldades com documentos. Quando você abre um negócio, a primeira coisa que você encontra não é uma oportunidade de crédito. A primeira coisa que você encontra é um fiscal na sua porta”, disse Meirelles.

A principal dificuldade relatada por quem pretende abrir um negócio em uma comunidade ainda é a falta de investimento.

“A pesquisa deixou claro que falta financiamento, falta grana, falta crédito. Os bancos hoje não oferecem crédito de acordo com a necessidade da favela. Também falta conhecimento de conseguir expandir o seu negócio através da tecnologia, por mais que hoje nove em cada dez moradores da favela tenham acesso à internet”, falou Meirelles.

Para Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa), CEO da Favela Holding e idealizador da Expo Favela,a favela precisa de uma escola de negócios.

“O que falta na prática é conhecimento. Minha mãe morreu sendo empreendedora sem saber que era empreendedora. Nem essa linguagem de empreendedor a gente usa na favela. A gente fala que a gente se vira, que a gente dá o nosso pulo, faz o nosso corre. Falamos por códigos”.

De acordo com o pesquisador e fundador do Data Favela, as comunidades brasileiras oferecem muitas oportunidades de negócios, principalmente no setor de economia criativa.

Os designers e as agências de comunicação são os influenciadores digitais que dentro da favela começam a vender para o mundo, segundo Athayde.

"Você tem aquele cara que faz boné ou camiseta, que durante a pandemia começou a vender para fora da favela. Tem aquelas doceiras que se cadastraram no Ifood, e que conseguiram transformar o seu pequeno negócio, num negocio que fazia buffet para fora da favela”, citou.

FOTO: Agência Brasil

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