Alta do monitor do PIB afasta possibilidade de recessão técnica
De acordo com a FGV, crescimento de 0,5% na passagem de abril para maio, o crescimento é explicado, principalmente, pelo desempenho da agropecuária (1 3%) e da indústria (0,6%)
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 0,5% em maio ante abril, de acordo com o Monitor do PIB, divulgado nesta quarta-feira (17/7), pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
A alta quebrou uma sequência de três quedas mensais seguidas. Em relação a maio de 2018, o PIB cresceu 4,3%, mas o resultado foi contaminado pela fraca base de comparação, já que a atividade econômica de maio do ano passado foi atingida em cheio pela greve de caminhoneiros, que parou o País.
De acordo com a FGV, na passagem de abril para maio, o crescimento é "explicado, principalmente, pelo desempenho da agropecuária (1,3%) e da indústria (0,6%), com crescimento em todos os seus componentes".
"O setor de serviços ficou estagnado, embora todas as atividades tenham crescido, à exceção de outros serviços", diz a nota da entidade.
Pela ótica da demanda, apenas a formação bruta de capital fixo cresceu (1,5%). Já na comparação com maio de 2018, o crescimento de 4,3% "foi influenciado pela baixa base de comparação em decorrência da greve dos caminhoneiros de maio de 2018".
RECESSÃO TÉCNICA
O avanço apontado pelo Monitor do PIB praticamente afasta a possibilidade de retrações na atividade econômica por dois trimestres consecutivos, o que configuraria o que economistas chamam de "recessão técnica".
A avaliação é de Juliana Trece, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). A alta de abril quebrou uma sequência de três quedas seguidas.
Em abril, o Monitor do PIB havia apontado queda de 0,2% ante março. Dessa forma, apenas um resultado muito ruim em junho jogaria o PIB do segundo trimestre para o terreno negativo.
"Recessão técnica não tem como. Tudo indica que o PIB do segundo trimestre vai ser positivo, mas no ano não vai crescer acima de 1,0%", afirmou Juliana.
A equipe responsável pelo Monitor do PIB estima avanço de 0,4% no segundo trimestre ante o primeiro. Ainda assim, mesmo com a possibilidade de retrações por dois trimestres seguidos no PIB, Juliana acha cedo para se falar em recuperação mais firme da economia.
A pesquisadora chamou atenção para o comportamento da formação bruta de capital fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB).
A componente teve crescimento expressivo em maio ante abril, com 1,5%, superando, por exemplo o consumo das famílias. No entanto, o avanço na FBCF está concentrado nos aportes em máquinas e equipamentos, como tem ocorrido desde o fim da recessão, na virada de 2016 para 2017.
A construção civil, que responde por pouco mais da metade dos investimentos, ainda está em queda - na decomposição da FBCF no Monitor do PIB, a componente de máquinas e equipamentos cresceu 0,8% em maio ante abril, enquanto a construção encolheu 0,4% e o componente "outros" perdeu 0,5%.
Segundo Juliana, "enquanto não melhorar a construção, não dá para falar" em recuperação sustentável dos investimentos, capaz de impulsionar a economia como um todo.