A diferença em números
É preciso avaliar, com fatos e números, a diferença entre um Brasil promissor e a volta do país ao atraso e escravidão do cidadão ao estado
Em meio ao tiroteio que se tornou a vida política nacional, inflamada pelos partidos de esquerda que buscam desestabilizar o país para tentar retornar ao poder - lendo-se como poder o controle dos cofres públicos e a imposição de restrições as liberdades no país -, há uma análise (entre tantas outras) que merece ser observada por sua frieza nos dados e argumentos.
O jornalista Silvio Navarro mostrou na Revista Oeste (edição de 05/08/22), em artigo intitulado “O Brasil na encruzilhada”, os caminhos que o país pode seguir, a partir do resultado das eleições de outubro próximo.
Tomo emprestadas as suas palavras para reforçar a situação que se apresenta:
“O Brasil vai receber R$ 3 trilhões em investimentos por meio de concessões e privatizações em até dez anos. É o resultado previsto no plano de voo do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas não há garantias: depende de quem o eleitor vai eleger nas eleições de outubro deste ano. Os investimentos privados obtidos por meio de concessões e privatizações são só um exemplo do que separa os modelos de Estado em jogo nas urnas. Em linhas gerais, 'mais ou menos Estado'.
Os recursos já compromissados vão alavancar as áreas de energia, transporte, saneamento e telecomunicações. A lista tem 900 projetos para rodovias, trilhos e portos. Somam-se a ela projetos mais ambiciosos, como a privatização da Petrobras, de outros gigantes estatais, e o que fazer com bancos públicos.
Na atual administração, o governo arrecadou R$ 300 bilhões com desinvestimentos e venda de empresas, segundo levantamento do site Poder360. A maior delas foi a Eletrobras — outorga de R$ 67 bilhões. No ano passado, as empresas estatais tiveram lucro líquido de R$ 188 bilhões, revertendo um longo ciclo de prejuízos puxados por Infraero, Correios, Eletrobras e Petrobras —pilhada por corrupção, como a Lava Jato descobriu. Na era petista, o déficit foi R$ 40 bilhões.
Outra novidade implementada foi a montagem de um inventário com milhares de imóveis públicos, no valor de R$ 1,5 trilhão. Boa parte deles está colocada à venda desde 2020 — vão gerar R$ 100 bilhões até dezembro. Enxugar o Estado é um processo lento — e burocrático.
A atual administração esbarrou em entraves, especialmente na resistência do Congresso Nacional. A reforma administrativa, que mexe com o funcionalismo público, empacou. A votação da Eletrobras foi a mais difícil articulação na Câmara desde a Reforma da Previdência.
Neste ano, uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) precisou ser aprovada na Câmara para vender terrenos da Marinha, resquícios do Brasil colonial. Áreas na costa marítima e em margens de rios e lagoas eram reservadas à Coroa Portuguesa."
Já dá para se ter uma ideia do que se pode ter de um lado. De outro lado, o autor do artigo menciona de forma insofismável:
"As diretrizes da campanha de Lula vão na contramão de tudo isso. O texto que aponta o rumo que os petistas almejam fala em 'recompor o papel indutor e coordenador do Estado e das estatais'. Aliados do ex-presidente afirmam abertamente que pretendem rever privatizações e concessões recentes, como a da Eletrobras, e impedir a venda dos Correios.
'Nos opomos fortemente à privatização em curso da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. A Petrobras será colocada de novo a serviço do povo brasileiro e não dos grandes acionistas estrangeiros (…) O pré-sal será novamente um passaporte para o futuro' (plano de governo do PT).
A distância entre as agendas de Paulo Guedes e as dos gurus da campanha petista, Aloizio Mercadante e Guido Mantega, não para por aí. O PT pretende revogar a Reforma Trabalhista feita na gestão de Michel Temer, recuperar os sindicatos e impor um novo regime fiscal.
O teto de gastos públicos é alvo de ataques do próprio ex-presidente, que defende o inchaço da máquina e o manejo do orçamento sem regras. Historicamente, o partido é contra a autonomia do Banco Central, um avanço do governo atual — os dirigentes do banco agora têm mandatos de quatro anos, que não coincidem com o do presidente da República.
Em 2014, a mais famosa peça de campanha de Dilma Rousseff, elaborada pelo marqueteiro do Petrolão, João Santana, mostrava um banqueiro retirando um prato de comida da mesa de uma família. O modelo de negociações internacionais também mudou na administração Bolsonaro. O país deixou de privilegiar o socorro a países comunistas, como Cuba e Venezuela, e negociações com o Mercosul, organização em franca decadência no continente.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) era uma verdadeira 'caixa-preta' na era petista. Cuba, Venezuela e Moçambique devem mais de US$ 1,5 bilhão ao banco.
No ano passado, mesmo com o impacto global da pandemia, o Brasil atingiu uma corrente comercial de US$ 500 bilhões. As exportações bateram US$ 280 bilhões. 'O superávit, num cenário de guerra comercial, foi de US$ 61 bilhões', afirmou Marcos Troyjo, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia no governo Bolsonaro.
Isso vai crescer mais neste ano, pela performance dos cinco primeiros meses. Mostra que, além do cenário interno, temos vocação para crescer no exterior. Somos um dos cinco principais destinos de investimento direto. Temos a maior corrente comercial da história.”
Essa é uma amostra do artigo de Silvio Navarro, na Revista Oeste, que merece ser conhecido. Reflete, a partir de fatos e números, a diferença entre um Brasil promissor e a volta do país ao atraso e escravidão do cidadão ao estado.
**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio