Enquanto a moeda reverteu a tendência e subiu 1,15%, o Ibovespa caiu 2,24%, apesar de contabilizar alta de 5,68% no mês
| Agência de notícias do jornal O Estado de S.Paulo
Com o cenário externo adverso nesta quinta-feira (18/10), o dólar não conseguiu se sustentar abaixo de R$ 3,70 e terminou o dia em alta de 1,15%, cotado em R$ 3,7277.
Em um dia de agenda esvaziada no Brasil, o aumento da aversão ao risco de investidores no mercado internacional estimulou a retirada de recursos do País, pressionando o câmbio e desencadeando um movimento de ajuste e realização de lucros, após o dólar cair 9% no mês.
O risco Brasil medido pelo Credit Default Swap (CDS) subiu para 214 pontos-base, ante 211 do fechamento de quarta-feira, de acordo com cotações do IHS Markit.
Pela manhã, o dólar atingiu a mínima do dia, de R$ 3,6733. Operadores relatam que o próprio nível atraiu compradores ao mercado de câmbio, principalmente importadores e tesourarias de bancos, tentando recompor posições, o que fez a moeda voltar para os R$ 3,70.
Para o diretor da corretora NGO, Sidnei Nehme, o dólar abaixo deste nível não é sustentável, considerando os riscos internos e externos. Ele acha mais provável a moeda seguir no patamar entre R$ 3,70 a R$ 3,80 nos próximos dias, na ausência de fatos novos.
Perto do fechamento, o dólar bateu máximas e chegou a R$ 3,7317, em meio a especulações das mesas de operação sobre quem vai ser o presidente do Banco Central em eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL). O dirigente atual, Ilan Goldfajn, tem dito que fica até 31 de dezembro. O primeiro desafio do novo governo que importa para os mercados locais será a formação de um time econômico capacitado para implementar as reformas necessárias no País, segundo análise da gestora Icatu Vanguarda.
Lá fora, um movimento de aversão ao risco afetou os mercados globais e levou o dólar a subir tanto em relação a emergentes quanto a moedas fortes. O cenário de incerteza tem raiz nas dúvidas em relação à condução da política monetária americana.
Com a divulgação, nas últimas semanas, de dados melhores da economia dos Estados Unidos, há uma dúvida em relação à continuidade do gradualismo na elevação das taxas. Além disso, a questão do Orçamento da Itália segue incomodando os investidores e nesta quinta a Comissão Europeia deu prazo até segunda-feira para o país responder sobre a intenção de elevar o déficit para 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o triplo do previamente acordado.
Aqui, operadores apontam ainda que colabora para o mau humor a notícia de que empresas estariam financiando a compra de pacotes de mensagens a serem disparadas via WhatsApp contra o PT, para favorecer Jair Bolsonaro nas urnas. A situação seria ilegal, uma vez que poderia configurar doação de campanha por empresa, o que foi proibido nessas eleições. Nesta noite será divulgada uma nova pesquisa eleitoral, do Datafolha.
IBOVESPA FECHA EM QUEDA
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