WeForum promove ações afirmativas para liderança feminina

Evento organizado pela ACSP e CMEC, presidido por Ana Claudia Cotait (dir.), reuniu líderes empresariais, como Silvia Fazio (ao meio), da WILL, para falar de processos que asseguram que mulheres sejam consideradas no alto escalão

Mariana Missiaggia
21/Mar/2023
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WeForum promove ações afirmativas para liderança feminina

Você conhece um lugar menos amigável para mulher do que um chão de fábrica? Por que muitas empresas falam em criar um conselho de mulheres? Qual é a importância de uma secretaria de mulheres? E, por fim, onde estão as mulheres na tecnologia? 

Essas indagações deram início ao Women Enterpreneur Forum (WeForum), um evento organizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e seu Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), que reuniu empresárias, nesta terça-feira, 21/03, no Rio de Janeiro. 

Dentre os temas abordados estavam políticas públicas e igualdade de gênero, inspiração em grandes líderes de mercado, inovação e tecnologia, indústria, finanças, comunicação e imagem, energia e consumo.

Com vários desafios à frente de seus cargos, sendo muitos ligados à gestão de pessoas, Ana Claudia Badra Cotait, presidente do CMEC, acredita que momentos como este, promovidos pelo WeForum, incentivam a inclusão de mulheres em cargos de liderança e despertam nesse público o desejo de ir além, com mais poder de decisão dentro das empresas.

"Não é só uma questão de discurso e nem sobre ter mulheres nas empresas. Elas precisam de autonomia e orçamento para ter asas para voar", disse Ana.

O otimismo de que isso acontecerá em um curto prazo é trazido à tona em mais uma pesquisa sobre o assunto conduzida pela Ipsos. A peça-chave desse cenário, segundo Silvia Fazio, presidente da Women in Leadership in Latin America (WILL), seria o envolvimento da alta liderança na equidade de gênero.

Neste sentido, ações de estímulo à promoção das mulheres, como processos que assegurem que elas sejam consideradas no planejamento de sucessão, monitoramento para verificar possíveis barreiras quanto à ascensão das mulheres no nível hierárquico da empresa, bem como metas para reduzir a diferença na proporção entre homens e mulheres em cargos de gerência e executivos são exemplos práticos de ações afirmativas para promover a liderança feminina, segundo Silvia.

Ao apresentar a pesquisa "Uma visão global sobre a equidade de gênero", Silvia apontou que, em média, globalmente, pouco mais da metade das pessoas (55%) acredita que a igualdade entre homens e mulheres será alcançada durante a vida.

Veja outros destaques da pesquisa:

- No Brasil, 68% das pessoas concordam que deve haver mais mulheres em cargos de liderança nas empresas e órgãos públicos.

- No Brasil, 75% discordam que haja um tratamento igualitário entre gênero quando se trata de mundo corporativo.

- Apenas 10% das empresas tratam das questões referentes à equidade de gênero à medida que surgem necessidades. 

- Somente 4% das empresas garantem um orçamento mínimo para os programas de equidade de gênero.

"São dados que mostram o avanço, mas também fragilidades e as dificuldades de eliminar preconceitos e estereótipos. Não é uma questão de ESG ou da ONU. É uma questão econômica e de visibilidade", disse.

Outra barreira a ser rompida é a ideia de que empregos que exigem codificação e tecnologia não são para mulheres. Primeira mulher a se tonar country manager da Philips no Brasil, Patricia Frossard tem como missão conduzir a consolidação da Philips como desenvolvedora e provedora de softwares para a área de saúde, mas também de garantir ainda mais diversidade para a empresa.

"Coloquei isso como prioridade", disse a executiva, que citou como exemplo um programa de estágio para pessoas a partir de 55 anos, outro focado em pessoas de baixa renda, independentemente de gênero, etnia ou origem, além dos esforços para levar mais mulheres para a área de tecnologia, que tradicionalmente é mais masculina. Nos processos seletivos, sempre tem que ter pelo menos uma mulher entre os três finalistas, por exemplo.

No médio e longo prazos, Patricia também falou sobre uma parceria com o governo do Ceará, em que a companhia está desenvolvendo uma escola de informática e tentando atrair mulheres para atuar nessa área futuramente.

Para além de todos os números e estatísticas, a executiva da Philips deixou outro recado. Capacitar, mapear as funções-chave e conhecer cada profissional e entender suas necessidades de forma quase que individualizada. Há também a importância de reter talentos.

Diferentemente dos homens, que normalmente estão mais preocupados em negociar salários - que podem não mudar muito de uma empresa para outra -, as mulheres também se preocupam com as condições de trabalho. 

"Como esse cargo vai me permitir desempenhar outros papeis, como, por exemplo, ser mãe? É preciso coaching, mentoria, plano de carreira, mas acima de tudo, saber o que é mais importante para cada uma delas. E é essa confiança que segura uma mulher dentro de uma empresa", disse.

 

IMAGEM: ACSP/divulgação

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