Varejo abre mais loja do que fecha no primeiro bimestre

Saldo é positivo em 27,6 mil aberturas, incluindo lojas físicas e virtuais, de acordo com levantamento da CNC, com base em dados do Ministério do Trabalho

Fátima Fernandes
15/Mai/2023
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Varejo abre mais loja do que fecha no primeiro bimestre

Quem costuma andar em shoppings e em ruas especializadas em comércio de São Paulo nota que há muitos pontos vagos para locação ou venda. Os efeitos da pandemia e de uma economia desfavorável ao consumo ainda são visíveis na capital paulista e em várias regiões do país.

No primeiro bimestre deste ano, porém, o saldo entre lojas fechadas e abertas no Brasil foi positivo em 27,63 mil estabelecimentos. Como este número inclui lojas físicas e virtuais, é provável que a abertura de empresas tenha se concentrado no comércio eletrônico.

Os dados foram levantados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), com base em informações da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho.

No primeiro bimestre de 2022, o saldo havia sido um pouco maior, com 29,9 mil lojas abertas, o que revela, na avaliação de Fábio Bentes, economista da CNC, uma desaceleração no varejo.

De dez setores considerados, somente os setores de combustíveis e livraria e papelaria registraram saldo maior na abertura de lojas em relação a igual período de 2022.

Veja abaixo, por setor, as aberturas de lojas nos dois primeiros meses de 2022 e 2023, números que incluem lojas físicas e virtuais.

“O saldo, ainda que positivo de lojas abertas, diminuiu quando comparado com igual período do ano passado, acompanhando a desaceleração das vendas”, afirma Bentes.

As vendas do varejo no primeiro bimestre deste ano subiram 1,8% em relação a igual período do ano passado, de acordo com PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), do IBGE.

Em 12 meses encerrados em fevereiro deste ano, a alta é de 1,7%. “Vale lembrar que, no final do primeiro semestre de 2021, em 12 meses, este número era 5,9%”, diz Bentes.

O cenário econômico atual não estimula, de acordo com ele, a abertura de lojas. “Mesmo que a taxa de juros caia mais para a frente, ainda leva tempo para ter efeito no mercado.”

A taxa média de juros anual para pessoa física estava em 58,26% em março deste ano e, no mesmo período do ano passado, em 49,55%, de acordo com dados do BC (Banco Central).

Para quem parcela a compra no cartão de crédito, a taxa média era de 192% ao ano e, no crédito rotativo, de 430,45% ao ano.

Em 2020, quando a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, era de 2%, a taxa de juros cobrada no parcelamento com cartão de crédito era de 140% ao ano.

“Se olhar a série histórica, essa taxa nunca esteve abaixo de 100% ao ano. Hoje, a taxa média de juros na ponta está num patamar maior dos últimos cinco anos”, diz Bentes.

Outro indicador que não é nada favorável tanto para as empresas como para as pessoas físicas é o que mede os atrasos no pagamento de empréstimos concedidos.

Em março, o atraso acima de 90 dias no pagamento das empresas era de 2,45%. Isto é, de cada R$ 100 de crédito concedido, R$ 2,45 não foram pagos, de acordo com o BC.

Este percentual é o maior desde 2019, quando a taxa era de 2,5%. Em março do ano passado, o atraso no pagamento das empresas representava 1,68% sobre o crédito concedido.

A inadimplência dos consumidores também é a maior desde setembro de 2016. Em março, a taxa bateu em 6,17% sobre o volume de crédito nos atrasos acima de 90 dias.

Em março de 2022, era menor, de 4,85%, de acordo com levantamento do BC.

“No caso da pessoa jurídica, a taxa de inadimplência subiu 53% e, da física, 47% em um ano. Não dá para esperar grandes aberturas de lojas num cenário como este”, diz.

Os dados do Ministério do Trabalho não separam aberturas no varejo físico e no virtual.

Para Bentes, pode ser que o saldo positivo no primeiro bimestre tenha sido puxado por lojas on-line.

DIA DAS MÃES

Em meio ao cenário de economia desaquecida, a expectativa da CNC para o Dia das Mães é de uma queda de cerca de 4% nas vendas do comércio neste mês na comparação com 2022.

O IEMI - Inteligência de Mercado, que acompanha o setor de vestuário, também tem previsões negativas para a data.

A projeção para maio deste ano é de uma queda de 16,5% em volume de peças e de 7,5% em faturamento em relação a igual mês do ano passado.

De acordo com o IEMI, o gasto por peça deve ficar em torno de R$ 45,80, 10,8% maior do que o valor de 2022.

Já as expectativas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) são mais otimistas, tendo como base estudos feitos pela entidade que apontam aumento na intenção de compra na data e gastos médios que variam entre R$ 50 e R$ 300.

 

IMAGEM: Marcelo Soares/DC

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