Uso de IA gera economia de R$ 10 mil por mês para marca de joias
Yara Machado, da Céu de Prata, conta como a tecnologia desempenha papel central nas atividades de sua empresa, que deve faturar R$ 15 milhões em 2024
Dizer que a inteligência artificial pode aumentar produtividade, ajudar na eficiência e reduzir custos das empresas já não é novidade. A tecnologia, que ganhou notoriedade nos últimos dois anos, tem contribuído para uma gestão mais inteligente do tempo e das finanças.
É o que percebeu Yara Machado, CEO da Céu de Prata, e-commerce focado em joias de prata que espera faturar R$ 15 milhões em 2024. Usando IA como parte essencial de seu negócio, ela já consegue vislumbrar os resultados práticos de uma decisão que sempre lhe pareceu óbvia.
Ao colocar na ponta do lápis o que a tecnologia tem feito pela Céu de Prata, Yara identifica uma economia de no mínimo R$ 10 mil por mês. O cálculo é feito, especialmente, pensando no volume de produtos cadastrados diariamente e na otimização de tráfego pago pelos sistemas baseados no uso de IA.
Para além do financeiro, ela cita o ganho de eficiência com a redução de tempo significativo nos processos. Hoje, a empresária diz que a IA permeie todas as áreas da empresa.
A primeira tentativa de Yara foi um gerador de descrição de produtos. A ferramenta usa IA para gerar descrições de peças para o comércio eletrônico e leva em conta os dados e os recursos de cada item, como tamanho, materiais, cor e outros atributos.
Com um prompt (um texto em linguagem natural que solicita que a IA generativa execute uma tarefa específica) e os comandos certos, Yara diz ter reduzido de trinta para dois minutos o tempo para descrever um produto.
"Ainda não consigo substituir um humano, mas ganhamos muita velocidade. Embora a economia de recursos seja significativa, a verdadeira vantagem está na eficiência operacional aprimorada e na capacidade de fornecer resultados mais rápidos e precisos", diz.
Há também uma outra ferramenta que emprega IA para monitorar de forma contínua os preços da concorrência e criar informações atualizadas para basear as estratégias de precificação do negócio.
O mesmo acontece com as ferramentas que utiliza para melhorar a performance de campanhas de tráfego pago que são acompanhadas minuto a minuto. Como se houvesse alguém monitorando esse material em tempo integral, a própria IA consegue analisar e pausar um anúncio que não esteja performando bem em menos de 24 horas, enquanto um trabalhador humano levaria até quatro dias para ter essa percepção. Um investimento certeiro, já que cerca de 60% das vendas da Céu de Prata são oriundas das ações de mídia paga.
Além disso, a IA utiliza técnicas de processamento de linguagem natural (PLN) para gerar anúncios altamente relevantes e personalizados para cada público-alvo. A partir do histórico de pesquisa, comportamento de navegação e interações com a marca, a IA cria anúncios com mensagens e ofertas que ressoam com as necessidades e desejos específicos de cada cliente potencial.
Yara diz ter acertado também ao adotar a tecnologia na ponta, atendendo a milhares de clientes. Hoje, um assistente de IA atende a uma primeira interação do cliente de forma imediata, enquanto a fila para o início de atendimento humano é de pouco mais de um minuto.
Os consumidores costumam ter dúvidas semelhantes, que podem ser respondidas de forma automatizada - outro ganho de eficiência e economia sem nenhuma demissão. A equipe de 28 colaboradores se manteve e pôde focar em qualidade, segundo a empresária.
No total, a empresa utiliza seis ferramentas de IA - apenas três delas são pagas -, entre elas o ChatGPT. As outras custam, no máximo, US$ 200 por mês. A tecnologia também atua na edição de fotos. Por meio de ajustes refinados é possível aprimorar a qualidade das imagens. Essa prática favorece a otimização da produção, especialmente considerando o lançamento semanal de novos itens no catálogo.
Em um mercado dominado por microempreendedores, Yara diz que o segredo é não ter medo de testar e estudar tudo o que surge para, além de reduzir custos, conseguir dar mais capricho e produtividade e, finalmente, criar desejo nos consumidores e vender em maior volume.
"Na Céu de Prata não cabia mais gente, mas eu queria mais. Ao integrar a IA de maneira inteligente em todas as áreas do negócio, impulsionamos a inovação e a criatividade", diz.
Yara Machado ressalta a importância de prover a compreensão e o domínio da IA por parte dos colaboradores, como ação essencial para o crescimento, investindo não apenas em tecnologia, mas também na capacitação da equipe para aproveitar ao máximo o potencial dessa tecnologia.
A próxima novidade preparada por Yara com apoio da IA é o lançamento de um plano de assinatura, que apresentará um mix personalizado para cada cliente.
A Céu de Prata nasceu há oito anos, quando seu irmão Alexandre Machado, com então 18 anos, pegou parte de seu salário (R$ 500) e investiu em berloques, peças que a própria mãe costumava vender - mas o jovem já via potencial nas vendas pela internet para crescer.
De fato, o negócio foi crescendo. Yara, que é formada em administração, se uniu ao irmão e triplicou o faturamento. Em 2023, a Céu de Prata alcançou mais de 170 mil itens enviados para todos os estados brasileiros, mais de 100 mil novos clientes captados e 40 mil compradores. Realizou 50 mil entregas e alcançou no total 400 mil consumidores.
Para 2024, a previsão é chegar aos 60 mil pedidos e reforçar a estratégia digital, com destaque para as vendas via WhatsApp. Além de expandir a presença em grandes marketplaces, como Amazon, Mercado Livre, Giuliana Flores, Shein e C&A.
IMAGEM: divulgação/redes sociais