Temor de recessão nos EUA é maior que o risco real, dizem analistas

Encaminhamento de guerra das tarifas é fator-chave para desempenho, mas pessimismo exagerado tem desenhado cenário menos provável

Estela Cangerana, dos Estados Unidos
24/Abr/2025
  • btn-whatsapp
Temor de recessão nos EUA é maior que o risco real, dizem analistas

A alta volatilidade e um ritmo econômico fraco devem se prolongar por todo o ano de 2025, mas o risco de recessão no cenário atual norte-americano é menor do que vem se alardeando na mídia nas últimas semanas. A análise é do especialista em estratégia de investimentos e autor de diversos livros sobre Wall Street, Sam Stovall, Chief Investment Strategist da consultoria CFRA Research. 

“Ainda precisamos esperar os resultados das empresas e o encaminhamento da guerra de tarifas, mas não devemos entrar em recessão. O risco disso acontecer hoje está em menos de 40%”, afirmou. De acordo com ele, o que se tem visto no mercado de ações é uma situação severa de oversold, ou seja, quando os preços dos ativos caem para um nível excessivamente baixo devido a uma venda massiva.

Levantamentos feitos por outro especialista, o analista de mercado Michael Kahn, vice-presidente sênior na Lowry Research - CFRA, confirmam a tese. “Os principais indicadores de Lowry continuaram a se deteriorar, mas muitos índices de curto e longo prazo, embora em declínio, atingiram níveis de oversold”, revelou.

Os dados apontam para as pressões antecedentes às datas de aplicação de tarifas. “Registramos níveis extremos de medo antes das tarifas, e quando o sentimento do mercado é tão grande assim, há um movimento de venda excessivo. Percebemos isso claramente no decorrer de abril, com dias de 80% de downside (queda) seguidos imediatamente por dias de 90% de upside (alta) nas bolsas”, explicou Kahn.

Alívio no longo prazo

As projeções, no entanto, revelam trajetória positiva no longo prazo. “O mercado traz desafios, mas sabemos que no prazo de 12 meses após situações como esta, a tendência é que a recuperação aconteça de maneira mais rápida do que foi a queda”, disse Stovall. Segundo as estimativas dele, indicadores como produção industrial, sentimento do consumidor e vendas do varejo dos EUA devem recuperar trajetória de alta no último trimestre de 2025, seguindo em recuperação em 2026, mesmo movimento que se observará no Produto Interno Bruto (PIB).

Recentes manifestações de autoridades, como a declaração dada a portas fechadas pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, trazem indícios de que, de fato, a situação pode caminhar para soluções menos drásticas. Bessent teria afirmado em um discurso na última terça-feira (22) que o impasse tarifário entre EUA e China é insustentável e que ele espera uma desescalada na guerra comercial entre as duas potências.

Na sequência, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a repórteres: "O presidente e o governo estão preparando o cenário para um acordo... a bola está indo na direção certa".

As declarações de Bessent e de Leavitt e um possível recuo do presidente Donald Trump imediatamente repercutiram de forma positiva nas bolsas de valores na quarta-feira (23). Tanto nos Estados Unidos quanto na Europa e até no Brasil, todas fecharam com desempenho positivo. Colaborou ainda a informação de que Trump, apesar de suas críticas, não vai destituir o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, de seu cargo.

O Fed, por sua vez, está comprometido a controlar a inflação no país. “Se as tarifas influenciarem os preços, o Fed não irá cortar os juros. A prioridade é a inflação, ainda que isso acabe por impactar nos índices de desemprego”, disse Stovall.

Os analistas da CRFA Sam Stovall e Michael Kahn falaram durante o evento aberto Navigatin Market Volatility: What’s ahead for the rest of 2025.

 

IMAGEM: Freepik

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

 

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Alejandro Vázquez, da Nuvemshop, fala sobre o cenário do comércio eletrônico brasileiro

Alejandro Vázquez, da Nuvemshop, fala sobre o cenário do comércio eletrônico brasileiro

Alessandra Andrade é o novo rosto da SP Negócios

Rodrigo Garcia, da Petina, explica a digitalização do comércio popular de São Paulo

Colunistas