'Qualifica Já' forma primeira turma em pintura para construção civil
Primeira parte do projeto-piloto, resultado da parceria entre ACSP, Sincomaco e SMADS, certifica 10 alunos, antes em situação de vulnerabilidade social, para atuarem profissionalmente no setor

Os 10 alunos integrantes da primeira turma do projeto "Qualifica Já", que finalizaram o curso de Formação em Pintura Básica no último dia 23 de abril, receberam o certificado na tarde desta terça-feira (30/04). A cerimônia foi realizada no Centro de Acolhida Especial (CAE) Morada São João, nos Campos Elíseos, região do Centro expandido da Capital paulista.
A iniciativa gratuita, que tem como objetivo resgatar a dignidade e a cidadania de pessoas em situação de vulnerabilidade social, por meio da qualificação profissional na área da construção civil, é resultado da parceria intermediada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) junto ao Sindicato Empresarial do Comércio Atacadista de Material de Construção, Material Elétrico e Energia Elétrica no Estado de São Paulo (Sincomaco), e também à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo (SMADS), da Prefeitura de São Paulo.
Desenvolvida ao longo de nove dias (entre 11 e 23 de abril), esta edição-piloto começou com 20 alunos indicados pela SMADS. Porém, ao longo do período de aulas, 10 desistiram devido às suas condições de extrema vulnerabilidade social.
Já os alunos que permaneceram até o final, animados com a nova oportunidade, conseguiram atingir a meta de revitalizar 52 leitos do CAE, finalizando o curso um dia antes do previsto.
Entre os formandos estava a cuidadora de idosos Maria Helena de Andrade Santos, 64, há três anos no CAE. Quando surgiu a oportunidade de fazer o curso, a qual "amou e está esperando os próximos", conforme disse, correu para se inscrever. Ela acredita que a experiência vai abrir portas para praticar o que aprendeu, e quem sabe até gerar renda extra. "Ainda mais com esse diploma!", comemorou.
José Sebastião Oliveira, 70, aposentado da indústria gráfica, também está há três anos no CAE e enxerga boas perspectivas pós-curso. Independente das dificuldades decorrentes de um AVC, ele acredita que conseguirá trabalhar com o novo ofício e complementar sua aposentadoria. "A gente vai fazendo aos coisas aos poucos, até conseguir. O importante é saber que há chance de recomeçar."
Já a formanda Celina Faggin de Godoy Moreira, que tem formação em pedagogia e foi eleita a porta-voz do grupo, agradeceu a equipe de trabalho e destacou o fato de que, além de receber qualificação, homens e mulheres se uniram em prol de uma causa maior, que foi a revitalização do CAE por meio da pintura.
"Fomos aprendendo, descobrindo, trabalhando juntos e fazendo com que todos se dessem as mãos com o mesmo propósito. Pintura é carinho, traz vida nova, esperança e esse projeto fez toda a diferença."

Os demais formandos da turma são Atanaildo de Jesus Duarte, Carmen Lúcia Braz, Claudinei Aparecido do Prado, Cristiano Coelho, Gertrudes Alexandre, Jamerson Magnani e Sandro Pereira de Araújo.
No total, o curso de formação em pintura contemplou 20 horas de aulas teóricas, ministradas na Rua Abolição, 66 (Bela Vista), e outras 80 horas de aulas práticas no Morada São João.
UNIÃO QUE FAZ A FORÇA
Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP, afirmou que, além de resgatar a dignidade de pessoas em situação de vulnerabilidade social, uma das diretrizes de sua gestão, a ideia do programa é capacitar gerando oportunidade e emprego e renda, além de oferecer mão de obra para a construção civil, setor em que há um grande déficit de trabalhadores qualificados.
"Esse é o primeiro passo, e em breve abriremos novos cursos em segmentos importantes, como os de formação de azulejistas, marceneiros, encanadores, eletricistas... Por isso estamos buscando e fazendo parcerias com a indústria e outras empresas do setor para que, juntos, consigamos continuar a realizar esse trabalho social, ligado ao nosso pilar de ESG."
O presidente da ACSP lembra ainda que os recém-formados serão encaminhados para atender à demanda por profissionais em entidades parcerias, como Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) e Sinduscon-SP (sindicato da construção civil).

Já a secretária da SMADS Marcelina Conceição dos Santos, a Ciça, que destacou o papel da ACSP no projeto, falou do processo de emancipação que a iniciativa proporciona para essas pessoas.
"Quando essas pessoas chegam aqui, é porque todas as outras portas se fecharam. E nós procuramos fazer um trabalho de reconstrução dessas vidas", diz. "Além da oportunidade de terem renda própria, uma nova profissão, trabalhamos muito para isso acontecer neste Centro de Acolhida: que essas pessoas tenham capacidade de buscarem um novo caminho de vida, e seguir com independência."
Para concretizar o Qualifica Já, a SMADS foi a responsável pela divulgação do projeto, a seleção dos 20 alunos e indicação do equipamento público onde seriam realizadas as aulas práticas.
Já a ACSP, por sua vez, fez a intermediação entre participantes, garantiu a locação do espaço onde seriam ministradas as aulas teóricas, a oferta das camisetas que seriam utilizadas pelos alunos e a oferta das refeições nos dias em que eles participavam das aulas.
Por último, o Sincomaco forneceu toda a grade curricular, bem como os instrutores/profissionais que ministrariam as aulas práticas e teóricas. Já os materiais necessários (tintas de diferentes acabamentos, massas acrílica e corrida, folhas de lixa, desempenadeiras, espátulas, pincéis, rolos, bandejas para tinta, equipamentos de proteção, cal, lona plástica, escada de alumínio e outros), foram doados pelos patrocinadores Construjá Distribuidora, Tintas Coral e Atlas Pincéis e Ferramentas.
Também participaram da cerimônia Cláudio Conz e José Carlos Araújo, presidente e diretor de operações e formação profissional do Sincomaco, Carlos Bezerra, ex-secretário da SMADS que ajudou a implantar o projeto, o gerente do CAE Antônio de Moraes Silva, e o professor Israel, instrutor do curso.
IMAGENS: ACSP