Os juros do crédito continuam subindo para as empresas
Banco Central mostra avanço nas taxas de linhas essenciais, como o capital de giro. Crédito segue em desaceleração e já registra queda mensal no BNDES

O custo das empresas com os juros do crédito continuam subindo. Isso é o que mostram os dados do Banco Central. A média de mercado cobrada nas operações de crédito com recursos livres (dos bancos) foi de 27,5% ao ano em junho ante a 26,9% ao ano em maio.
As linhas que mais tiveram aumento médio são as mais procuradas pelo empresário na atual recessão. O capital de giro ficou 0,9 ponto percentual (p.p.) mais caro e a conta garantida, 0,6 p.p.
Assim, a taxa média para o capital de giro chegou a 24,3% ao ano., o que corresponde a 1,83% ao mês. O avanço de maio a junho foi de 0,9 p.p. Já o da conta garantida, chegou a 46,2% ao ano, ou 3,22% ao mês.
O limite do cheque especial da pessoa jurídica deve ser evitado. Segundo o Banco Central, a taxa média chegou a 216,7% ao ano em junho - uma elevação de 5,7 p.p. Ao mês, os juros médios são de 10,08%.
A taxa média de antecipação de faturas de cartão de crédito foi de 41,4% ao ano, ante 40% ao ano em maio. Isso corresponde a 2,93% ao mês.
O custo que se paga ao efetuar o pagamento mínimo da fatura de cartão de crédito da pessoa jurídica também subiu. Passou de 221,5% ao ano em maio para 229% ao ano em junho. O equivalente ao mês é 10,43%.
CRÉDITO AO COMÉRCIO CRESCE, MAS CAI NO BNDES
O crescimento do crédito está desacelerando, principalmente para as empresas. Em junho, o saldo de todas as operações para esse setor foi de R$ 1,64 bilhões na comparação com o mês anterior, um crescimento de 0,6% - ante uma variação de 0,7% para os consumidores.
Quando se observa o estoque (todas as operações ativas, novas ou não) de crédito para empresas, o setor que mais angariou recursos foi o agropecuário (alta de 1,6%), seguido do setor de serviços, que cresceu 0,9% na comparação com maio. Para a indústria, a variação foi de 0,3% no mês passado.
A evolução do crédito para o setor de serviços foi puxada pelo comércio. De um total de R$ 826,4 bilhões em junho, o comércio ficou com R$ 302,3 bilhões, uma alta de 2% sobre maio.
Os demais setores de serviços tiveram desempenho modesto. Na administração pública, houve alta de 0,5% para R$ 107,9 bilhões. Em transporte, o crédito caiu 0,3%, com R$ 159,9 bilhões.
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Já os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas recuaram 0,3% de maio para junho, somando um total de R$ 609,8 bilhões. No primeiro semestre do ano, a expansão foi de 2,4% e, em 12 meses, de 14,1%.
Em junho, houve recuo de 7,2% nas linhas de capital de giro (R$ 15,9 bilhões), queda de 0,1% no financiamento ao investimento (R$ 581,6 bilhões) e alta de 2,7% nas modalidades para o setor rural (R$ 12,2 bilhões) por parte do banco de desenvolvimento.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, destacou a desaceleração "bem nítida" na concessão de crédito para pessoas jurídicas pelo BNDES, com impacto no crédito para empresas com um todo.
As concessões de crédito com recursos do banco de fomento para o setor produtivo caíram 21,2% no primeiro semestre do ano. Isso porque as taxas do setor mudaram, a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) que era de 5% agora será de 6,5% ao ano.
Apesar da alta recente para 6,5% na TJLP - uma taxa de fomento do governo - as operações com recursos direcionados (ou seja, subsidiadas pelo governo) custaram mais para as empresas: em junho os juros médios dessas operações foram de 9,5% a.a.
"Também houve variação nas condições de diversos programas que contam com recursos do BNDES", diz Maciel.
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*Com informações de Estadão Conteúdo