Onde devo abrir minha loja? Estações de trem e metrô são opções

Grupo CCR, que opera as linhas 4 e 5 do metrô, acaba de inaugurar o primeiro Mall em SP, na estação Vila Sônia, com espaço para 50 lojas, que estão em processo de instalação (foto). Outros 4 projetos estão em fase de aprovação

Fátima Fernandes
12/Ago/2024
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Onde devo abrir minha loja? Estações de trem e metrô são opções

Rua ou shopping. Por muitos anos, essas eram as duas opções que o empresário do varejo tinha para expandir ou até mesmo abrir o seu primeiro negócio.

Uma pesquisa de mercado poderia apontar qual o potencial de sucesso da marca em cada um desses dois locais, ajudando o empreendedor a tomar a sua decisão.

Hoje, é preciso quebrar bem mais a cabeça para bater o martelo. As opções de espaços estão se multiplicando. Outlet, Strip Mall, Power Center, Retail Park, Highway Mall e por aí vai.

Um ambiente que tem atraído cada vez mais os lojistas brasileiros são as estações de metrô, ônibus, trem. E o motivo não é difícil de adivinhar: o alto fluxo de pessoas nesses locais.

A CCR, empresa de concessão de infraestrutura, transportes e serviços, que opera as linhas 4 e 5 do metrô, acaba de inaugurar o seu primeiro Mall em SP, na estação Vila Sônia.

Com 2.400 metros de ABL (Área Bruta Locável), o espaço permite a instalação de 50 lojas. Marcas como Natura, Ragazzo, Sumirê, Milky Moo já estão confirmadas.

A empresa inaugurou ainda em julho uma área para 70 lojas no Terminal Intermodal Gentileza (TIG), no centro do Rio de Janeiro (RJ), e outra na Estação Acesso Norte, em Salvador (BA).

Outros quatro projetos estão em fase de aprovação em São Paulo, com uma média de 50 lojas em cada, com previsão de receber os comerciantes em dois anos.

A CCR já possui cerca de 350 contratos de locação (lojas e quiosques) nas 73 estações que opera nas linhas 4 e 5 do metrô e 8 e 9 da Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos.

“Constatamos um movimento de lojistas, especialmente de franquias, de vir para as estações. A tendência é só aumentar”, afirma Marcelo Carpegiani, gerente executivo da CCR.

Em todos os seus negócios, incluindo as linhas 1 e 2 do metrô em Salvador, e a travessia das barcas Rio-Niterói, diz, a empresa transporta cerca de 3 milhões de pessoas por dia.

A empresa tem a concessão para administrar algumas rodovias, como a Anhanguera e a Bandeirantes.

CONTRATOS

Além do alto fluxo de pessoas nas áreas, o que tem atraído os lojistas para as estações são os contratos de locação, considerados mais simples do que os de shopping centers tradicionais.

“Nossos contratos são de aluguel, não cobramos condomínio, fundo de promoção, 13º aluguel. O valor varia de acordo com o tamanho da loja, de R$ 200 a R$ 500 o metro quadrado.”

O período de validade pode ser de 36 a 60 meses, diz, e o lojista, se preferir, pode fazer uma experiência por um ano, para conhecer o ambiente. Se quiser, fica, se não, sai.

Segurança e limpeza são por conta da CCR. Para entrar no espaço, além do aluguel, o comerciante paga também uma luva, no valor de três aluguéis.

“Damos preferência para as marcas da duplinha ‘conveniência e serviço’, que é o que todos buscam quando circulam pelos metrôs, trens”, diz.

No momento, a demanda da CCR para a locação dos espaços nos Malls é, principalmente, de lojas de cosméticos, salão de beleza, clínicas estéticas, chocolates, suplementos alimentares.

O critério adotado pela empresa é o equilíbrio entre conveniência, serviços e alimentação.

Os Malls que a CCR pretende espalhar por estações de metrô, umas 12 já estão na mira, estarão em áreas “não pagas”.

Isto é, as lojas ficarão concentradas na parte externa das estações para aproveitar o fluxo de pessoas do metrô e também os clientes da chamada zona primária, os moradores da região.

“Quem mora próximo da estação Vila Sônia, por exemplo, pode usufruir do comércio e voltar para a casa, sem a necessidade de entrar na estação”, afirma.

Na Vila Sônia, diz Carpegiani, o fluxo é de 60 mil pessoas por dia ou 1,8 milhão por mês, quase o dobro do de um grande shopping, que pode chegar a 1 milhão por mês.

“Hoje, o lojista tem de estar onde o cliente está, e nós oferecemos essa oportunidade. Quem estiver conosco tem ainda a opção de expandir para aeroportos, áreas em rodovias”, diz.

A ocupação dos espaços já ofertados pela empresa nas estações é de 93%. Em algumas delas, como Luz e Pinheiros, duas das mais movimentadas, há fila de espera de marcas para entrar.

Os lojistas interessados em abrir loja nas estações administradas pela CCR podem entrar em contato com a empresa para negociação direta: https://www.grupoccr.com.br.

FONTE DE RECEITA

Os Malls em estações, de acordo com Carpegiani, são um bom negócio para os lojistas e para as empresas de concessão de serviços de transportes.

A locação de espaços para comerciantes é uma fonte de receita importante, diz, já que os bilhetes para transporte no metrô têm preço fixo.

Telas digitais para publicidade em terminais de ônibus são outra fonte de receita. “A CCR vive de um valor fixo de tarifa de metrô e tem de ter ganhos em outros negócios”, diz.

Carpegiani diz que a empresa não considera concorrentes os shoppings tradicionais, até porque o espaço em uma estação de metrô é bem menor do que o de um shopping.

TENDÊNCIA

Para o arquiteto Jayme Lago, dedicado a projetos em shoppings centers, os Malls em estações de trem, metrô estão surgindo como uma boa oportunidade para os pequenos comerciantes.

“Os lojistas querem flexibilidade, segurança e sair de contratos engessados, que não conseguem pagar, como com os grandes shoppings”, afirma.

Os Open Malls, diz, também são boa alternativa. “As lojas de rua vão continuar existindo, mas as escolhas dos pontos estão sendo cada vez mais criteriosas”, afirma.

Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, diz que a grande tendência do mercado é o comércio de proximidade, que atende as pessoas em seu trajeto.

O varejo como um todo, diz, está buscando diversificação de espaços, em estações, rodovias, estacionamentos, aeroportos. “Cada marca tem de ver a sua vocação”, diz.

Não é todo o tipo de varejo, diz, que opera bem em terminais de ônibus e metrôs. “O que funciona são farmácias, lojas de conveniência, livrarias. Moda já teria mais dificuldade”, diz.

O que poderia ser uma opção para o varejo de moda em estações, em sua avaliação, é a venda de uma ou duas linhas de produtos, num modelo tipo express, por exemplo.

Em visita recente à Itália, Marinho observou que, nos terminais de trem, há verdadeiros mini shoppings, com operações até de grandes redes de varejo.

“A conexão entre varejo e transporte faz todo o sentido e pode evoluir do ponto de vista da estação e do usuário, que passa a ter uma melhor experiência em seu trajeto”, diz.

O casal Manuel e Maria Elena Cruz, que fundaram, em 1970, a Lojas Mel, já estão de olho há muito tempo no público que circula por trens e metrôs em São Paulo.

Com quase 60 lojas, a rede, que ‘vende de tudo para a casa’, como eles dizem, tem o cuidado de operar em pontos comerciais colados com estações de metrô e terminais de ônibus.

Com este foco, a empresa só cresceu até agora. Em quase dez anos abriu mais de 40 lojas.

OUTROS ESPAÇOS

Grupos especializados em criar, construir e administrar shoppings centers trabalham em projetos para instalação de empreendimentos em locais não tão comuns no Brasil.

Os Highway Malls, shoppings de estradas, os Retails Park, próximos de cidades do interior, ou os Power Centers, modelos que existem nos EUA e Europa, são alguns exemplos.

Os nomes são os mais variados e o objetivo é o mesmo: criar áreas capazes de atrair os consumidores onde já existe um alto fluxo de pessoas e carros.

Auto Malls, espaços com lojas e serviços para carros e motos, também estão em desenvolvimento por grupos que já atuam no setor de shoppings no país.

A promessa é que todos saiam do papel muito em breve, especialmente ao redor de cidades e em rodovias do interior de São Paulo.

 

IMAGENS: divulgação

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