Nove em cada dez consumidores mudam hábitos de compra por preços menores
Pesquisa da McKinsey mostra que, mesmo com uma visão mais otimista da economia, 55% dos brasileiros são 'infiéis' quando vão comprar se lojista concorrente oferecer produtos com descontos ou mais baratos
Uma boa notícia aos varejistas que, paradoxalmente, embute um enorme desafio. O brasileiro está mais otimista com as condições econômicas do país, o que costuma levar a um aumento no consumo.
Ao mesmo tempo, quase nove em cada dez (87%) mudaram seus hábitos em busca de preços menores – e 55% serão infiéis na hora da compra se um concorrente tiver descontos ou preços mais atraentes. As conclusões fazem parte da pesquisa "ConsumerWise – A 360º View of the Consumer", recém-divulgada pela McKinsey.
No terceiro trimestre de 2024, 38% dos consumidores expressaram confiança com o rumo da economia, alta de 5 pontos porcentuais em relação aos 33% registrados no segundo trimestre.
Somados aos 43% que se declaram neutros, temos um respeitável contingente de quatro a cada cinco pessoas. Os pessimistas somam 19%. “O mercado de trabalho está impulsionando aumentos salariais em todo o país, o que por sua vez impulsiona os gastos do consumidor”, afirmam Bruno Furtado e Pedro Fernandes, sócio-sênior e sócio na McKinsey em São Paulo, na análise brasileira da pesquisa.
“Mas a inflação continua a ser a principal preocupação”, dizem. A alta de preços é um temor para 50% dos consumidores, 7 pontos acima do registrado no segundo trimestre deste ano.
Não à toa o universo de consumidores atrás de melhores preços e condições cresceu. No terceiro trimestre, 31% deles migraram para produtos mais baratos, aumento de 7 pontos porcentuais em relação ao ano anterior.
Além dos 55% que escolhem o local de compra pelo preço, 42% ajustaram o tamanho das embalagens para pagar menos, 32% adiaram as compras e 32% adotaram o modelo compre agora-pague depois. É quase o dobro da taxa em relação a Estados Unidos, México e as cinco maiores economias europeias.
“Esse método ganha popularidade no Brasil, impulsionado pela crescente digitalização dos pagamentos”, afirmaram Furtado e Fernandes.
A pesquisa também identificou variações nas intenções de gasto entre as gerações. Jovens até 24 anos, a Geração Z (nascidos entre 1997-2012), estão mais focados no consumo dos segmentos fitness e de móveis. Já quem está com 25 anos a 33 anos (Millennials: 1981-1996) planeja gastar com cruzeiros, reformas de imóveis e brinquedos, enquanto o público 60+ (Baby Boomers: 1946-1964) demonstra maior interesse em produtos de bem-estar. A Geração X (nascidos entre 1965-1980) não foi citada com uma propensão específica. A análise e o estudo da McKinsey estão neste link.
FOTO: Porapak Apichodilok/Pexels