Jornal impresso vai acabar?
O momento que atravessamos é um pouco cinzento. Nem acabou a mídia impressa nem ainda há uma consolidação total da informação eletrônica, mas o caminho é este
Num seminário da FIESP que participei ontem, no qual o jornalista Fernando Rodrigues fazia palestra, ele abordou a questão da decadência da chamada mídia impressa e em função disso fiz a pergunta do título.
Lembrei, como exemplo, este Diário do Comércio que já há meia década é jornal eletrônico, adequado às mudanças que a tecnologia trouxe e a maior facilidade (além dos custos obviamente eliminados) para quem é seu público-alvo.
E, acrescentei, por conta própria, a questão da eliminação, no atual governo, das vultuosas verbas públicas que eram destinadas pelos governos anteriores, aos veículos de comunicação de massa, o que praticamente os viabilizada econômica e financeiramente.
Vali-me do quadro que o próprio palestrante apresentou, mostrando números da queda da circulação dos até então três principais jornais do país.
O quadro indica que de 2014 a 2020, a Folha caiu na circulação de 211.933 exemplares diários para 65.385. O Globo de 204.780 para 78.167, o Zero Hora de 164.352 para 55.521 e o Estadão de 163.314 para 65.385. E o Valor Econômico caiu de 43.177 para 19.022 exemplares. Em números absolutos uma queda vertiginosa.
O jornalista Fernando Rodrigues que na década de 80 era repórter político iniciante em Brasília, da própria Folha (eu era em São Paulo, pelo mesmo jornal, até vir para este Diário do Comércio, em 1982, nesta coluna que honrosamente é publicada há 38 anos) dirige hoje um site eletrônico de informações.
A resposta à minha questão foi de que a tendência é com o tempo deixarem de existir os veículos impressos (jornais e revistas), restando, aqui e ali, alguma publicação que atenderá a nichos específicos, mas sem relevância ou influência. A informação estará, como vem crescendo na inversa proporção da queda da circulação dos impressos, na eletrônica.
Isto revela também porque há uma campanha sistemática da tradicional mídia impressa contra o presidente que teve a ousadia de cortar as verbas públicas que faziam muitos dos veículos hoje tentando derrubá-lo, ter altas fontes de receita publicitária oficial.
O momento que atravessamos é um pouco cinzento. Nem acabou a mídia impressa nem ainda há uma consolidação total da informação eletrônica, mas o caminho é este.
Há uma pesquisa que cada leitor desta coluna pode fazem em seu próprio círculo familiar. Além dos maiores de 50 anos, quem nas gerações dos 40, 30,20, lê jornal ou revista impressa em suas casas? Livros ainda há em todas essas faixas, mas jornais e revistas, são jurássicos para eles. Informam-se e vivem em função da mídia eletrônica e redes sociais.
Tudo isso será depurado também com o tempo (em pouco tempo) e os veículos eletrônicos que praticam o verdadeiro jornalismo, como este Diário do Comércio, serão as fontes dos que também não confiam nas informações que circulam abertamente, sem checagem e sem critério de jornalismo puro.
O jornal impresso será, em futuro próximo, no exemplo do Rodrigues, como disco de vinil.
Quem viver, verá.
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