Inadimplência na cidade de SP recua em 2024, mas ainda atinge 19,5% dos lares
A FecomercioSP aponta que, em dezembro do ano passado, 68,2% das famílias paulistanas estavam endividadas, sendo que quase 20% delas em situação de inadimplência e 8,9% sem condições de quitar as pendências

O endividamento das famílias da cidade de São Paulo recuou em dezembro de 2024, tanto na comparação mensal quanto na interanual, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
No último mês do ano passado, 68,2% das famílias entrevistadas para a pesquisa declararam estar endividadas. Em novembro, eram 68,4% e em dezembro de 2023, 68,7%. Segundo a federação, a diferença porcentual entre um ano e outro significa 124,2 mil lares a menos carregando dívidas.
Ainda assim, a taxa de endividamento de 68,2% é considerada elevada. Ela equivale a 2,78 milhões de famílias nessa situação.
A boa notícia, segundo a FecomercioSP, é que o prazo médio de comprometimento de dívidas teve redução ao longo do ano: de 8 meses, no começo de 2024, para 7,4 meses, em dezembro.
O porcentual da renda comprometida com as dívidas no último mês do ano passado era de 29,4%.
Inadimplência - Do total das famílias paulistanas endividadas, 19,5% afirmaram se encontrar inadimplentes em dezembro de 2024, ou seja, estavam com parcelas das dívidas atrasadas. O percentual foi o mesmo de novembro, mas menor que o de dezembro de 2023, quando 22,7% das famílias informaram estar inadimplentes.
O estudo mostra ainda que 8,9% dos lares endividados em dezembro do ano passado relataram que não teriam condições de quitar suas dívidas. O percentual foi o mesmo de novembro, mas caiu em relação a dezembro de 2023, quando 10,1% das famílias informaram ser incapazes que pagar o que deviam.
Análise – De maneira geral, como mostram os gráficos abaixo, a capacidade financeira das famílias paulistanas para lidar com suas dívidas melhorou gradualmente ao longo do ano passado. Segundo a FecomercioSP, o alívio financeiro foi resultado do ganho real de renda aliado à maior segurança no emprego.
“Apesar do aumento da taxa de juros, o cenário deve permanecer sustentável, mantendo o endividamento e a inadimplência sob controle ao menos até a metade deste ano”, diz a federação.

OS ‘CULPADOS’
O cartão de crédito foi responsável por 82,6% das dívidas das famílias paulistanas em dezembro de 2024. Em janeiro de 2024, esse percentual era de 85,5%, chegando ao pico de 88,1% em maio.
O crédito pessoal também registrou alta ao longo do ano, chegando a atingir 17,6% em setembro — maior nível desde 2012, mas encerrando o ano em 15,2%.

A FecomercioSP destaca que o aumento de dívidas não é necessariamente negativo, pois contrair crédito para consumo é fundamental à economia, especialmente em um país de renda média-baixa, onde é comum financiar aquisições. “O problema surge quando a conjuntura desfavorece a quitação dos créditos, levando à inadimplência.”
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