Haddad promete rediscutir com o comércio traçado das ciclovias
Prefeito de São Paulo e candidato à reeleição pelo PT foi nesta segunda-feira (19/09) o quarto participante do ciclo de debates da Associação Comercial de São Paulo com candidatos paulistanos

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, comprometeu-se na segunda-feira (19/09) a rediscutir o traçado das ciclovias, em reuniões com cada uma das 15 regionais paulistanas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Afirmou que não é função dele planejar ou arbitrar sobre as ciclovias -tarefa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Disse, no entanto, que convocaria os técnicos para o diálogo com os representantes do comércio, que argumentam terem sido prejudicados com a política desordenada - e sem prévia consulta - de instalação dessas vias diante de seus estabelecimentos.
Haddad foi o quarto participante do ciclo de debates que a ACSP está promovendo com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Ele o fez na qualidade de concorrente à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
A questão foi levantada por um dos participantes do debate, que se queixou da inexistência de um departamento da prefeitura que explicasse os critérios para que a avenida Lins de Vasconcelos recebesse de um dos lados uma ciclovia e, do outro, uma faixa exclusiva de ônibus.
Em razão disso, as lojas e os prestadores de serviço foram obrigados a fechar "um atrás do outro", deixando como remanescentes apenas os lojistas que são proprietários dos imóveis, já que eles não podem procurar um outro local.
O prefeito, que comparecia pela primeira vez à ACSP, decorridos três anos e nove meses de mandato, afirmou que a prefeitura está aberta ao diálogo e citou o caso da praça Vilaboim, no bairro de Higienópolis, onde o traçado da ciclovia foi refeito por sugestão do comércio e dos moradores.
Haddad afirmou apenas que não abre mão do programa, que a seu ver duplicou o número de ciclistas em São Paulo e diminuiu o número de vítimas em acidentes.
SANEAMENTO FINANCEIRO
Em sua exposição inicial, o prefeito disse estar entregando a prefeitura em situação financeira bem melhor que recebeu.
Mencionou a proposta feita pela então presidente Dilma Rousseff, de renegociar as dívidas municipais, trocando o indexador com o qual a dívida com a União era calculada.
O prefeito paulistano diz ter proposto um terceiro indexador, a taxa Selic, mas com valor retroativo ao início do empréstimo federal que consolidou a dívida municipal paulistana nos anos 1990.
São Paulo apresentava um grau de individamento de 200% de suas receitas líquidas, o que contrariava a Lei de Responsabilidade Fiscal (com limite de 120%).
Obtido esse recálculo da dívida, com a aprovação do Congresso, São Paulo, de acordo com Haddad, passou a dispor de R$ 17 bilhões para investimentos durante o quadriênio, R$ 2 bilhões a mais que o investido pela administração anterior, em valores já corrigidos pela inflação.
O prefeito disse ter ganho fôlego para obras no setor da educação, saúde e moradia, segundo um balanço de números que ele considera altamente positivos.
"Não foi nenhuma obra supérflua, foram todas fundamentais", afirmou.
Ainda durante a exposição inicial, ele disse ter melhorado a relação da prefeitura com o setor privado, criando a Controladoria Geral do Município e implantando um sistema, que deverá funcionar nas próximas semanas, que permite a abertura de uma pequena empresa em cinco dias.
Citou no balanço de sua administração a sanção da nova Lei do Zoneamento, dissociando o habite-se do alvará de funcionamento, aliás, por recomendação da Associação Comercial de São Paulo, a quem agradeceu a contribuição.
O debate ficou por momentos tensos quando alguns representantes das regionais da ACSP evocaram carências da prefeitura na educação, saúde (transformação de leitos hospitalares em alojamento) ou mesmo quanto às ciclovias.
O presidente da Associação Comercial, Alencar Burti, que presidia a sessão, fez intervenções apaziguadoras e insistiu na necessidade do diálogo.
MENTALIDADE "PARTIDARIZADA"
Haddad reconheceu problemas, como o prazo de 48 horas para que as subprefeituras fornecessem a certidão negativa do cadastro do contribuinte mobiliário (CCM), documento que na administração Kassab era emitido na hora.
Afirmou que a descentralização da emissão não foi uma boa ideia, que em breve passará a ser tarefa da Secretaria de Licenciamento.
O prefeito também se queixou da falta de recursos federais para promover um programa mais ambicioso de construção de moradias populares.
Apesar de ter entregue 12 mil unidades, existem 21 mil já licenciadas, aguardando por verbas que há dois anos a Caixa não libera. Se for para levar em conta as 84 mil unidades com terrenos já comprados - sobretudo pela iniciativa privada - "chegaríamos a 140 mil unidades, que totalizariam a metade do déficit habitacional de São Paulo".
Por fim, disse que sua administração foi injustamente acusada de maltratar moradores de rua, subtraindo-lhes os cobertores e permitindo que cinco deles morressem de frio. "Mas não houve um vídeo, uma foto que comprovasse algum abuso a ser punido."
As pessoas, na opinião dele, "partidarizaram demais a cidade de São Paulo. Tudo está partidarizado. E se é de determinado partido, não presta e não vale nada".
FOTO: William Chaussé