Franquia de calçados cresce num setor que encolhe
A Constance, marca mineira de calçados femininos, está na contramão do mercado, com expansão de 12,4% nas vendas neste ano, considerando as mesmas lojas. Veja como
Em 2022, a franquia inaugurou 36 lojas. Em 2023, 38. Neste ano serão 45, e, no ano vem, estão programadas mais 60. Hoje, são 281 unidades espalhadas pelo país.
O ritmo de expansão sugere uma marca de um setor também em alta, como o de supermercados, por exemplo, que cresceu 5,7% em um ano até junho, de acordo com o IBGE. Mas, não.
A franquia com números capazes de dar inveja a varejistas é a Constance, rede mineira de sapatos femininos, que pertence a um setor com desempenho negativo há algum tempo.
No primeiro semestre deste ano, por exemplo, o volume de vendas de calçados no mercado brasileiro caiu 0,3% em relação a igual período de 2023.
No ano passado, o número de pares comercializados já havia caído 4,9% em relação a 2022, de acordo com levantamento da consultoria IEMI – Inteligência de Mercado.
Aliás, todo o varejo de vestuário e calçados tem sofrido.
No primeiro semestre deste ano, o volume de vendas do setor caiu 0,5% sobre igual período de 2023 e 0,4% em 12 meses terminados em junho, de acordo com o IBGE.
CONTRAMÃO
Fundada há 20 anos pelo empresário Cássio Noronha, a marca mineira está na contramão do mercado com crescimento de vendas de dois dígitos neste ano.
No primeiro semestre, considerando as mesmas lojas, o faturamento da rede subiu 12,45% sobre igual período do ano passado. No total de lojas, a alta foi de 26,7%, no período.
Em pares, de janeiro a junho, as vendas subiram 7% em relação a igual período do ano passado. Considerando os meses de junho até agora, a alta é de 18,7%.
O conceito do negócio é o de self shoes. Os modelos dos sapatos ficam expostos por numeração. As clientes tem autonomia para prová-los, sem ter de recorrer a uma vendedora.
Com origem no setor moveleiro, Noronha decidiu levar para Belo Horizonte (MG) a ideia de self shoes após visitar uma loja da Shoestock, em São Paulo.
A marca, que surgiu em 1990, foi adquirida pelo grupo Magalu em 2021. Agora, opera somente no e-commerce, com a oferta de sapatos, bolsas e acessórios.
Enquanto isso, a Constance ocupa o lugar da Shoestock com lojas físicas em todos os Estados do Brasil e Distrito Federal.
A pergunta que fica é: como a empresa cresce num setor com performance negativa? Quem responde é Gleisson Fernandes, diretor de expansão da Constance.
“O nosso alicerce é o chão de loja, fazemos pesquisa boca a boca para conhecer os clientes, escutamos os vendedores, os gerentes, os profissionais de marketing, comercial.”
Hoje, diz ele, é muito difícil uma marca se manter. “O grupo familiar tem a filosofia de crescer com solidez, de forma coesa e acompanhar de perto as operações, a gestão do franqueado.”
Das 281 lojas, 45 são próprias. O estoque é formado por cerca de 400 modelos por numeração, do 33 ao 42.
Desde o final de 2022, a atriz Deborah Secco é a embaixadora da marca, o que tornou a Constance mais conhecida, especialmente com divulgação em redes sociais.
“A Deborah representa a nossa cliente, uma mulher que é mãe, trabalha, versátil”, afirma.
Rodrigo Keiti, CMO da rede, acrescenta que o bom desempenho da marca também se deve ao aumento da taxa de conversão no último ano.
No primeiro semestre do ano passado, de cada 100 clientes que entravam na loja, 17 saíam com uma sacola na mão. Neste ano, o número subiu para 20.
“Estamos trabalhando fortemente com qualificação de equipes, com a criação da Universidade Corporativa, no ano passado, para qualificar os profissionais”, diz.
O programa acabou sendo chamado dentro da rede de ‘Netflix do Varejo’, pois conta com 18 capítulos em vídeo para vendedores e 20 para gerentes.
MODELO DE NEGÓCIO