Felipe d’Avila se diz frustrado com terceira via

O pré-candidato à Presidência da República pelo Novo foi sabatinado por empresários na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Segundo ele, a falta de coordenação dos partidos de centro ajudou a concentrar as intenções de voto em Lula e Bolsonaro, o que colocaria a “democracia em risco”

Renato Carbonari Ibelli
13/Jun/2022
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Felipe d’Avila se diz frustrado com terceira via

Pré-candidato à Presidência da República pelo Novo, o cientista político Luiz Felipe d’Avila se diz frustrado com os passos dados pela chamada terceira via. Segundo ele, a ideia de unir os partidos de centro em torno de uma candidatura única não deu certo, o que tornou mais complicado quebrar a polarização Lula-Bolsonaro.

Há cerca de um ano, antes de aparecer como pré-candidato, d’Avila dizia que apenas quatro nomes poderiam unir o centro na direção de uma terceira via: o ex-juiz Sérgio Moro, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e o apresentador Luciano Huck.

Nenhuma dessas candidaturas vingou. Os partidos de centro têm hoje como pré-candidata a senadora Simone Tebet (MDB-MS), mas não há consenso em torno de seu nome.

“É uma grande frustração não conseguir unir a terceira via. Ela não tem mais propostas, não tem mais visão para melhorar emprego e renda”, disse d’Avila nesta segunda-feira, 13/06, durante ciclo de debates com candidatos à Presidência organizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Com a falta de coordenação dessa via alternativa, as intenções de voto acabaram concentradas entre Lula e Bolsonaro. Essa polarização, segundo o candidato do Novo, colocará a democracia do país em risco se não for quebrada. “Estamos em um momento crucial da nossa história. Se seguirmos esse curso, de escolher o mal menor, a democracia vai se esvair. Estamos em uma encruzilhada histórica”, disse.

Para d’Avila, estas serão as eleições mais desafiadoras desde a redemocratização. “O Brasil não aguentará mais um ciclo de populismo. Há 20 anos a economia não cresce, não gera renda, não gera emprego.”

Além da falta de união em torno de uma candidatura alternativa a essa polarização, para o pré-candidato do Novo, as opções que estão fora do espectro considerado populista têm dificuldades para vender suas ideias.

“Nós somos ruins para construir narrativas. Mas o Brasil moderno é dos empreendedores, e com eles nós falamos. Eles querem menos Estados, menos regras, menos burocracia. São 55 milhões de empreendedores que podem se interessar pelas nossas ideias”, afirmou.

Entre as ideias presentes no plano de governo de d’Avila estão as privatizações. Segundo o pré-candidato, esse seria o caminho para reduzir os preços e melhorar os serviços prestados. “Iremos privatizar tudo. Correios, Petrobras. Não reclamamos da concentração dos bancos? Então vamos privatizar Banco do Brasil, Caixa”, disse no debate na ACSP.

No caso específico da Petrobras, segundo d’Avila, o fato de a estatal produzir uma commodity que inevitavelmente irá se esgotar já justificaria sua transferência para o setor privado.

Ainda sobre a petroleira, disse que está em seus planos taxar a estatal e usar o recurso para estimular a economia de baixo carbono no país. Para o pré-candidato, esse é um dos caminhos para atrair investimentos.

Ele lembrou que as grandes nações se comprometeram com uma agenda de redução de carbono até 2050, e que nesse sentido, o capital só entrará em países que respeitarem as regras de ESG.

“Precisamos financiar os pequenos agricultores para que plantem árvores em terras degradadas. A economia de baixo carbono é a grande riqueza, e o Brasil tem condições da sequestrar metade do carbono do mundo”, disse.

Outro ponto de seu plano de governo é a abertura unilateral do comércio. Segundo o pré-candidato, este seria o caminho para reindustrialização do país. “O agronegócio conseguiu se engajar à economia global, mas nossa indústria não, porque foi viciada em subsídios”, disse d’Avila, complementando que a abertura teria de ser gradual, para não prejudicar as empresas nacionais.

O ingresso do país na OCDE também é considerado uma prioridade para o pré-candidato pelo Novo. Segundo ele, o ingresso exigiria que as regras tributárias e contratuais brasileiras seguissem os padrões internacionais, o que simplificaria a vida para os investidores.

Ainda sobre investimentos, d’Avila disse que para que entrem de fato no Brasil seria necessário acabar com a insegurança jurídica. Nesse ponto, ele critica as incursões do Judiciário sobre áreas que, segundo o pré-candidato, extrapolariam a alçada da Justiça. “O Judiciário precisa respeitar seu papel Constitucional. O Ministério Público, o Tribunal de Contas, o Supremo, não podem governar”, disse.

Na pauta da educação, a necessidade, segundo o nome do Novo, seria investir na carreira do professor e na educação de primeira infância. Além disso, d’Avila afirmou que pretende replicar pelo país programas na área da educação adotados isoladamente por alguns Estados, a exemplo de Pernambuco e Ceará.

“O Brasil tem vários exemplos que dão certo, mas que não escalam, e isso porque ninguém quer dar crédito político para o adversário. Isso é mesquinho. Política pública, para dar certo, tem de ter continuidade”, disse.

D’Avila foi o segundo pré-candidato à Presidência sabatinado por empresários no ciclo de debates da ACSP. Simone Tebet já fez sua participação. Os debates são realizados também com postulantes ao governo de São Paulo. Nesse caso, já fez a sua participação o ex-ministro da infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas

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