Fábrica de salgados marca início de sucessão nos negócios da Sodiê
Filho da fundadora, Diego Rabaneda lança seu primeiro projeto solo e assume a missão de expandir e internacionalizar a marca
Depois de 20 anos à frente da Sodiê Doces, Cleusa Maria da Silva, 51 anos, fundadora da marca, está reduzindo o ritmo de visitas aos franqueados e planeja sua aposentadoria para os próximos cinco anos. De agora em diante, é seu filho, Diego Rabaneda, 28 anos, quem assume o controle da rede.
O início da sucessão do negócio foi marcado pela inauguração da primeira fábrica de salgados da rede, que acaba de lançar uma nova marca: a Sodiê Salgados.
O projeto foi proposto por Rabaneda, e num primeiro momento, atenderá exclusivamente às 286 lojas franqueadas da Sodiê Doces com a venda de mini salgados para festas por quilo, fritos ou congelados. O investimento de R$ 4 milhões na unidade fabril deve aumentar em 15% o faturamento das lojas de doces franqueadas.
No entanto, até o fim deste semestre, a nova marca será lançada em quatro lojas próprias, que serão inauguradas em São Paulo, Barueri, Presidente Prudente e Londrina. As unidades comercializarão salgados para consumo imediato ou sob encomenda, além de bebidas.
"A Sodiê Salgados é um projeto do meu filho, independente da Sodiê Doces, e não terá bolos à venda", explica Cleusa.
A partir do segundo semestre, o negócio será liberado para o franchising e dará preferência aos franqueados da Sodiê Doces na abertura das primeiras lojas, que devem ter um investimento inicial de R$ 250 mil.
SUCESSÃO
Decidir o futuro de seu negócio nunca foi um dilema na vida da empresária. O primogênito de Cleusa acompanha o trabalho da boleira desde pequeno, quando toda a produção de doces ainda era feita na cozinha da casa em que moravam, em Salto, a 114 quilômetros de São Paulo.
Embora admita que a mentoria recebida na formatação da Sodiê em franquias tenha sido fundamental para o sucesso do negócio, Cleusa afirma que não haverá intermediários no processo de sucessão.
"Tenho confiança de que o aprendizado que ele acumulou nos últimos anos é mais do que suficiente. Um terceiro nesse processo nos distanciará da operação, e isso vai contra a nossa essência", diz Cleusa.
Rabaneda acredita que foram as longas madrugadas que passou observando a mãe assando, recheando e decorando bolos que, naturalmente, o levou a trabalhar no negócio da família.
“Se em algum momento sentirmos alguma dificuldade, não terei dúvidas em contratar uma consultoria. Mas por enquanto, estamos bem dessa forma”, afirma o sucessor.
Quando Cleusa conseguiu os primeiros franqueados, era ele quem emitia e postava todos os boletos bancários. Mais tarde, aprendeu um pouco sobre como era feita a administração da rede.
Logo se tornou o responsável pela pesquisa de mercado. Viajava pelo Brasil em busca de cidades com potencial para novas franquias.
Hoje, o filho é quem negocia com fornecedores, conversa pessoalmente com cada candidato a franqueado e decide quem fica, além de visitar mais de uma dezena de lojas por semana.
Para dar início ao processo de sucessão, Cleusa deu carta branca para Rabaneda tirar do papel o primeiro projeto que desenvolveu sozinho: a Sodiê Salgados.
O novo braço alimentar da Sodiê começou com um programa piloto, em Assis, onde a família mora. Além de testar receitas, recheios, padrões de tamanho, Rabaneda também projetou o formato das novas lojas.
Foram seis meses de testes até chegar ao cardápio final – 32 tipos de salgados fritos e assados, que foram testados em 40 lojas durantes seis meses.
Enquanto isso, uma fábrica de 1,3 mil metros quadrados era construída na cidade de Boituva, distante 116 quilômetros da capital paulista, com capacidade de produzir cerca de 50 mil salgados por dia.
Diferentemente da Sodiê Doces, onde cada franqueado é responsável pela compra de produtos e elaboração dos bolos, a Sodiê Salgados distribuirá todos os produtos prontos e congelados.
Uma van irá abastecer todo o estado de São Paulo, visitando cada loja a cada 15 dias. Já outros dois caminhões terão 12 estados como destino, cada um levando seis mil quilos de salgados. O roteiro foi pensado para que os caminhões retornem do Nordeste abastecidos de camarão, e do Paraná trazendo palmito.
Outro ponto defendido pelo jovem empresário é a construção de um centro logístico, nos próximos dois anos, bem perto de onde a fábrica de salgados foi inaugurada. A intenção é liquidar a dependência de terceiros no negócio.
"Para expandir é fundamental manter todos os setores sob controle. Não quero que nada seja terceirizado, somente o fornecimento de matéria-prima", diz Rabaneda.
MERCADO INTERNACIONAL
Outra novidade para o início de 2018 será a entrada da marca no mercado internacional. O plano é abrir duas lojas próprias, em Miami e Orlando.
Rabaneda explica que a empresa vem estruturando o plano desde 2014, o que inclui a formalização dos trâmites legais, a escolha de imóveis e teste de aceitação de sabores dos bolos.
A parceria com a Nestlé é um dos pilares da base do novo negócio. Presente em muitos países, a multinacional será a responsável pelo abastecimento das lojas. A rede já possui um contrato de exclusividade com a empresa, e 70% dos produtos usados na criação dos bolos são da Nestlé.
"Já estamos com tudo encaminhado", afirma Rabaneda.
A internacionalização surgiu da demanda de brasileiros morando fora do Brasil. Hoje, 40 pessoas disputam a possibilidade de abrir o negócio da marca nos Estados Unidos.
*FOTOS: Mariana Missiaggia e Antônio Dantas