Estudo revela que quase 100 mil lojas fecharam as portas
Hiper e supermercados com lojas de vestuário totalizam 45% dos pontos de venda que encerraram as operações no ano passado
Levantamento conduzido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta o fechamento líquido de 95,4 mil lojas com funcionários em 2015.
Os números representam um balanço final do ano, de acordo com os dados de dezembro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
O volume corresponde a uma retração de 13,4% nos estabelecimentos comerciais que empregam ao menos um funcionário. Nem mesmo as grandes lojas do varejo foram poupadas: nos últimos 12 meses, esses estabelecimentos registraram recuo de 14,8%.
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De acordo com a Confederação, o encerramento das lojas é consequência direta da queda expressiva no volume das vendas em meio à pior crise enfrentada pelo varejo brasileiro nos últimos 15 anos.
"É consequencia da diminuição do mercado, do aumento de custo, da queda do emprego e da renda e da dificuldade para obter crédito. Esses números são o reflexo da crise", afirma Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
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“O levantamento evidencia a dimensão da crise no varejo, que afetou todos os setores, inclusive os grandes, que, teoricamente, têm mais capacidade de enfrentar o quadro recessivo. Além disso, chama a atenção porque ela está presente praticamente no país inteiro”, afirma o economista Fabio Bentes.
POR SETOR
De acordo com o estudo, todos os segmentos de varejo apresentaram queda no número de lojas, destacando-se, em termos relativos, os ramos mais dependentes das condições de crédito: materiais de construção (-18,3%), informática e comunicação (-16,6%), móveis e eletrodomésticos (-15,0%).
Em termos absolutos, hipermercados, supermercados e mercearias formam o segmento com maior redução no número de lojas em relação a 2014.
Foram 25,6 mil estabelecimentos fechados no ano passado, de um setor que reponde por um em cada três pontos comerciais do País. Esse segmento e o de lojas de vestuário e acessórios responderam por quase metade (45%) das lojas que encerraram operação.
POR ESTADO
O estudo revela, ainda, que das 27 unidades da Federação apenas uma não apresentou queda no número de lojas: Roraima. Espírito Santo foi o Estado mais afetado (-18,5%), seguido por Amapá (-16,6%) e Rio Grande do Sul (-16,4%). Os Estados de São Paulo (-28,9 mil), Minas Gerais (-12,5 mil) e Paraná (-9,4 mil) responderam, juntos, por mais da metade (53,3%) da queda no número de estabelecimentos.
De acordo com dados mais recentes da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, de janeiro a novembro de 2015 o varejo registrou retração de 8,4% no conceito ampliado, que incorpora os resultados do comércio automotivo e de materiais de construção, superando o primeiro recuo em 15 anos, verificado em 2014 (-1,6%).
A perspectiva é que essa situação persista em 2016. "Todos os fatores adversos que ocorreram no ano passado persistem neste ano. Não há nada que indique uma mudança desse cenário. A tendência é de a taxa de desemprego subir ainda mais", diz.
O indicador antecedente de desempenho do varejo da ACSP, diz Solimeo, aponta que, até maio deste ano, as vendas do comércio devem continuar em queda.