Crise leva Lojas Marisa a cortar operação de venda direta
Já a Hering quer testar diferentes modelos de estabelecimentos com a marca DZARM
A Marisa Lojas, rede especializada em moda feminina, decidiu descontinuar as operações de venda direta.
De acordo com a empresa, a medida visa concentrar esforços em negócios mais maduros e reduzir as iniciativas que requerem empenho e esforços adicionais, diante do aumento do nível de incerteza e da deterioração do cenário econômico atual.
"Começamos esta iniciativa em 2012, não somente pelo potencial de vendas e rentabilidade da operação, mas também pela capilaridade e projeção de marca que a mesma oferecia. No entanto, a degradação acelerada do ambiente de consumo faz com que o retorno do projeto se torne por demasiado longo", afirma Adalberto Santos CFO da Marisa Lojas, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
"É importante mantermos o foco na busca de eficiência nas operações mais maduras e ampliarmos a capacidade de geração de caixa", afirma.
No mesmo documento, Márcio Goldfarb, presidente da empresa, destaca que "a crise econômica enfrentada pelo país, sem precedentes na nossa história recente, foi fator decisivo para descontinuar a operação de venda direta".
HERING JÁ TESTA NOVOS MODELOS
A Cia Hering já deve tocar em 2016 um projeto piloto para expansão da marca DZARM, cuja primeira loja própria foi lançada nesta semana em São Paulo.
O objetivo da companhia, conforme Edson Amaro, diretor de marcas da empresa de vestuário, é testar diferentes modelos de estabelecimentos e a receptividade do consumidor final para, depois, iniciar um plano de abertura de franquias.
As lojas próprias da marca em shoppings voltam a ser uma ambição depois que a empresa concentrou esforços em vender apenas para lojistas terceiros.
O primeiro estabelecimento, no shopping Higienópolis, bairro nobre da capital paulista, chega com a proposta de competir com "boutiques" de produtos de forte conteúdo de moda, mas com valor atraente.
Na avaliação de Amaro, as vendas da DZARM no varejo multimarcas já vinham dando sinais positivos depois que a empresa iniciou uma reformulação da marca no final do ano passado.
"Naquele momento, a Cia Hering decidiu encerrar a coleção de roupas masculinas, mas, se esse efeito for desconsiderado, as vendas das peças femininas têm crescido dois dígitos."
A Cia Hering tem adotado um tom cauteloso para expansão e abertura de novas lojas no ano, porém a inauguração de uma unidade da DZARM vinha sendo um dos focos, mesmo diante da desaceleração nas inaugurações como todo.
China
A Cia Hering espera também que melhores negociações com fornecedores chineses e a produção local amenizem os impactos do câmbio nos custos das coleções. Durante evento em São Paulo, ele destacou a flexibilidade da companhia para utilizar a produção própria e parcerias com outros fabricantes, como forma de manter preços atrativos nas lojas, mesmo diante da pressão de custos.
"Uma das características da companhia é o custo competitivo dos produtos, e isso é possível porque temos flexibilidade no fornecimento. O dólar pode ser uma surpresa, mas fazemos ajustes dentro de um risco calculado."
A Cia Hering anunciou este mês mudanças em sua diretoria. O movimento foi mal recebido pelo mercado, pois, na avaliação de analistas, essa alteração revela dificuldades de a empresa implementar seu plano de retomada do crescimento da Hering.
Para Amaro, o objetivo da mudança foi dar mais agilidade para as decisões corporativas. Para as marcas Hering, PUC e Hering Kids, o desafio da companhia tem sido "limpar" estoques antigos que ainda existiam na rede de franquias.
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Fotos: Estadão Conteúdo