Conheça o empreendedor que trouxe a Johnny Rockets ao país
O engenheiro Antônio Augusto Ribeiro, ex-franqueado do McDonald’s, hoje está à frente de uma rede que fatura R$ 45 milhões ao ano no Brasil
Franqueador máster da rede americana de hamburgueria Johnny Rockets, Antônio Augusto Ribeiro de Souza, 52 anos, chega ao Shopping Iguatemi, local marcado para a entrevista, e é abordado por um morador em situação de rua que lhe pede dinheiro. O dinheiro é dado e, surpresa, quem agradece é Augusto, como prefere ser chamado.
“Sempre faço isto. Colaboro com quem precisa e agradeço. É a maneira que escolhi para agradecer a tudo de bom que acontece comigo”, afirma.
Paulistano do Tatuapé, Augusto é engenheiro Elétrico que nunca exerceu o ofício. “Não sei trocar uma lâmpada”. Filho de um vendedor industrial, de quem herdou a vocação para vendas, começou a vida profissional como empreendedor no ramo de cereais.
Teve uma corretora de importação e exportação na década de 1980. Ficou no ramo até 1992, quando um amigo o chamou para ser seu sócio em uma franquia da rede McDonald’s, a maior cadeia mundial de restaurantes de fast food de hambúrguer, que serve cerca de 68 milhões de clientes por dia em 119 países, com 35 mil pontos de vendas.
A franquia era em São Paulo. O desempenho de sua loja foi tão bom que a direção do McDonald’s o contratou para ser gerente de lojas. Gerenciou 20 unidades.
Em 1996, resolveu ir para Recife. Havia chegado a hora de partir para a carreira solo. Já casado e pai de três filhas, levou a família para a capital de Pernambuco. Obstinado, queria tocar uma unidade como franqueador, agora sozinho.
O negócio prosperou. Em 1999, já acumulava cinco lojas do McDonald’s: a de recife, duas na cidade de São Paulo, duas em Santo André e duas em Mauá, no ABC paulista.
Analisando o mercado, Augusto percebeu que era hora de alçar voos mais altos. Vendeu as franquias da loja do Recife por U$ 600 mil e as de São Paulo, Santo André e Mauá por U$ 1 milhão, em média, cada uma. Com a mulher e as filhas, viajou para os Estados Unidos.
E foi lá que conheceu a Johnny Rockets, uma rede americana especializada em hambúrgueres. A cúpula da rede queria internacionalizar a marca e entrar no mercado brasileiro.
Então, a direção da rede e o próprio Augusto tomaram conhecimento de um problema que iria parar nos tribunais e se transformaria numa arrastada briga judicial. Em São Paulo, mais exatamente no bairro dos Jardins, na esquina da Alameda Lorena com a Rua Melo Alves, havia uma loja muito conhecida dos paulistanos, que vendia hambúrgueres deliciosos e que estampava na fachada o nome Rockets.
O proprietário, Carlos Campos, não tinha autorização da matriz americana para funcionar no Brasil. A logomarca da Rockets era idêntica à da Johnny Rockets. Consultado, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) avisou que não havia nenhum registro para que a Rockets funcionasse no país.
A briga judicial se arrastou de 2003 a 2011, quando veio a sentença. Em março de 2012, a Rockets deixou de usar o nome na fachada. Aos olhos da lei, só a Johnny Rockets tem direito ao uso do nome.
A decisão da Justiça é definitiva. Não cabem recursos. Hoje, no endereço onde havia a Rockets, está uma das unidades da Rede Meats, também hamburgueria.
Carlos Campos também é o proprietário da Meats. Procurado pelo Diário do Comércio, alegou que o assunto já foi suficientemente abordado e não quis dar entrevista.
TINO COMERCIAL
Enquanto esperava a decisão da Justiça, Augusto seguiu em frente, fazendo o que gosta: vender. Sempre no ramo alimentício, ia de shopping em shopping oferecendo produtos para abastecer as lojas de comida.
“Eu vendia tudo. Era representante de várias empresas de alimentação do país. Nasci para empreender”, afirma ele.
Em 2013, Augusto finalmente conseguiu abrir a primeira unidade franqueada da Johnny Rockets no Brasil, no Shopping Guarulhos, nas proximidades do aeroporto.
A rede de hambúrgueres nasceu em 1986, em Hollywood, distrito da cidade de Los Angeles, na Califórnia. Hollywood concentra inúmeras empresas do ramo cinematográfico e exerce influência na cultura global.
A rede soube aproveitar a importância do cinema na vida das pessoas. Cenas do filme De Volta para o Futuro 2 acontecem em uma das lojas da Johnny Rockets. A trama, de 1989, com Michael J. Fox no papel principal, conta a história do cientista Doc Brown, que leva a namorada Marty para o ano 2015 para resolver uma questão familiar.
A rede não se resume a servir os deliciosos lanches. É forte também no ramo de entretenimentos. Quem vai à uma de suas lojas pode, enquanto come, ouvir músicas e dançar. A permanência do cliente dentro de uma loja da rede costuma ser de uma hora a uma hora e meia.
“O diferencial da rede é o ambiente acolhedor e festivo. As atrações musicais atendem a todas as faixas etárias. É comum entrar na loja e encontrar pessoas de 60, 65 anos, 80 anos de idade e também jovens. E o nosso milke shake é o melhor do mundo”, avisa Augusto, deixando vir à tona o seu tino comercial.
Trata-se de uma rede temática, que em 2016 faturou R$ 45 milhões, apenas no Brasil. “A Johnny Rockets é uma marca cult. Vendemos serviços e entretenimento”, diz ele.
EXPANSÃO
Atualmente a rede opera em 40 países. Para ter uma franquia da rede no Brasil, o interessado vai ter de pagar uma taxa de U$ 50 mil. Para montar uma loja, o franqueado vai gastar de R$ 700 mil a R$ 1,3 milhão, dependendo do tamanho do ponto e de sua localização.
O candidato a franqueado recebe de Augusto toda a orientação para o sucesso do negócio.
São 12 lojas da rede espalhadas por São Paulo e Goiás. A expectativa é expandir a rede para 50 lojas até 2020. Um total de 430 funcionários trabalham nas 12 unidades da rede, com fórmulas próprias de receitas, todas americanas.
FOTOS: DIVULGAÇÃO E WLADIMIR MIRANDA
ARTE: GUTO CAMARGO