Busca Busca atrai novos compradores para a região do Brás

Volume de visitantes cresceu 10% no bairro nos últimos 12 meses, segundo a Alobrás, depois da inauguração da loja que virou fenômeno nas redes sociais

Cibele Gandolpho
19/Dez/2024
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Busca Busca atrai novos compradores para a região do Brás

Desde que a loja Busca Busca foi inaugurada no Brás, há 1 ano, o comércio da região, famoso por sua tradição em moda, ganhou um incremento de cerca de 10% de visitantes. A informação é da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás).

São pessoas que não tinham o costume de frequentar a região, mas que agora vão em busca das novidades tecnológicas, de utilidade doméstica, maquiagens, entre outros produtos oferecidos pelo Busca Busca, e acabam visitando as lojas de roupas do local.

O Brás tem 15 mil estabelecimentos comerciais, considerando lojas de rua, de shoppings e galerias, por onde circulam mais de 400 mil pessoas por dia. No entanto, no período antes do Natal, esse número sobe para mais de 1 milhão de visitantes diários.

O próprio criador do Busca Busca, Alex Ye - o ‘chefe do benefício’ -, que caiu no gosto das redes sociais, foi um lojista de moda por muitos anos nessa região. Mas depois que sua loja de importados ficou famosa, ele fechou as unidades da Bella Plus e resolveu focar apenas nos eletroeletrônicos.

“O impacto da chegada do Busca Busca é muito positivo. O público que procura eletrônicos lá acaba consumindo alguma coisa nas demais lojas. É uma absorção pequena, mas considerável. Claro que há pessoas que só vão lá, mas muita gente tem circulado”, afirma Lauro Pimenta, vice-presidente da Alobrás.

Com o sucesso do Espaço Busca Busca, lojistas de outros segmentos além do têxtil têm se instalado no Brás. “São milhares de produtos novos no bairro. Isso aumenta a permanência, amplia a capacidade do bairro de atender ao Brasil inteiro”, complementa Pimenta.

O presidente da Alobrás, Fauze Yunes, afirma que nos últimos 12 meses o fluxo de consumidores no Brás cresceu 10%. “Há uma absorção do público dele [Alex Ye], em torno de 20%. O Brás tem 55 ruas, a região é bem grande, então esse fluxo extra se dá mais no entorno do próprio Busca Busca.”

A Ascona, focada em moda infantil, com três unidades no Brás e outras três em outros locais, tem uma loja bem próxima ao Busca Busca. Dunia Saed, Gerente da Ascona, comenta que sentiu os reflexos causados pela loja de eletroeletrônicos no último ano. “Fomentamos o aumento na vinda de pessoas para o comércio físico do Brás. Mas, de um modo geral, a frequência teve uma elevação”, diz.

DOMINGOS

O comércio no Brás não tem uma regra definida aos domingos e feriados. Algumas lojas abrem e outras não, mas sempre tem algumas funcionando até as 14h, principalmente as que ficam próximas ao Mercado Municipal. No entanto, na proximidade do Natal, tudo abre por ser a melhor época para o comércio local.

O próprio Alex Ye já tinha o desejo de abrir aos domingos, independentemente das festas de fim de ano. “Temos uma galera que não consegue vir em dias de semana. Então, começamos a abrir aos domingos e tem sido um sucesso, principalmente agora para o Natal. Dá para passear com calma no domingo. Contratamos e ainda vamos contratar mais funcionários para melhor atender aos nossos clientes”, afirma Ye.

Abrir aos domingos no final de ano não é uma novidade na região, garante o presidente da Alobrás. “Todos os anos, a maioria dos lojistas faz isso no Natal e volta a fechar em janeiro. Resta esperar para ver se o Busca Busca vai manter os domingos funcionando. A probabilidade é que todas as lojas voltem a fechar em janeiro”, avalia.

Ele também é proprietário da loja Dinho’s, focada na venda de jeans, e está abrindo aos domingos neste fim de ano, mas volta ao normal em janeiro. “Aproveitamos o grande fluxo das festas e fazemos isso há anos. Comercialmente, vale a pena para nós apenas nesta época”, afirma Yunes.

Já Pimenta, que além de vice-presidente da Alobrás é dono da Dejelone, que vende todos os tipos de jeans e fica bem próxima ao Busca Busca, diz que foi ao Brás no último domingo fazer compras com a esposa e ficou surpreso com o movimento em relação ao mesmo período do ano passado.

“Eu acabei não abrindo minha loja naquele dia. Se eu tivesse dimensionado corretamente, teria aberto, porque tinha bastante gente lá depois da divulgação do dono do Busca Busca pelas redes sociais que ia funcionar aos domingos”, revela.

Pimenta detalha os custos dessa prática: “Para mim, vale muito a pena, mesmo pagando dobrado os funcionários, dando café e almoço. O faturamento que temos aos domingos nos fins de semana às vésperas do Natal equivale a um dia bom da semana.”

Quem gostou das lojas abertas aos domingos foi a professora Cledemar Ribeiro, 38 anos, moradora de São Bernardo do Campo. “Eu não tenho tempo de vir durante a semana, dou aula em dois turnos. No sábado, faço minhas coisas em casa, mercado etc. Adorei poder vir com calma neste domingo para comprar roupas para as festas de fim de ano e aproveitei para conhecer o Busca Busca, que ouço tanto falar.”

Cledemar conta que esperava conhecer o espaço e comprar algumas coisas, mas exagerou. “Acabei gastando R$ 520 (rindo) de produtos”. Ela comprou eletroeletrônicos, maquiagem e brinquedos para presentear a família, além das roupas nas lojas de rua do Brás. “Podia abrir sempre aos domingos. Eu iria falir de tanto vir aqui”, brinca a professora.

PÓS-PANDEMIA

A chegada do Busca Busca é só mais uma das novidades que nos últimos anos deixaram o Brás mais dinâmico. A transição de um local tradicionalmente frequentado por sacoleiros em busca de produtos têxteis para uma região de comércio mais diversificado ganhou força após a pandemia da covid-19, quando novos modelos de negócios foram criados, moldando a antiga realidade do comércio do bairro.

Obrigadas a fechar as portas para evitar a disseminação da doença a partir de 2020, muitas lojas perderam clientes e vários varejistas e atacadistas ficaram sem rumo, mudando até de área.

Pimenta, da Dejelone, é um exemplo. Ele precisou se mexer para passar pelo período. Sua empresa familiar, com mais de 30 anos de tradição no Brás, só vendia no modelo físico antes da pandemia. “Percebemos em um determinado momento que precisávamos vender online para manter o negócio”, diz.

Assim como ele, dezenas de outros lojistas também se viram em uma situação complicada durante a pandemia. Segundo a Alobrás, antes da covid, cerca de 10% dos lojistas tinham um e-commerce. “O número de lojas com site próprio atualmente chega a 30% e as que vendem online, independentemente de uma plataforma, representam 80% no total”, diz Pimenta.

 

IMAGEM: Paulo Pampolin/DC

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