Britânicos consomem caipirinha produzida em Jundiaí
Internacionalização dos negócios da família Brunholi teve início há um ano e meio, com uma leva de três mil garrafas da bebida para a República Dominicana e Reino Unido. Garrafa é vendida pelo equivalente a R$ 96

A produção de vinhos e cachaças no interior de São Paulo já possui roteiros bem estabelecidos e é também responsável por movimentar a economia de pequenas cidades, especialmente nos finais de semana.
Muitos desses pequenos negócios surgiram com a chegada de imigrantes ao Brasil em busca de terra para cultivar suas plantações.
Desembarcados em 1889, os italianos da família Brunholi vieram para o país para plantar café numa fazenda, em Jundiaí, a 60 quilômetros da capital.
Mais tarde, acabaram migrando para o plantio de uva, que lhes garantiu recursos para construir um complexo que reúne restaurante, adega e loja. O negócio, chamado de Villa Brunholi, conta com mais de cem funcionários.

Com uma produção independente de vinhos e licores, a quarta geração da família representada por Paulo Brunholi, presidente da Villa Brunholi, é a responsável pela internacionalização do negócio, que faturou R$ 700 mil, em 2017.
Atualmente, a garrafa de caipirinha dos Brunholi é a estrela da casa e já foi parar nas prateleiras de empórios da República Dominicana e do Reino Unido, onde a bebida, contendo 750 ml, é vendida por 18 libras (cerca de R$ 96).
INTERNACIONALIZAÇÃO
Tudo começou há dois anos, quando a Brunholi começou a produzir sua própria cachaça e reformulou os sabores de licores – um deles misturava cachaça, limão e açúcar. A combinação, no entanto, remetia muitos clientes ao sabor da caipirinha.
“Desse licor, fomos aperfeiçoando até chegar na fórmula ideal para produzir uma caipirinha engarrafada, que hoje, é nosso produto de exportação”, diz.
Químico e hoteleiro de formação, Paulo diz que para atestar a qualidade e sabor que realmente remete ao produto fresco, recém-preparado, a empresa desenvolveu uma técnica para evitar que a bebida fique amarga por conta da extração do suco do limão.
O herdeiro pontua que foi justamente a regionalidade da bebida e o diferencial dela só apresentar oxidação após 18 meses, mesmo sem conservação em geladeira, que os levou a pensar na exportação.
Além disso, ainda há uma certa resistência no mercado nacional em relação aos produtos prontos, que na maioria das vezes, têm sabor muito artificial.
Outra sacada do empresário foi negociar a comercialização do produto em empreendimentos da região de Jundiaí e Campinas, como, por exemplo, na rede de hotéis Ibis.
“Assim, o estrangeiro já tem à disposição no quarto a caipirinha para beber e também para levar como presente, ajudando assim a difundir ainda mais nosso drinque nacional”.
VINHOS NA BEIRA DA ESTRADA
Até o início da década de 1990, a família Brunholi viveu exclusivamente do plantio de uva e produzia poucas garrafas de vinho para consumo próprio.

No entanto, com a implantação do Plano Collor, a família perdeu quase todo o dinheiro. Daí, a bebida, que também servia para presentear amigos e vizinhos, começou a ser vendida na beira de uma estrada que levava a um restaurante de grande movimento.
Junto com as bebidas, os Brunholi passaram a vender doces e biscoitos comprados em Minas Gerais. Em pouco tempo, o que era apenas uma barraquinha, se tornou uma loja.
“O movimento era tanto que percebemos que havia demanda para outro estabelecimento. Assim, resolvemos abrir nosso próprio restaurante", diz Paulo.
Foi quando surgiu, há 15 anos, o restaurante Villa Brunholi, especializado em gastronomia italiana.
IMAGENS: Mariana Missiaggia/Diário do Comércio e Divulgação