‘Brasil tem potencial para liderar acordo entre Mercosul e União Europeia’

A análise foi feita durante reunião do Cops, da ACSP, pelo político português Miguel Relvas, que abordou também as consequências das medidas adotadas pelo governo Trump

Silvia Pimentel
25/Fev/2025
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‘Brasil tem potencial para liderar acordo entre Mercosul e União Europeia’

O ministro adjunto do Primeiro-Ministro e dos Assuntos Parlamentares no XIX Governo de Portugal, Miguel Relvas, exaltou as potencialidades do Brasil para tornar-se líder no acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que vai integrar um dos maiores blocos econômicos do mundo ao reunir cerca de 718 milhões de pessoas e um PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 22 trilhões.

“É um país novo, democrático, liberal, tolerante do ponto de vista religioso, com forte capacidade de adaptação, um mosaico sóciocultural e com negociadores muito eficientes. Nunca, Brasil e Europa precisaram tanto um do outro como no momento atual”, disse o político português, durante palestra realizada na segunda-feira, 24, pelo Conselho Político e Social (Cops), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Para marcar posição de influência no âmbito do acordo comercial anunciado em dezembro do ano passado, sobretudo pelo seu grande potencial na área da agricultura, Relvas, que é um profundo conhecedor das particularidades do Brasil, conclamou os empresários a fazerem lobby em Bruxelas, sede da União Europeia, e junto ao governo brasileiro.

“A força de um país vem do pequeno e do médio empresário. São eles que correm riscos, que têm dificuldades de acesso ao crédito. E as associações comerciais vão assumir um importante papel na consolidação desse acordo de comércio, que não é apenas uma oportunidade econômica, mas uma necessidade política”, disse Relvas. Para o político português, o assunto também deve entrar na agenda do governo, especialmente por conta das eleições, em 2026.

Além das potencialidades do país, Relvas também citou alguns problemas brasileiros que precisam ser solucionados até o fechamento do acordo, como a burocracia envolvendo a entrada de capitais. “É o único país do mundo que eu conheço que faz restrições para a entrada de capitais. E é o investimento o maior responsável pela riqueza de uma nação”, criticou, ao defender, também, a necessidade de simplificação das políticas fiscal e trabalhista no Brasil para tirar proveitos desse acordo.

GUERRA

Relvas também fez uma análise sobre os rumos da guerra entre a Ucrânia e Rússia, que acaba de completar três anos. Na sua visão, o processo de paz vem sendo marcado por avanços e recuos.

Os americanos, disse o político português, estão com uma arrogância inacreditável, embora a América nunca esteve tão fraca no mundo, com uma dívida astronômica e problemas internos significativos. “Não haverá paz sem a participação da Europa nas negociações”, concluiu.

Sobre as consequências para o mundo das medidas polêmicas adotadas pelos Estados Unidos, Relva ressaltou que Trump é um homem de negócios que olha para o resultado final, o que traz muitas vantagens, mas não dá a devida importância aos efeitos colaterais das suas iniciativas.

”É isso que muitas vezes falta aos homens de negócios na política”, disse, ao lançar uma reflexão sobre os efeitos de uma eventual paz entre Ucrânia e Rússia e o fim do conflito em Israel. “É possível que ganhe o Prêmio Nobel da Paz”, alertou.  

Participaram da reunião os presidentes da ACSP, Roberto Mateus Ordine; da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), Alfredo Cotait, o coordenador do Cops, Heráclito Fortes, e o ex-presidente Michel Temer.

IMAGEM: Cesar Bruneli/ACSP

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