BofA eleva preços e ações do Mercado Livre alcançam recorde

O Bank of America (BofA) está recomendando a compra das ações do Mercado Livre (negociadas na Nasdaq), e elevando o preço-alvo das ações, de US$ 2.250 para US$ 2,5 mil, um aumento de 11,1%. Na última quinta-feira (12/09), os papéis foram vendidos a US$ 2.140, recorde nominal desde o IPO, em 2019, e a maior alta em um ano. Considerando esse número, a valorização projetada pelo BofA é de 16,8%.

A recomendação é baseada nas expectativas de crescimento acelerado impulsionado pelo programa de fidelidade Meli+, recentemente lançado no Brasil. Em relatório, o banco destaca que o Meli+, plataforma de assinatura do e-commerce – que oferece cashback, prazos estendidos para “compre agora, pague depois” (BNPL) e melhores rendimentos em depósitos – têm o potencial de aumentar significativamente a frequência de uso do marketplace, e a adoção de outros produtos financeiros da plataforma Mercado Pago.

São US$ 570 milhões anunciados para sustentar o crescimento da plataforma. O BofA acredita que o aumento no volume bruto de mercadorias (GMV), no uso de crédito e na adoção do Meli Dollar, a stablecoin, moeda digital da empresa, deve compensar esses custos e impulsionar o crescimento de longo prazo. Além disso, o banco espera que essas iniciativas aumentem a eficiência no financiamento, e ampliem o apelo do programa de fidelidade, com uma penetração prevista de até 50% - o que ajudaria a aumentar o engajamento dos usuários e a monetização do marketplace. Essa visão positiva levou à elevação do objetivo de preço.

A varejista nascida na Argentina, que é a empresa mais valiosa da América Latina – US$ 108,5 bilhões no fechamento de mercado da última quinta-feira (12/09) – apresentou receita líquida de US$ 9,4 bilhões no primeiro semestre deste ano, aumento de 39% em comparação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido foi de US$ 875 milhões (aumento de 89%).

O Ebitda nos primeiros seis meses de 2024 foi de US$ 1,562 bilhão, aumento de 16,5% ante igual período no ano anterior. Segundo Richard Cathcart, diretor de Relações com Investidores e Inteligência de Mercado do Mercado Livre, a empresa atingiu o maior crescimento de itens vendidos e de compradores no e-commerce desde 2021, ano de pandemia. “A operação tem um aumento muito forte e está ganhando cada vez mais força. E o Brasil foi o grande destaque dentro disso”, afirmou. No Brasil, o crescimento de GMV foi de 36%.

LIDERANÇA

Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a indicação do BofA se deve pela expansão da empresa por meio de novos centros de distribuição, tanto no Brasil quanto em outros países da América Latina.

“Esse movimento fortalece a posição do Mercado Livre de liderança, mesmo com a concorrência asiática”, disse Cruz. “O sucesso financeiro recente da empresa indica boas perspectivas.”

Já Paloma Lopes, economista e assessora de investimentos da Valor Investimentos, diz que a performance da companhia tem relação com o otimismo econômico recente nos Estados Unidos, impulsionado pelo debate de quarta-feira (11/09), no qual Kamala Harris (Partido Democrata), que trouxe esperança em relação ao combate à recessão em respostas durante o embate com o ex-presidente Donald Trump (Partido Republicano).

“Esse cenário faz com que empresas desses setores respondam positivamente e mais rápido que as dos outros segmentos, em resposta aos sinais de melhora da economia”, afirmou. 

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