As 5 varejistas listadas na bolsa com alta acima de 8% na receita no 1º semestre
O bom momento da economia, com mercado de trabalho e renda em alta, aquece o setor. Segmento têxtil tem 3 empresas no ranking
Grupo CVLB, C&A, Grupo Arezzo, Lojas Quero Quero e, por último, o Grupo Guararapes são as cinco empresas, listadas na bolsa de valores (B3) como varejistas, que apresentaram maiores aumentos – acima de 8% – em suas receitas no primeiro semestre deste ano, na comparação com 2023.
Entre as categorias de produto vendidos pelas marcas, estão materiais de construção, eletrodomésticos, eletroportáteis e itens de cozinha, mas se destacaram as roupas e os acessórios, com três empresas entre as cinco com maior aumento de receita.
“Desde o começo do ano, vemos alguns indicadores crescendo no Brasil, como a renda, produção, o PIB, o desemprego vem diminuindo. E o crédito também está aumentando. Tudo isso reflete o bom momento do mercado dos varejistas neste ano”, disse Hudson Bessa, professor na FVG e Insper, conselheiro da Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos e sócio na HB Escola de Negócios.
CVLB - A primeira no ranking dos maiores aumentos de receita nos primeiros meses de 2024 foi o grupo CVLB, que abriga duas grandes marcas do varejo brasileiro, Le Biscuit e Casa & Vídeo. No total, o grupo apresentou um incremento de 30,5% na receita em 2024 na comparação com o mesmo período no ano passado – de R$ 826 milhões em 2023 para R$ 1 bilhão neste ano.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) apresentou alta de 191%, de R$ 23 milhões no primeiro semestre de 2023 para R$ 69 milhões no mesmo período neste ano.
Apesar dos bons resultados na receita, a companhia ainda opera no prejuízo por causa do processo de fusão entre Casa & Vídeo com a Le Biscuit, iniciada em 2022.
O lucro líquido (“botton line” – resultado geral) entre este ano e o ano passado foi de 7,8% – de R$ 84 milhões – ainda sim, valor 6,6% menor que nos primeiros seis meses de 2023, quando era 14,4% (R$ 119 milhões). A alta dos juros impactou no balanço, de acordo com a CVLB.
A economista e assessora de investimentos da Valor Investimentos, Paloma Lopes, afirmou que o Grupo CVBL tem tido bons resultados em receita devido aos planos de expansão. “Os centros de distribuição do grupo têm dado suporte à expansão, principalmente da Le Biscuit, em regiões como Camaçari, Salvador, Vitória da Conquista e outras cidades e regiões que normalmente os outros varejistas não vão.”
Para Rodrigo Simões, professor da Faculdade do Comércio (FAC-SP), a redução no endividamento da companhia também contribuiu para os bons resultados deste semestre. “A empresa teve uma redução no fechamento do segundo trimestre de 2024 gerando uma redução de R$ 80 milhões no endividamento. Segundo o relatório financeiro da companhia, o recuo aconteceu devido ao alongamento da dívida por meio de debêntures, notas comerciais escriturais e empréstimos, equalizando o fluxo de caixa”, disse.
C&A – A varejista de moda popular C&A apresentou um aumento de 13,9% na receita líquida nos primeiros seis meses de 2024. E o Ebitda avançou 50%, de R$ 359 milhões para R$ 540 milhões na comparação com o mesmo período do ano passado, mas no período o “botton line” foi de R$ 154,7 milhões – alta de 26,6%. As despesas operacionais subiram, 11,4%, de R$ 1 bilhão, para R$ 1,1 bilhão. Conforme o relatório financeiro da companhia, “a C&A viu a base de clientes crescer, assim como os indicadores de satisfação dos atendimentos (NPS) e as conversões. Além disso, mudanças nas campanhas de Dia das Mães e do Dia dos Namorados também contribuíram para o crescimento na receita”.
A varejista enfrentou um trimestre de inverno com temperaturas atípicas, mas que não afetaram o desempenho financeiro. Segundo o relatório, a divisão de vestuário feminino – que cresceu 18% no segundo trimestre deste ano – impulsionou os resultados do período. “A C&A está se aproveitando do momento de altos preços da Renner devido a dolarização dos produtos. Por ter fornecedores brasileiros, ela tem uma vantagem competitiva”, afirmou Paloma.
AREZZO – O Grupo Soma, dono de marcas como Schutz, Anacapri, Vans (Brasil), Baw, Reserva, FARM, NV, Maria Filó, entre outras, apresentou um crescimento de 9,5% na receita líquida, no primeiro semestre deste ano, na comparação com o ano anterior. De R$ 2,1 bilhões para R$ 2,3 bilhões. O lucro líquido também aumentou, 7,8%, de R$ 172,3 milhões para 199,4 milhões. O Ebitda caiu 3,9%, de R$ 376,6 milhões para R$ 355,9 milhões. A Arezzo&Co e o Grupo Soma concluíram fusão, em abril deste ano, após aprovação da Superintendência-Geral da União. No primeiro balanço que divulgaram juntos, os grupos têm faturamento de R$ 12,7 bilhões e Ebitda de R$ 1,7 bilhão (somados) nos últimos 12 meses. A empresa afirma em seu relatório financeiro que o e-commerce impulsionou os bons resultados financeiros do trimestre, com crescimento de 22,4%, além disso, marcas como a Vans, apresentaram crescimento de 26%, em comparação com o segundo trimestre de 2023.
QUERO QUERO – O grupo sulista Lojas Quero Quero é o quarto varejista listado na bolsa com maior aumento na receita, segundo o ranking do DC NEWS – de R$ 1,3 bilhão para R$ 1,4 bilhão, representando um incremento de 9,1%. A rede lojista de eletrodomésticos e materiais de construção obteve resultado final negativo R$ 2,4 milhões (91,4% melhor que no mesmo período no ano anterior, era de R$ 28,2 milhões) e um Ebitda de R$ 110 milhões, alta de 43,8% (era R$ 76,8 milhões). De acordo com informações divulgadas no relatório financeiro, as enchentes do Rio Grande do Sul, local de nascimento da empresa, afetaram os resultados da companhia, pois o estado detém 54% das lojas da rede. Foram 12 lojas impactadas diretamente pelas águas e 29 parcialmente, em relação a telecomunicação ou fornecimento de energia elétrica.
Os dois centros de distribuição localizados no RS não foram atingidos, mas os desafios logísticos implicados pela enchente afetaram o abastecimento de 57 lojas. A empresa vê uma melhora gradual no cenário nacional do varejo, o que contribuiu para os bons resultados da receita no semestre. A empresa também emprestou R$ 100 milhões em dívida no segundo trimestre de 2024, com o objetivo de reforçar o caixa e alongar o prazo médio da dívida.
GUARARAPES – O quinto da lista com o maior incremento no faturamento no primeiro semestre deste ano, de 8,6%, é o grupo responsável por marcas como Riachuelo e a financeira Midway. A receita líquida do grupo cresceu de R$ 3,9 bilhões para R$ 4,3 bilhões na comparação entre o primeiro semestre de 2023 para este ano. O lucro líquido caiu 69% no semestre, de R$ 193 milhões, para R$ 60 milhões. O Ebitda cresceu 75%, de R$ 326 milhões para R$ 571 milhões. Assim como a C&A, apesar das temperaturas mais altas no inverno, a Guararapes apresentou crescimento na venda de mercadorias, de 10,5% no segundo trimestre deste ano. As vendas nas regiões Norte e Nordeste impulsionaram os resultados do segundo trimestre, segundo a empresa. As despesas operacionais aumentaram 7,7% neste semestre, em comparação com 2023, totalizando R$ 1,6 bilhão.
Segundo a companhia, o avanço das despesas tem relação com a aceleração das campanhas de marketing no período e um incremento nas vendas dos canais digitais. O grupo fecha o segundo trimestre com 417 lojas, sendo 6 novas, da marca Carter’s, de moda para bebês. Do total, 332 são lojas da Riachuelo, 69 da Carter’s, 12 Casa Riachuelo e 4 FANLAB, de vestuário geek. A Midway, operação financeira da Guararapes, que iniciou operação no ano passado, totalizou receita líquida de R$ 1,1 bilhão no primeiro semestre deste ano, um aumento de 3% em comparação com o mesmo período no ano passado. O Ebitda da divisão cresceu de R$ 50 milhões para R$ 193 milhões, representando um aumento de 282% na comparação trimestral.
IMAGEM: Luiz Prado/DC