Olivetto, ícone da propaganda, deixa cargo na W/McCann e vai morar em Londres
O publicitário Washington Olivetto, de 66 anos, está deixando a posição de presidente do conselho para passar a trabalhar apenas como consultor da agência brasileira
Um dos ícones da propaganda brasileira, Olivetto vai passar a morar em Londres, onde trabalhará como consultor criativo para a McCann Worldwide em tempo integral.
Para a filial brasileira - que recebe a letra "W" em referência à agência W/Brasil, fundada por Olivetto nos anos 1980 -, vai atuar de forma eventual.
Desde que vendeu a W/Brasil para a McCann, em 2010, o publicitário brasileiro vinha trabalhando em cargos executivos na companhia.
Ao longo dos últimos 11 meses, Olivetto fez um "bate-e-volta" entre São Paulo e Londres, onde começou a prestar consultoria para a operação global. Com a mudança profissional, passará a viver em tempo integral na capital britânica, para onde se mudará com a família.
"Não terei mais a obrigação de ficar indo e voltando, mas estarei aqui cada vez que um cliente achar necessidade de minha consultoria direta", afirma.
No ano de 2016, a agência W/McCann ficou em segundo lugar no ranking do mercado publicitário brasileiro, segundo dados do Kantar Ibope Media.
O valor de aquisição de mídia da empresa foi de R$ 3,7 bilhões, inferior somente ao registrado pela Young & Rubicam, tradicional líder de mercado, que somou quase R$ 6 bilhões.
Apesar de Olivetto deixar de ter um cargo oficial na agência brasileira, o grupo McCann divulgou ontem, em comunicado, que o "W" não será retirado da fachada da agência.
"A letra W é sinônimo de brasilidade, e o legado da associação com Washington é algo de que temos muito orgulho", disse Luca Lindner, presidente do McCann Worldgroup.
A estreia de Washington Olivetto na publicidade foi aos 17 anos, como estagiário, quando não havia nem terminado o colegial.
Não demorou muito para que fosse transferido à criação. Aos 19 anos, ganhou seu primeiro Leão, um bronze para uma peça criada para a linha de torneiras da Deca.
Durante os anos 1970, depois de passagens por agências de menor porte, Olivetto transferiu-se para a DPZ, onde criou a figura do "garoto Bombril".
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Na década seguinte, resolveu empreender. Nos anos 1980, associou-se à GGK para criar a W/GGK. A parceria durou só três anos.
O publicitário acabou comprando a fatia dos sócios estrangeiros e rebatizou a empresa de W/Brasil. Na segunda metade da década, ele criou comerciais que até hoje são lembrados. Foi nesta época em que entrou para o imaginário popular ao ser citado em duas canções de Jorge Benjor -Engenho de Dentro e W/Brasil.
Em 2002, Olivetto sofreu um sequestro e permaneceu 53 dias em uma casa no bairro do Brooklin, zona sul paulistana até ser libertado sem pagamento de resgate.
Há três anos, Olivetto recebeu o prêmio Clio pelo conjunto de sua carreira - Life Achievement Award -, em Nova York. Na cerimônia de premiação, uma das peças lembradas foi O Primeiro Valisére a Gente Nunca Esquece, de 1987, que abordava o rito de passagem da adolescência com sensibilidade.
*Com Redação DC
FOTO: Robson Fernandes/Estadão Conteúdo