Voo de galinha
Pré-candidatos tucanos ainda têm poucas intenções de votos à Prefeitura de São Paulo na primeira pesquisa do Datafolha
A pesquisa que o Instituto Datafolha divulgou sobre a situação eleitoral atual dos pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo traz dois pontos em destaque:
1 - O apresentador de TV, Celso Russomano (PRB) continua liderando a preferência do eleitor, alcançando 34% de índice de intenção de voto;
2- Na segunda colocação embolam Marta Suplicy (PMDB), Fernando Haddad (PT) e Luís Datena (PP), com índices variando entre 12% e 13%.
O que mais chama a atenção na pesquisa, no entanto, é a posição dos pré-candidatos do PSDB, o vereador Andréa Matarazzo e o também apresentador de TV, João Dória, ambos ocupando a lanterninha no ranking da simpatia dos eleitores.
Matarazzo tem 4%, e Dória, 3%. Portanto, se a eleição fosse hoje, Russomano disputaria o 2º turno com Marta, ou, com Haddad, ou, ainda, com Datena, outro apresentador de televisão.
Embora o Datafolha tenha feito a pesquisa com dois cenários, incluindo apenas os nomes dos tucanos Andréa Matarazzo e João Dória, a verdade é que o PSDB municipal está em ebulição com a intriga envolvendo outros pretendentes à legenda, como o neto de Mário Covas, Bruno Covas, o suplente de senador José Aníbal e o deputado Ricardo Trípoli, todos ainda com déficit de votos.
Por enquanto, todos esses tucanos estão com voo curto, voo de galinha.
Dois fatores, todavia, devem mexer oportunamente na escala de preferência dos eleitores, quando for dado o tiro de partida: a entrada do governador Geraldo Alckmin pilotando a campanha do candidato tucano e quando a máquina azeitada da Prefeitura for acionada, principalmente na periferia, para impulsionar a campanha de reeleição de Fernando Haddad.
Tucanos e petistas ainda confiam na força eleitoral dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula.
A vantagem de Celso Russomano decorre do fato de sua aparição diária na telinha da Record, onde apresenta um programa de apelo social em defesa do consumidor. O direito de Russomano de obter o privilégio de debutar à vontade no vídeo da tevê só vai acabar quando chegar a hora da legislação eleitoral proibir candidatos de continuar apresentando programas na televisão, depois que a campanha oficial começar.
Outra coisa: Celso Russomano vai ter de decidir se prefere continuar paparicando apenas votos dos evangélicos, sobretudo os ligados à igreja do bispo Edir Macedo - a Igreja Universal do Reino de Deus - ou se parte para atrair também os votos dos católicos e espíritas.
Outro apresentador que também arranca boa audiência na TV é Luís Datena, que conduz um programa exclusivamente policial, na Bandeirantes. Seu programa, no entanto, não tem a mesma proporção de aprovação como o de Russomano, porque nem todas as reportagens policiais e violências agradam o grosso dos telespectadores. Vem daí sua desvantagem na pesquisa Datafolha.
Quem também não arranca suspiro do telespectador é o apresentador João Dória, que comanda um programa na mesma TV Bandeirantes, que é do agrado apenas do empresariado.
Segundo o PT, Dória é o pré-candidato que mais representa os chamados coxinhas das manifestações contra o governo do PT. Dória se ligou aos assuntos políticos participando da campanha de Franco Montoro ao governo de São Paulo, em 1982, ganhando, em retribuição, a presidência da Embratur.
Finalmente, se o governador Alckmin não conseguir tirar os pré-candidatos tucanos da incômoda lanterninha, e o prefeito Fernando Haddad não desbancar a liderança de Celso Russomano, a tradicional polarização entre PT e PSDB, registrada nas eleições dos últimos 20 anos, vai entrar em parafuso.
Quem elegeu Haddad em 2012 foi Lula que, naquela época, iluminava postes. A candidatura de Haddad foi tirada do baú de votos de Lula, pois ele jamais havia concorrido a qualquer tipo de eleição. Sua popularidade, no entanto, continua em baixa, como baixas ainda estão também as dos prefeituráveis tucanos e até a da senadora Marta Suplicy.
Apesar de estarem com cotação baixa, PT e PSDB se empregarão a fundo nas campanhas de seus candidatos às prefeituras das capitais. Quem se sair melhor nas urnas no ano que vem, dará um salto importante nas eleições de 2018, para as escolhas de governadores e, sobretudo, a de presidente da República.