Quem viver, verá
Tucanos discutem o lançamento de Serra para a Prefeitura de São Paulo, o que o senador rejeita. No PT, o esforço de Lula é o de evitar que Marta deixe o partido
Quem viver, verá
O eleitor da Capital não deve se surpreender se, oportunamente, vier a ler nos jornais e revistas e ouvir na rádio e televisão, a notícia estapafúrdia de que setores do PSDB vão apelar ao senador José Serra que dispute mais uma vez a eleição de prefeito, porque o partido precisa reconquistar a principal Prefeitura do País. Serra é considerado o mais forte candidato que o PSDB tem para impedir, por exemplo, que a Prefeitura de São Paulo continue com o PT ou caia no colo de algum partido aliado da presidente Dilma Rousseff.
Serra, com certeza, não vai atender a convocação do partido, porque já virou moda no PSDB ele se eleger para determinado cargo e, logo em seguida, concorrer em nova eleição, sem terminar os mandatos. Além disso, agora que é senador e garante um mandato de oito anos, Serra não quer correr o risco de ser derrotado por um terceiro “poste”: afinal, ele já perdeu duas eleições para dois “postes”. Uma, foi para Celso Pitta, e, outra, para a presidente Dilma.
Os dois principais partidos, PT e PSDB, podem dar as mãos e sair por aí à procura de bons candidatos para concorrer à Prefeitura da Capital no ano que vem. Ambos os partidos carecem de candidatos com densidade eleitoral de fazer inveja às demais legendas. O PT, por exemplo, vai lançar o prefeito Fernando Haddad à reeleição, apesar de seu Ibope não ser dos mais confiáveis. E, o PSDB, acreditando que Haddad encontrará dificuldade em ganhar a eleição, já pensa em lançar um candidato mais forte, mas, com exceção de Serra, o partido está na mesma situação do PT.
Os nomes que são lembrados no tucanato são os de Bruno Covas e Zuzinha, neto e filho do ex-governador Mário Covas. Os dois, no entanto, dispõem de uma reserva de votos ainda raquítica que dá para se eleger deputado ou vereador. Nada além disso. Também outros tucanos lembrados são o vereador Andrea Matarazzo e o deputado José Aníbal, também sem votos suficientes para disputar uma eleição tão problemática como a de prefeito da Capital. Todos eles, porém, sejam do PT e PSDB, acabam sendo favorecidos pela falta de adversários mais fortes, situação que serve para projetar um quadro eleitoral nivelado por baixo.
Prevendo dificuldade na reeleição de Fernando Haddad, Lula vai tentar impedir que a senadora Marta Suplicy deixe o PT e se candidate à Prefeitura por outro partido. O raciocínio de Lula é que Marta ainda tem votos na periferia da cidade e, se vier a ser candidata, pode prejudicar a votação do prefeito. O desejo da senadora era o de ser candidata pelo PMDB, mas o partido de Michel Temer assumiu compromisso de lançar a candidatura de Paulo Skaf à Prefeitura pela segunda vez. Outros partidos já ofereceram legenda para Marta, como o Solidariedade, de Paulinho da Força Sindical, e o PSB, do vice-governador Márcio França. Ambos o partido, no entanto, têm voo de galinha. O argumento principal que Lula vai usar para evitar que Marta deixe o PT é prometer que ela será a candidata do partido ao governo do Estado em 2018. Será que cola?