Próxima parada, 2018
Lula ainda é uma candidatura incerta para 2018, mas no campo tucano não há ainda certeza de que vencerá a presidencial
Se o quadro eleitoral de hoje resistir à reforma política e for mantido até as eleições de 2018, PT e PSDB vão brigar novamente nas urnas para eleger o próximo presidente da República, fato que se repete há 20 anos.
O quadro é tão claro que dá até para bancar o risco de apontar que, se Lula for candidato, o PT mantém uma réstea de esperança de que pode conseguir revalidar o mandato presidencial do partido até 2022; mas, se Lula não se candidatar, o sucessor de Dilma Rousseff será um tucano: Aécio Neves, ou, José Serra, ou, ainda, Geraldo Alckmin.
Enquanto o PSDB se sustenta em três presidenciáveis com credenciais para ganhar a eleição, o PT continua sendo obrigado a apostar todas as fichas apenas em Lula, porque o partido não dispõe de nenhum substituto com o mesmo peso eleitoral para enfrentar o candidato tucano em igualdade de condições.
A crise vivida pelo país, inclusive no campo ético, abala mais o PT, porque é agravada pelo escândalo das propinas que pipocou na área da Petrobrás, atingindo as imagens de Lula e de Dilma Rousseff.
A crise corrói o PT, embora não consiga riscar do mapa eleitoral o índice de popularidade que ainda permite a Lula sonhar com um terceiro mandato presidencial.
A vitória do PT é difícil, mas não improvável. A chance é pequena, mas existe, sobretudo quando o candidato que briga pelo voto é Lula.
A última (e única) pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, depois das manifestações de protestos na avenida Paulista, por exemplo, registrou empate técnico entre Aécio Neves e Lula, resultado que agradou mais o PT, porque o partido vem sendo alvo, há cerca de um ano, de intenso bombardeio do PSDB e da imprensa.
O PT estranhou que o Datafolha não tivesse pesquisado também qual seria o comportamento de Lula no quesito "intenção de voto", caso o candidato do PSDB não fosse Aécio Neves, mas José Serra ou Geraldo Alckmin.
Tanto Serra como Alckmin já foram derrotados por Lula em 2002 e 2006, respectivamente, mas o Ibope do petista estava em alta nas duas eleições.
Ultimamente, Lula não tem sido claro quando faz comentários sobre sua eventual candidatura em 2018. Ele tem insistido em dizer que só será candidato se continuar sendo "desafiado, perseguido e provocado" pela imprensa e, também, se receber legado do governo Dilma, como um país sem recessão e com a inflação sob controle.
Existe no PSDB quem comece a se preocupar com o processo de escolha do candidato ao Planalto, em 2018, temendo que a indicação seja feita através de convenção que pode rachar o partido.
O desejo é que o PSDB lance uma chapa "puro-sangue", isto é, com os candidatos a presidente e a vice sendo indicados pelo próprio partido.
Se depender de Aécio Neves, o candidato a presidente será ele (e ponto final), e o vice, Geraldo Alckmin. O senador mineiro quer unir o útil ao agradável numa chapa "café-com-leite".
Detalhe: SP e MG somam aproximadamente 50 milhões de votos, quase um terço do total de eleitores brasileiros.
Se Alckmin aceitar a oferta, ele e Aécio se encarregarão de guilhotinar qualquer tentativa de José Serra de pleitear a legenda do PSDB para se candidatar ao Planalto.
Serra já perdeu duas eleições presidenciais, uma para Lula (2002) e outra para Dilma (2010).
Resta saber se Alckmin aceita ser coadjuvante na novela escrita por Aécio.
Não esquecer, porém, que Geraldo Alckmin só chegou a ser governador de São Paulo depois de ser vice de Mário Covas. É provável que o governador paulista queira repetir a fórmula em Brasília, elegendo-se primeiro vice-presidente em 2018 para depois conquistar a presidência em 2022.
A fórmula pode vingar, desde que o PSDB derrote Lula em 2018. Lula é, portanto, o único obstáculo que pode impedir o PSDB de reconquistar a presidência da República.