Papai Noel não existe
Mais do que outros pré-candidatos, Marta Suplicy necessita atrair apoios que deem a ela os votos que não terá mais do PT
Dirigentes do PMDB que parecem acreditar na existência de Papai-Noel. Sonham com o improvável: que sua candidata à Prefeitura de São Paulo, em 2016, Marta Suplicy, ainda possa atrair o apoio do ex-marido, Eduardo Suplicy, para compensar parte da perda substancial de votos que sofreu ao deixar o PT, como o apoio fundamental do ex-presidente Lula e a força de seu ex-partido.
Marta sentiu na última pesquisa Datafolha que, disputar eleição pelo PT empurrada por Lula e amparada no ex-marido, é uma coisa; mas, concorrer sem a proteção dos três elementos, é coisa bem diferente.
A senadora levou um choque ao constatar na pesquisa que o pré-candidato da preferência de 34% dos eleitores não é ela e, sim, o apresentador de televisão, Celso Russomano (PRB).
Marta embola com o prefeito Fernando Haddad, candidato à reeleição pelo PT, e com o também apresentador de TV, Luís Datena (PP), na segunda colocação, os três conquistando índices de intenção de voto variando entre 12% e 13%.
A mesma pesquisa chama a atenção nos índices alcançados pelos dois tucanos prefeituráveis, o vereador Andrea Matarazzo e o empresário e apresentador de TV, João Dória, com 4% e 3%, respectivamente.
O sonhado apoio de Eduardo Suplicy à ex-mulher é considerado um "conto de fada", porque os dois romperam o casamento há mais de cinco anos.
Após o divórcio que não deixou de ser rumoroso, ela se casou com o empresário e ex-presidente do Jóquei Clube, Márcio Toledo e, ele, também se casou novamente, com a filha do jurista Dalmo de Abreu Dallari, Mônica Dallari.
Caso decidisse ajudar a ex-mulher na campanha, Eduardo teria de pedir demissão da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura e provavelmente teria de se desligar do PT, coisa que jamais pensou em fazer. Além disso, Eduardo Suplicy já se engajou na campanha de Fernando Haddad.
Mais do que outros pré-candidatos, Marta Suplicy necessita atrair apoios que deem a ela os votos que não terá mais do PT.
Sua maior esperança é a confiança que acredita ter no espólio de votos que armazenou no período em que foi prefeita, após vencer uma eleição que ficou na história, ao derrotar o forte candidato Paulo Maluf.
Marta tem confiança também nas lideranças comunitárias que trabalharam com ela na Prefeitura. Outro ponto de apoio que conseguiu foi o do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que desistiu de ser candidato a prefeito para tentar ser governador em 2018.
Seu consolo, no entanto, é que -com exceção de Celso Russomano- seus prováveis adversários ainda estão desidratados, prova de que a eleição para a Prefeitura da Capitral ainda está longe de ter um candidato que poderia dizer que considera a vitória "favas contadas".
Se a eleição fosse agora, a única certeza era que Russomano teria garantida uma vaga no 2º turno, enquanto a segunda vaga seria disputada por Haddad, a própia Marta e Datena. Os tucanos, por enquanto, estariam fora de congitações.
O Ibope de Fernando Haddad, por exemplo, ainda incomoda o PT, mas, a mesma preocupação tem também o PSDB que, além de Andrea Matarazzo e João Dória, tem outros prefeituráveis, como Bruno Covas (neto de Mário Covas) , o suplente de senador, José Aníbal e o deputado Ricardo Trípoli, todos com reservas de votos ainda raquíticas.
Não só o neto na família de Mário Covas luta para obter a elegenda tucana: também o filho do ex-governador, o vereador Zuzinha, não pode ser descartado da lista de prefeituráveis no PSDB. Tanto o filho como o neto sonham um dia herdar o cobiçado espólio eleitoral do pai e avô.
A vantagem de Celso Russomano tem uma explicação lógica: ele debuta diariamente na tevê do bispo Ediar Macedo, a Record, pilotando uma programa de forte apelo social, o de defender o consumidor.
O privilégio de Russomano só vai acabar quando o candidato for atingido pelas garras da lei que impede que os candidatos continuem comandando programas de televisão, a partir de determinada data.
Outros dois apresentadores de tevê também desfrutam do mesmo privilégio, com a diferença de que seus programas não tem a mesma atração popular.
O programa de Datena na Bandeirantes agrada mais quem se interessa por crimes e escândalos policiais , enquanto o de João Dória agrada principalmente o meio empresarial.
A preocupação de Celso Russomano é desfazer a imagem de que sua votação depende fundamentalmente dos evangélicos, na tentativa de conseguir atrair também votos de outras seitas religiosas, como e principalmente dos católicos e espíritas.