O que realmente esse Carnaval exibiu foi o país esquizofrênico no qual nos transformamos
Em meio a um Carnaval ideologizado e anárquico de um Brasil sem rumo e sem noção, soou como ato falho a divulgação do relatório da Situação dos Direitos Humanos na Venezuela preparado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA).
Um ato falho que foi rapidamente apagado pela vinda ao Sambódromo da indecência pornográfica do lulismo, travestido de enredo de escola de samba.
O que realmente esse Carnaval exibiu foi o país esquizofrênico no qual nos transformamos. Que está falido, em plena crise de autoridade e às voltas com a encrenca causada pelo vizinho socialista. Mas cuja folia exige dinheiro público, invade aeroporto e clama pela retomada do projeto socializante.
Tudo, claro, com ampla cobertura e tácita aprovação da grande mídia que a essa altura não tem o menor interesse em mostrar que ainda podemos ser a Venezuela amanhã. E também de uma boa ajuda lá de fora.
Afinal, treze anos de poder foram mais do que suficientes para o PT abocanhar boas posições em organismos internacionais que não se pejam em mostrar seu viés ideológico.
Como a FAO que se prestou a servir de promotora de viagem de Lula e ainda lamentou a sua ausência em um evento que não era de sua responsabilidade, mas sim da União Africana.
Ou como a CIDH/OEA que emitiu um relatório sobre a Venezuela (concluído em 31 de dezembro) somente no dia em que Temer foi a Roraima tratar da questão dos refugiados daquele país.
Um gesto depois de anos de silêncio, justamente no momento em que o Brasil tenta impedir que a crise de refugiados se transforme em desastre humanitário e a sua diplomacia se articula com outros países para pressionar Maduro a respeitar os princípios estabelecidos na Carta da OEA e na Carta Democrática Interamericana.
O relatório apresentado pela CIDH/OEA depois de 15 anos dela ter sido proibida de por os pés na Venezuela é um testemunho de omissão que pode ser tomada por cumplicidade.
Suas 258 páginas se encerram por platitudes na forma de conclusões e recomendações que não terão qualquer efeito prático para mudar, ou sequer aliviar, a situação naquele país.
Enquanto a OEA segue inerte pelo obstrucionismo dos comparsas bolivarianos da Venezuela e outros atores regionais já tratam de seus interesses em um futuro pós-Maduro, o Brasil se limita a anunciar que vai distribuir os refugiados venezuelanos pelo seu território.
O Brasil foi o maior patrocinador do desastre na Venezuela, por conta de quatro governos criminosos.
Resta saber se o atual conseguirá impedir que ele seja o grande perdedor.
FOTO: Fernando Frazão/Agência Brasil
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