Me dá um dinheiro aí
O PT, com a Petrobras, e PSDB, com o metrô e trens urbanos, centralizam a corrupção por terem projetos mais confiáveis de poder
É natural, embora condenável, que políticos corruptos e corruptos não políticos busquem abrigo principalmente no PT e PSDB, por serem os partidos que mais tem perspectiva de poder no Brasil. É mais cômodo para o gatuno roubar o Estado se ele sustentar algum vínculo com o governo, por mais tênue que seja ele.
Como o PT e o PSDB vem se alternando na presidência da República há 20 anos, além de eleger um bom número de prefeitos e governadores, seria mais do que lógico que os corruptos sentassem praça nas duas legendas.
Foi dito e repetido que não existe obra pública no País contratada com empreiteiras desvinculada do pagamento da famosa propina, seja em âmbito municipal, estadual ou federal. Os larápios não se abrigam, por exemplo, em legendas nanicas, porque sabem que seus candidatos não chegam ao poder, nem se ocorrer algum milagre. Os nanicos mais conhecidos do eleitor são gozados e se candidatam em todas as eleições somente para ocupar espaço na televisão e fazer charme com o eleitor, prometendo os eternos aero trem e uma democracia cristã. Outros lançam candidatos para alugar a legenda para que o partido grande ganhe mais espaço na campanha de tevê.
Os dois últimos escândalos de proporções anormais –na Petrobrás e Metrô de São Paulo- envolvem governos do PT e PSDB, respectivamente. No caso da estatal do petróleo, diversos petistas foram acusados de envolvimento com diretores que estavam mancomunados com as empresas que pagavam propinas para conseguir contratos fabulosos para a construção de obras.
As denúncias não deixaram de atingir as imagens de Lula e Dilma Rousseff, embora a corrupção na empresa seja antiga: em 1996, no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, o jornalista Paulo Francis denunciou que diretores da Petrobrás estavam fazendo depósitos milionários em contas secretas de bancos suíços. O Ministério da Justiça, na época, não acionou a Policia Federal para investigar a fundo as acusações de Francis.
Pelo contrário: o jornalista foi processado pela diretoria da Petrobrás. Curiosamente, a PF nos dois governos de FHC parecia estar de braços cruzados, diferente da Polícia Federal atuante de hoje.
Em relação ao cartel de empresas que atuou por 12 anos nas obras do Metrô paulistano e trens metropolitanos de São Paulo, as denúncias são de que houve uma corrente grande de pagamentos de propinas, atingindo inclusive empresas estrangeiras, que podem ser impedidas de participar futuramente de outras licitações para a construção de obras públicas no Brasil.
O trânsito de propinas nesses 12 anos maculou três governos do PSDB, os de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Diferentemente do que ocorre no Congresso Nacional, onde a oposição constituiu CPIs para apurar as denúncias de corrupção na Petrobrás, em São Paulo, o governador Alckmin impediu que a oposição fizesse o mesmo na Assembleia Legislativa, aproveitando que a mídia tem mais interesse em explorar apenas o descalabro na Petrobrás, que envolve o PT.