Do menino medroso ao valentão da turma
No associativismo há a troca de experiências, formação de networking e o principal: enxergar saídas para as dificuldades por meio da união de esforços
Você deve conhecer muita gente que perdeu o emprego nos últimos meses. Com seu FGTS e demais economias na mão, a vontade de muitos é abrir seu negocio, ser livre e realizar o sonho americano, trabalhar pouco, ganhar muito e curtir a vida.
Conseguir estabilidade financeira, ter acesso à saúde, educação, cultura e demais serviços essenciais para uma boa vida é o sonho que passa longe da realidade do empreendedor no Brasil.
O empreendedor nem sempre alcança a plenitude do sonho americano, mas sempre trabalha mais que todos seus subordinados, e engana-se quem pensa que ele não goste disso. O empreendedor não faz o que gosta, ele gosta do que faz.
Dedica-se se tiver uma loja de esportes, depois se for administrar um hotel; investe na indústria e se esforça em tudo com paixão. Quando o empresário chega nesse nível consegue uma qualidade de vida acima da média.
Ficar rico não é crime: trabalhar, crescer, desenvolver, empreender tem seu preço, de dedicação, mais tempo na empresa, mais responsabilidades e maiores compromissos.
É muito honesto que quanto maior a roda que o empresário conseguir girar maior sejam seus ganhos: é fruto de seu trabalho e essa é a essência do capitalismo.
Como tornar-se um empreendedor de sucesso e vencer a crise? Com toda certeza não é ficar se queixando quando vai com o amigo da empresa tomar café.
É necessário algumas informações preliminares:
A cada 10 empresas abertas no país, cerca de seis fecham em um ano, oito em cinco anos -sem considerar as inativas. Ou seja, de cada quatro, menos de uma consegue passar dos cinco anos.
Três em cada quatro é o número de pessoas semialfabetizadas. Não adianta vermos este dado e pensarmos não somos nós. Certamente no trabalho estaremos cercados de pessoas assim. Delegar funções e responsabilidades é uma carência para o empresário.
Junte a isso mais de 1 milhão de empresas fechando com a atual crise, quase 2 milhões de desempregados.
Deve haver cerca de 35 milhões de trabalhadores com carteira assinada, em uma população de 200 milhões; 15% deles abaixo de 14 anos: há cerca de 135 milhões de trabalhadores informais. Isso seguindo o critério da minha infância: aos 14 anos, já tinha condições de assumir responsabilidades e trabalhar.
O mar não está para peixe, nem para tubarões, C&A, Ponto Frio, Wal Mart, Marisa, Victor Hugo são algumas marcas que estão fechando lojas. Sem contar em redes internacionais que cancelaram ou saíram do País.
Neste momento de economia e politica delicada fica destacada a importância das Associações Comerciais para aumentar as braçadas neste mar revolto.
No Estado de São Paulo são mais de 400 Associações que fazem girar a roda da economia local. Fomentam e desenvolvem toda a região, agregando valores, pessoas e atitudes transformadoras.
Na capital são 15 distritais da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que permeiam toda cidade, o que se traduz em máximo conhecimento das regiões e fortalecimento do micro e pequeno empreendedor.
Na vanguarda da economia as Associações Comerciais promovem e oferecem oportunidades ao Empreendedor de Sucesso.
Ter a vontade, o dinheiro e tempo são necessários para abrir seu negócio, mas o preparo, planejamento, informação e oportunidades são a chave do sucesso no mundo empresarial.
Na ACSP, todas as distritais caminham no sentido de ofertar oportunidades e qualificar o empresário local através das rodadas de negócios.
Sempre que realizo a abertura destes eventos inicio dizendo que a maior forma de vencer a crise é realizar negócios, todos pensam no que vendem, mas também todos compram.
O exercício é dar voz ao empresário, aprender a ofertar, a negociar, motivar com qualificação, encorajar a dar o próximo passo.
Há um misto de perplexidade e procura por soluções urgentes. Dizemos que alguns movimentos de médio prazo como cursos estão ficando para depois. Queremos fechar negócios --e é agora.
Este movimento de colaboração gera o associativismo, em que as pessoas se unem pois se veem fortalecidas umas com as outras.
Por meio dele, há a troca de experiências, formação de networking e o principal: enxergar saídas para as dificuldades através da união de esforços.
Na prática o associativismo cria no empresário a predisposição de sair de sua zona de conforto, tirar o foco única e exclusivamente de seu negócio e passar a entender as necessidades de seus interlocutores.
Costumo sempre citar um princípio para os nossos associados: quando um moleque está sozinho ele é medroso. Quando está com sua turma, se torna valente.
A crise é uma oportunidade de crescimento. O principal problema de uma crise não é o desemprego ou a inflação. É a falta de perspectiva. A falta de visão do futuro. Você precisa repensar muita coisa em seu negócio para sobreviver.
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