Carta aberta a Jair Bolsonaro
É preciso chegar a todos os brasileiros uma mensagem que minimize o barulho que têm feito as forças derrotadas na eleição do ano passado e alijadas acesso aos cofres públicos
Caro Presidente,
Sou daqueles que aderiram de corpo e alma à sua campanha quando ficou claro que sua audácia e coragem seriam os únicos meios de tirar do poder aqueles que estavam destruindo nosso país e por pouco não o conseguiram.
Quase 58 milhões de brasileiros, por motivos diversos, mas muitos, muitos mesmo, agiram como eu. Estavam cansados com o desastre lulopetista e seus satélites e precisavam ver o país mudar de ventos, de rumos.
Houve uma espécie de combinação tácita entre os brasileiros de bem para, através de sua pessoa, tirar do comando do país quem o estava assaltando e levando para a escravidão de esquerda.
Certamente, entre os que não lhe deram o voto, há também muitos brasileiros de bem. Com uma visão diferente, mas não necessariamente compactuavam com os crimes cometidos pelo grupo que assaltou o país por quase 14 anos.
Creio que foi por isso que na campanha seu discurso foi o de que governaria para todos os brasileiros. E imagino que assim será, e compreendo essa fase inicial de endurecimento com a esquerda, posto que o estrago foi imenso e, ainda, há grandes focos de resistência, de boicote, de desejo de não permitir um governo sadio, saudável, na imaginação sempre doentia da esquerda de que pode desmanchar sua imagem e voltar ao poder.
Tenho certeza de que em sua mente está a consciência de que sua eleição se deveu aos seus méritos, claro, mas muito também, porque era –permita-me assim dizer – o instrumento disponível para a maioria dos brasileiros, de tirar de vez a esquerda corrupta e incompetente da chefia dos cofres e das políticas públicas. Não é um processo fácil.
De um modo geral os motivos que levaram nossa maioria eleitoral a colocá-lo no Planalto foram afastar a esquerda do poder federal; afastar o governo da “velha” política da compra e troca de favores entre os poderes (algo muito complicado, por ser enraizado no país, mas que precisa e esta sendo feito); arrumar a economia, continuar o combate à corrupção e trazer de volta os valores da nacionalidade, desvirtuados e corrompidos pela esquerda degenerativa.
Sei que como presidente lúcido e corajoso tudo isso é de seu conhecimento.
No contexto desta carta, presidente, no olhar humilde de quem acompanha ,critica e sugere, na vida política do país há quatro décadas, como jornalista e professor universitário, em meio a esse desafio enorme de consertar os erros, desfazer o malfeito e construir o presente e o futuro, que lhe cabe, ouso sugerir:
(1) Uma freada de acomodação das forças vivas de seu governo e sob seu comando para criar uma unidade na visão e ação do próprio governo.
(2) Buscar atender aos requisitos acima que o levaram ao cargo dando-lhes a devida difusão.
(3) Utilizar além das mídias sociais os demais canais de comunicação de massa, na proporção cabível do gasto público e sem os exageros de compra da simpatia desses veículos com verba pública.
(4) É preciso chegar a todos os brasileiros uma mensagem que minimize o barulho que as forças derrotadas na eleição do ano passado e alijadas do poder e do acesso aos cofres públicos, tem feito (e muitas vezes com a colaboração involuntária ou ingênua do próprio governo).
(5) Campanhas de comunicação e propaganda bem feitas, enxutas, que esclareçam a população de tudo que vem sendo feito ou desfeito quando estava errado, de forma a neutralizar as forças derrotadas que estão se valendo do período inicial de um governo que virou em 180 graus as prioridades e atitudes oficiais, para buscar desvalorizar e tumultuar a cena de reconstrução do que eles destruíram.
A grande massa que lhe deu o poder, senhor presidente, ao contrário do que os derrotados tentam fazer ver, ainda o apoia, confia e dará retaguarda, nas ruas, se preciso, para que o Brasil seja recolocado no trilho de onde jamais deveria ter sido desviado, da liberdade em todos os seus sentidos e da valorização da maioria, com respeito às minorias, e não como vinha acontecendo e alguns ainda querem manter, das minorias mandando e tutelando as maiorias pela dominação dos meios de comunicação, das artes, da cultura, do jornalismo, das universidades e colégios públicos, e dos recursos oficiais.
A relação com os demais poderes é mandatória na República. E num ambiente onde o Congresso Nacional, por expressiva parte e o STF, igualmente, por expressiva parte, ainda vivem no período lulopetista de fazer as coisas sem pudor, cabe ao Executivo ter uma ampla difusão de uma estratégia de condução dos destinos do país, formulada com a lucidez, clareza, credibilidade que a maioria de seu ministério tem, e receba o aval da ampla maioria dos brasileiros, a quem não chegam as realizações, mas só a exploração de fatos negativos que ganham a dimensão maior do que merecem diante do estado em que o país foi entregue ao seu governo.
Seu tempo é precioso. Por isso penso que até aqui já está de boa medida para alguma reflexão, sobre algo que é de seu conhecimento, mas às vezes a correria do dia-a-dia não permite parar para pensar.
O preço da liberdade é a eterna vigilância, já disseram grandes pensadores. O povo brasileiro tomou de volta e entregou-lhe as rédeas do destino da grande nação brasileira por confiar em suas pessoas e seus propósitos.
Não dê tréguas à esquerda. Aja na legalidade, nos limites da lei, sem medo de gritaria dos derrotados.
Mas, acima de tudo, ponha ordem –já está na hora- na casa, e lembre-se dos romanos quando diziam: a mulher de Cesar, além de ser honesta, tem que parecer honesta.
O governo Bolsonaro além de ser o da reconstrução do que foi destruído pela esquerda, precisa parecer o que de fato tem que ser para todos os brasileiros e o mundo.
Por fim, uma simples regra de marketing. Por que se consome o ovo da galinha e não o da pata que é maior e de iguais nutrientes?
Porque a galinha quando põe o ovo, canta. A pata esconde.
Cante presidente. Não esconda o que está fazendo. Não deixe só aparecerem desacertos. Há muito mais acertos. E verá que os seus mais de 57 milhões de votos ainda estão ao seu lado.
PS - E a caixa preta do BNDEs?
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