As origens dos blogs de economia
Por volta do final dos anos 90, boa parte da discussão mais substancial sobre macroeconomia e finanças internacionais já ocorria online em detrimento dos canais tradicionais
O economista Brad DeLong escreveu recentemente uma pequena nota no site Medium sobre como e quando começou a blogar (leia aqui), o que vem a calhar para mim, já que tenho agendado um bate-papo com alguns universitários de Oxford sobre mudanças na forma de comunicação no campo da economia.
Em sua nota, DeLong conta sua própria história e com isso me traz à lembrança as mudanças ocorridas em fins dos anos 1990.
No meu caso específico, comecei a escrever online em 1996, quando o editor fundador da Slate, Michael Kinsley, me contratou para redigir uma coluna mensal. Ainda era o modelo tradicional de escrever colunas — as limitações de tamanho eram menos rígidas, a edição se intrometia menos e o pagamento saía mais depressa do que no meio impresso, mas ainda era uma coisa relativamente antiquada. Com o tempo, acabei me acostumando ao formato online. Foi então que veio a crise financeira asiática.
As pessoas se esforçavam para entender o que estava acontecendo. As duas coisas [blogs e crise] aliadas a novas ideias chegaram depressa demais para que as publicações tradicionais pudessem dar conta. Comecei então a postar pequenos ensaios, reflexões e modelos na minha página oficial do MIT — que, por sinal, ainda existe!
Eu não usava software para blogar. Simplesmente fazia o upload do que escrevia e punha links na página. Ainda assim, aquilo não deixava de ser uma forma legítima de blogar, e muita gente estava lendo o que eu escrevia.
Foi lá que postei minhas primeiras tentativas de formulação de um conceito de armadilha de liquidez, e onde desenvolvi minhas reflexões sobre macroeconomia e outras coisas. A maior parte dos links ainda parece funcionar.
Havia outras pessoas fazendo coisas semelhantes. O economista Nouriel Roubini levou a discussão a um nível mais elevado ao criar uma página de internet dedicada à crise financeira asiática (parece que não está mais no ar) e que funcionava como compêndio e órgão centralizador para a maior parte do que se fazia de mais interessante sobre o assunto.
Assim, por volta de fins dos anos 90, boa parte da discussão mais substancial sobre macroeconomia e finanças internacionais já ocorria online em detrimento dos canais tradicionais.
Demorou um bom tempo para eu começar a escrever em formato de blog mesmo. Foi quando me dei conta de que queria um lugar para explorar os bastidores das colunas que escrevia para o New York Times.
O jornal criou uma conta para mim no Twitter (cuja existência eu ignorava até que Andy Rosenthal, responsável pela página dos editoriais, um dia mencionou casualmente que eu tinha 600.000 seguidores). Foi assim que chegamos aonde hoje estamos.