Além dos propósitos e das ilusões
Do legado do PT, não há uma só iniciativa que não tenha gerado desconfiança, ressentimento e divisão entre os brasileiros
Depois de treze anos no poder, o PT não deixou uma só obra que não tenha sido tocada pela corrupção.
Em seu legado, não há uma só iniciativa que não tenha gerado desconfiança, ressentimento e divisão entre os brasileiros. Do PT, restam apenas os destroços do projeto político que esbanjou ilusões com os piores propósitos.
O problema que ficou é todo nosso, dos brasileiros. Se as reações de governos e imprensa estrangeiros ao afastamento definitivo da presidente da República denotam a importância global e regional do Brasil, elas mostraram também como ele é desconhecido lá fora na sua maneira peculiar de ser.
Claro que nesse desconhecimento internacional há uma pontinha de ciúme com o quê o Brasil fez e uma discreta inquietação com o que ele pode fazer com isso.
Não houve nenhuma tragédia, ruptura institucional ou quartelada que nos pusesse naquele chiqueirinho de republiqueta que convêm a alguns nos colocar. E o Brasil, com seu tão criticado modelo político, mostrou que é possível trocar o governo sem deixar de ter um, dentro da Lei.
Agora, as expectativas da sociedade brasileira se voltam para a retomada do crescimento de sua economia e para o encaminhamento de seu desenvolvimento integral. Por sinal, muito mais urgências do que expectativas.
Entretanto, por mais que o Brasil por vezes exaspere até a nós brasileiros, como ocorreu de sobra ao longo desses nove meses de processo de impeachment, passando pela defesa catatônica de Dilma, há que aceitarmos que não existe maneira de fazer o futuro do País ao largo do que ele é.
Isso demanda uma enorme quantidade de habilidade, competência e vontade. O Brasil precisa, urgentemente, talvez desesperadamente até, fazer o certo, da maneira certa, por ele mesmo.
E em um ambiente de grande competição pelo poder, como é o cenário politico brasileiro, é necessário reconhecer que para tanto faz-se necessário outro ingrediente.
Depois de muito tempo, não se sabe mesmo desde quando, o Brasil tem um governo profissionalmente político que tem à sua disposição notável competência técnica acumulada de desastres que experimentamos nas últimas décadas, os quais ninguém deseja ver estendidos às gerações futuras.
Desafios a um país com o tamanho e as complexidades do Brasil não cabem em livro algum, muito menos em fórmulas e slogans.
Ao Brasil não resta fazer outra coisa se não começar de novo, conduzido por um governo movido pelos melhores propósitos e que não venda ilusões.
Para isso o novo presidente vai ter que enfrentar o seu próprio desafio, o que se apresenta a qualquer político que deseja ingressar naquele seletíssimo círculo dos estadistas. Diferentemente do que nos aconteceu até pouco tempo.
Ter astúcia, mas para o bem.
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