Agitação no ninho
Vem aí um duelo entre tucanos que promete agitar o ninho e espalhar penas para todos os cantos. É a eleição para prefeito
A eleição de prefeito de São Paulo, em outubro, está colocando frente a frente o governador Geraldo Alckmin, de um lado, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e senador José Serra, de outro.
Um duelo entre tucanos que promete agitar o ninho e espalhar penas para todos os cantos.
Alckmin defende a candidatura do apresentador de tevê João Dória, enquanto FHC e Serra jogam todas as fichas na candidatura do vereador Andrea Matarazzo.
Enquanto Alckmin, FHC e Serra se preparam para proporcionar um tira-teima que vai dar o que falar, assim que os tucanos realizarem a convenção, em fevereiro, para a indicação oficial do candidato, o neto de Mário Covas, Bruno, e o suplente de senador José Aníbal, colocam na linha de fogo um terceiro pretendente à legenda tucana, o eterno deputado Ricardo trípoli.
O sonho do tucanato é reconquistar a principal prefeitura do País, a da capital paulista, que está em poder do PT e que terá importante papel nas eleições de governador e presidente da República, em 2018.
A verdade, porém, é que PT e PSDB, principais forças eleitorais do País e que têm polarizado as eleições em São Paulo nos últimos 20 anos, estão em baixa no Ibope.
O prefeito Fernando Haddad, por exemplo, candidato à reeleição, está longe de tranquilizar a cúpula do partido, enquanto nenhum pré-candidato tucano superou, ainda, a linha de 5% de intenção de voto nas pesquisas. PT e PSDB representam, portanto, a fome com a vontade de comer.
Seja qual for o candidato escolhido na convenção tucana do mês que vem, ele vai depender fundamentalmente do apoio do governador Geraldo Alckmin, que tem a força da máquina administrativa do Estado, se quiser crescer nas pesquisas e chegar ao 2º turno.
Além do governador, o candidato vai se socorrer também dos apoios de FHC e Serra.
As coisas, no entanto, não são nada diferentes no PT: Fernando Haddad -como todos se lembram- foi um candidato-poste que Lula tirou da cartola e elegeu em 2012 e que vai precisar novamente do carisma do ex-presidente para superar na campanha os efeitos danosos da crise que envolve o PT e que contaminou o prestígio da presidente Dilma Rousseff.
As últimas pesquisas foram cruéis para o PT e PMDB e, principalmente, para o PSDB, porque apuraram que se a eleição fosse hoje, o prefeito eleito seria o apresentador de tevê Celso Russomano (PRB), que está em vantagem por ancorar um programa diário na Record de defesa do consumidor.
Russomano vinha alcançando nas consultas populares cerca de 30%¨de preferência do eleitor. Essa taxa o levaria direto para o 2º turno, mas sem conhecer o nome de seu adversário, já que Fernando Haddad (PT), Marta Suplicy (PMDB) e Luís Datena (PP), que também comanda um programa policial de boa audiência na Bandeirantes e que é pré-candidato pelo PP, disputam o 2º lugar com índices de intenção de voto oscilando entre 12% e 14%.
A eleição de outubro servirá também para tirar a prova dos 9 e apurar até que ponto, por exemplo, a crise abalou a força eleitoral de Lula.
Em 2012, Lula ousou em lançar Fernando Haddad, até então, um candidato desconhecido do eleitor sem nunca ter passado por um teste de urna: mas, surpreendentemente, Haddad se elegeu derrotando o mais forte candidato representando o robusto PSDB, o senador José Serra.
Como Lula sofre um processo de desgaste político, os tucanos dizem que são como São Tomé: só acreditam na reeleição de Haddad se as urnas confirmarem sua vitória.
Quem também será testada mais uma vez nas urnas é a senadora Marta Suplicy, que disputará a primeira eleição sem os apoios de Lula, do PT e de seu ex-marido Eduardo Suplicy. Marta migrou do PT para o PMDB com a promessa de Michel Temer de que ela será a candidata do partido à prefeitura da Capital, embora a legenda peemedebista seja reivindicada também por Gabriel Chalita. A senadora queria ser candidata pelo PT, mas a cúpula do partido preferiu apostar na reeleição de Fernando Haddad.
Marta sabe que concorrer com os apoios do PT, de Lula e de Eduardo Suplicy é uma coisa, mas disputar a eleição sem os apoios dos três, é outra coisa bem diferente. Ela paga pelo risco calculado porque sabe também que sem mandato ela não vai ficar, em caso de derrota, já que seu mandato de senadora vai até 2018.