Viracopos atrai investimento milionário para região
Empreendimento de R$ 900 milhões está sendo construído no entorno do aeroporto, em Campinas, e terá um parque corporativo, centros de distribuição e hotéis
Com um ambicioso projeto de se tornar o maior da América Latina, nos próximos dez anos, o aeroporto de Viracopos, em Campinas, a 96 quilômetros de São Paulo, tem atraído empresas e negócios para a região.
Um deles, o Bresco Viracopos, irá erguer um centro comercial de R$ 900 milhões, em uma área de um milhão de metros quadrados.
O empreendimento, que está sendo desenvolvido pela Bresco - empresa que atua com terceirização imobiliária -terá dois hotéis, que serão inaugurados em janeiro de 2017, prédios empresariais, centros de treinamento e distribuição, além de um centro comercial, com lojas, serviços e restaurantes.
Erguido ao lado do aeroporto, na rodovia Santos Dumont, o complexo já funciona como sede de duas grandes empresas, como o centro de treinamento da Azul Linhas Aéreas, e o centro de distribuição da John Derre - fabricante de equipamentos industriais.
Além da ótima localização, Carlos Betancourt, presidente da Bresco Investimentos, afirma que a dificuldade de locomoção dentro de São Paulo, os custo de moradia e a baixa qualidade de vida, obrigarão as empresas a procurar opções próximas à capital. “Não é normal gastar mais de duas horas do aeroporto até uma reunião”.
Betancourt também aponta que, no exterior, regiões próximas aos aeroportos são muito demandadas para esse tipo de empreendimento. Ele acredita que o mesmo deve ocorrer também no Brasil.
A proximidade do terreno escolhido com o aeroporto foi decisiva na escolha da Bresco. De acordo com Mauricio Geoffroy, diretor comercial, tratava-se da única área disponível próxima a um aeroporto com potencial para o plano de desenvolvimento desejado. "Ainda tivemos a sorte de se tratar do maior aeroporto de cargas do Brasil", diz.
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Com voos internacionais desde 2014, o aeroporto de Viracopos deverá se tornar o mais movimentado do país, até 2025, de acordo com uma projeção da Secretaria de Aviação Civil (SAC). Com um movimento de pouco menos de 20 milhões de passageiros, por ano.
A expectativa é que em nove anos, o movimento em Viracopos atinja 55 milhões, superando o terminal de Guarulhos, que é hoje o maior aeroporto nacional.
UM DOS GALPÕES DA FLEX VIRACOPOS
Em construção desde 2014, o complexo deverá estar concluído até o final de 2018. Outra área já em funcionamento é o Flex Viracopos -um condomínio de galpões.
O formato é uma tendência nos Estados Unidos, que reúne galpões para atender empresas de diferentes segmentos.
Com espaços modulares, a área interna dos imóveis podem ser transformadas em escritórios, laboratórios, showrooms, gráficas, call centers, e indústrias de montagem e de alta tecnologia.
Com uma proposta sustentável, o projeto transformará uma área verde de 250 mil metros quadrados em um parque aberto à população.
O espaço vai receber o plantio de 25 mil mudas como compensação ambiental do empreendimento, fazendo a revegetação de cerca de 15 mil metros quadrados de área de proteção permanente.
De acordo com os cálculos do executivo, cerca de quatro mil empregos serão gerados durante a implantação do centro empresarial, que terá uma estação de tratamento de esgoto e sistema viário interno.
COMÉRCIO
Ao mesmo tempo em que empresas procuram cidades do interior para se instalar, por conta de incentivos e boa localização, a região metropolitana de Campinas (RMC) ganha também novos moradores em busca de mais qualidade de vida.
Esse movimento tem trazido novos hábitos, como a queda no poder aquisitivo dos campineiros, de acordo com Adriana Flosi, presidente da Acic (Associação Comercial de Campinas).
Em décimo lugar no ranking nacional do Índice de Potencial de Consumo em 2015, Campinas ocupa a mesma posição na projeção para 2016.
Para se manter em evidência, Flosi aponta que os comerciantes devem se aproveitar das vantagens que a RMC oferece. Ela cita custos mais baixos que a capital, o público jovem das universidades, além de infraestrutura e inovação.
Por outro lado, a complexidade tributária e o ambiente regulatório, com prazo de 144 dias para abertura de empresas, 94 dias para regularização de imóveis, e uma taxa de 70% de congestionamento em tribunais atrabalham a vida dos empreendedores campineiros.
A solução proposta por Adriana é ficar atento aos desejos do consumidores, que em geral, estão ávidos por um modo de vida mais seguro e prático.
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"Novos hábitos de compra estão transformando os tradicionais canais e estimulando o surgimento de novos formato de lojas", diz.
Com a queda no poder aquisitivo e nos números da alimentação fora de casa, cresce o interesse em itens de preparo instantâneo, e consumo e entretenimento em casa, segundo Adriana.
Nesse cenário, as lojas de bairro se destacam, com formato e estoque menor, e serviços diferenciados.
Ela cita como exemplo, a rede Dia, que com a proposta de compra conveniente inaugurou mais de 250 lojas, e passou a oferecer açougue, frios fatiados e pão fresco.
Com a crise econômica atrapalhando os planos de muitos empresários, um empreendimento como o Bresco Viracopos é um caso pontual, na visão de Adriana.
Como operam 11 shoppings na Região Metropolitana de Camplinas, Adriana aponta que o maior potencial de consumo do centro comercial do Bresco Viracopos seja o fluxo de passageiros do próprio aeroporto.
"Trata-se de um investimento que envolve setores ainda resistentes à crise por ter forte dependência do mercado internacional".
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