Vendas no varejo sobem 0,5% em abril
Apesar da reação sobre março, faturamento do comércio caiu 6,7% em relação a igual mês de 2015, de acordo com o IBGE
As vendas do comércio varejista subiram 0,5% em abril ante março, na série com ajuste sazonal, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao divulgar hoje (14/06) a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).
O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam de retração de 1,00% a avanço de 1,40%, o que gerou mediana positiva de 0,55%, na série com ajuste sazonal.
Na comparação com abril de 2015, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo caíram 6,7% em abril de 2016. Nesse confronto, as projeções iam de declínio de 9,30% a 2,86%, com mediana de recuo de 6,30%, sem ajuste.
“Apesar da ligeira alta na variação mensal, percebem-se quedas seguidas na comparação com 2015, neste quadrimestre, realçando que o comércio varejista em 2016 está pior do que no ano passado”, diz Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
“Março foi uma base de comparação fraca em decorrência do feriado da Páscoa. Com isso, as vendas de abril tiveram mais espaço para crescer sobre o mês anterior. Em outras palavras, o aumento foi meramente circunstancial, provocado pelo efeito-calendário”, afirma o presidente da ACSP
As vendas do varejo restrito acumulam retração de 6,9% no ano e de 6,1% em 12 meses.
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 1,4% em abril ante março, na série com ajuste sazonal.
O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam desde redução de 2,50% a crescimento de 0,70%, com mediana negativa de 0,90%.
Na comparação com abril de 2015, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 9,1% em abril de 2016. Nesse confronto, as projeções variavam de retração de 4,30% a 10,80%, com mediana negativa de 8,50%.
Até abril, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 9,3% no ano e recuo de 9,7% em 12 meses.
LEIA MAIS: Atacadistas esperam vendas estáveis no 2º semestre
SUPERMERCADOS E VESTUÁRIO
A alta de 0,5% nas vendas do comércio varejista em abril ante março foi verificada em três das oito atividades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A atividade de supermercados e hipermercados foi o destaque, com alta de 1,0% na margem, revertendo a queda de 1,4% vista em março ante fevereiro. A atividade de supermercados representa cerca de 50% das vendas do varejo restrito.
De acordo com a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes, a estabilização da inflação de alimentos na passagem de março para abril ajuda a explicar a alta nas vendas dos supermercados.
"Num primeiro momento (de aceleração da inflação), a família se adapta", lembrou Isabella, destacando que, em seguida, as famílias voltam a consumir.
O segmento de tecidos e vestuário também avançou 3,7% em abril na margem, revertendo a queda de 4,7% em março ante fevereiro. Além desse, a outra atividade a ficar no azul foi "outros artigos de uso pessoal e doméstico", que contempla o comércio eletrônico e as lojas de departamento, com alta de 2,8% em abril ante março, contra queda de 1,9% em março contra fevereiro.
No varejo ampliado, a queda de 1,4% em abril ante março se explica por causa do desempenho negativo das vendas dos segmentos de veículos (-6,6%) e material de construção (-4,0%).
A queda na margem na atividade varejista de veículos é a maior desde dezembro de 2014, quando foi de 10,2%, informou o IBGE.
ÍNDÍCE MÓVEL
O índice de média móvel trimestral das vendas do comércio varejista restrito subiu 0,3% em abril, aponta o IBGE.
No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o índice de média móvel trimestral das vendas teve recuo de 0,4% em abril.
REVISÃO
O IBGE revisou o resultado das vendas no varejo em fevereiro ante janeiro, de +1,1% para +1,2%. O resultado de abril de 2015 ante março de 2015 também foi revisto, de -0,7% para -1,0%.
Outros números referentes ao ano passado também foram revisados: maio ante abril de 2015 passou de -1,1% para -0,9%; junho ante maio de 2015 saiu de -0,5% para -0,6%; e julho ante junho de 2015 passou de -1,3% para -1,2%, agora.
Foto: Fátima Fernandes