Vendas do varejo acumulam alta de 3,7% até novembro
Apesar da evolução, Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de SP, diz que o resultado não equilibra as perdas dos últimos anos
As vendas do comércio varejista subiram 0,70% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com novembro de 2016, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 5,9% em novembro de 2017.
Nesse confronto, as projeções iam de uma expansão de 1,10% a 6,50%, com mediana positiva de 3,75%. As vendas do varejo restrito acumularam crescimento de 1,9% no ano e elevação de 1,1% em 12 meses.
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas subiram 2,50% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal.
Na comparação com novembro de 2016, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 8,7% em novembro de 2017. Nesse confronto, as projeções variavam de uma expansão de 4,40% a 8,20%, com mediana positiva de 6,05%.
As vendas do comércio varejista ampliado acumularam alta de 3,7% no ano e aumento de 2,6% em 12 meses.
“A alta de novembro, na comparação anual, foi o melhor resultado desde 2013 e reforça a sólida retomada do comércio. Contudo, os dados precisam ser enxergados com cautela porque não repõem as perdas dos últimos anos e, em grande parte, os aumentos são explicados justamente pela base fraca de comparação”, avalia Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Ele chama a atenção para os desempenhos dos segmentos de supermercados e móveis e eletrodomésticos. “O primeiro foi beneficiado pela baixa inflação dos alimentos e pelo crescimento do emprego e dos salários. Já o segundo segmento foi impulsionado pelas reduções da inadimplência e dos juros, pelo alongamento dos prazos e pela Black Friday”, disse Burti.
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BLACK FRIDAY
As promoções da Black Friday, campanha que mobiliza especialmente o comércio eletrônico no País, ajudaram a impulsionar as vendas do varejo na passagem de outubro para novembro, afirmou Isabella Nunes, gerente na Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O evento, realizado em 24 de novembro do ano passado, elevou as vendas de móveis e eletrodomésticos do setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento.
"As taxas mais elevadas são dos setores que registraram taxas mais negativas em outubro, e não por acaso são setores que têm perfil muito marcado de vendas pela internet: outros artigos de uso pessoal e doméstico e móveis e eletrodomésticos", contou Isabella.
O crescimento de 0,7% no volume vendido pelo comércio varejista na passagem de outubro para novembro teve predomínio de resultados positivos, alcançando cinco das oito atividades pesquisadas segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio. Os maiores avanços foram observados nos setores de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,0%) e Móveis e eletrodomésticos (6,1%).
Os demais aumentos ocorreram em Livros, jornais e papelaria(1,4%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,2%); e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%).
Com o desempenho de novembro, o setor de supermercados está há oito meses fora do território negativo, período em que acumulou ganho de 6,5%. "Não pode botar toda a alta do varejo na conta da Black Friday porque há melhora em supermercados. Também há recomposição de renda por conta do mercado de trabalho e uma redução de inflação, em especial a inflação e supermercados", lembrou Isabella.
Por outro lado, houve perdas em novembro em Combustíveis e lubrificantes (1,8%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,8%). O setor de Tecidos, vestuários e calçados permaneceu estável (0,0%) em relação a outubro.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume das vendas cresceu 2,5% em relação a outubro. O setor de Veículos, motos, partes e peças subiu 1,5% em novembro, enquanto Material de construção aumentou 2,3%.
Ajuste sazonal
O ajuste sazonal da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) já capta e ameniza os efeitos da campanha Black Friday sobre o volume vendido pelo varejo em novembro, garantiu Isabella Nunes.
Houve contribuição do evento publicitário, especialmente nas vendas do comércio eletrônico, reconheceu Isabella.
"Essa promoção está se consolidando nos últimos 3 ou 4 anos. Para entrar na série, o ideal é que tenha uma série de cinco anos. Ao longo dos últimos anos, o mês de outubro está se distanciando mais em novembro. Mas a Black Friday já é captada pelo ajuste. O setor de móveis e eletrodomésticos teve aumento de 6,1% nas vendas. Se você não ajustasse, essa taxa seria 26,1%. Algum ajuste óbvio que houve", explicou a pesquisadora.
Segundo Isabella, a conjuntura mais recomposta do mercado de trabalho e a melhor oferta de crédito também explicam a retomada das vendas no varejo. Mas uma recuperação mais contundente ainda depende de uma redução da taxa de desemprego, que permanece no patamar de 12%, ressaltou a gerente da pesquisa.
IMAGEM: Wladimir Miranda/Diário do Comércio